Indie morno

Em São Paulo, Belle & Sebastian até agradou, mas não o suficiente

Por Paulo Cavalcanti

Publicado em 11/11/2010, às 13h22
Stuart Murdoch, o frontman do Belle & Sebastian, se esforçou - mas som baixo e público basé não colaboraram - Fernando Banzi
Stuart Murdoch, o frontman do Belle & Sebastian, se esforçou - mas som baixo e público basé não colaboraram - Fernando Banzi

Em sua segunda passagem pelo Brasil, o grupo escocês Belle & Sebastian procurou fazer tudo direitinho. Em show realizado na quarta, 10, na Via Funchal, em São Paulo, os integrantes foram pontuais, tocaram suas músicas mais conhecidas e apresentaram algumas do disco Belle and Sebastian Write About Love, lançado no mês passado. Mostraram simpatia, procuraram interagir com a plateia e até aumentaram o bis. Mas faltou algo para tornar a noite memorável.

A dispersão foi inevitável. Talvez fosse a notória falta de carisma da banda, ou a falta da musa Isobel Campbell, que saiu do grupo em 2002 para seguir carreira solo. Ou ainda o ar blasé do público que compareceu em bom número, mas não lotou a casa. Mas o grande vilão da noite foi o sistema de som. Tudo estava baixo e embolado. Era simplesmente impossível ouvir as cordas e os instrumentos de sopro tocados eventualmente pelo baixista e trompetista Mick Cooke.

Stuart Murdoch (vocais, guitarra e teclados), Stevie Jackson (vocais e guitarra), Sarah Martin (violino e vocais), Chris Geddes (teclados), Richard Colburn (bateria), Bobby Kildea (guitarra e baixo), Mick e um quinteto de cordas subiram ao palco pouco depois das 22h. O grupo entrou com "I Didn't See it Coming", de ...Write About Love. "I'm a Cockoo" veio a seguir e animou um pouco. A primeira sequência do show também teve "Step Into My Office, Baby", "Another Sunny Day", "I'm Not Living in the Real World", "Piazza, New York Catcher", "I Want the World to Stop", "Lord Anthony" e "Sukie in the Graveyard".

O frontman Murdoch se esforçou tentando falar português, dançando desajeitadamente e agitando junto ao público que estava na pista VIP. Só faltou mesmo a bandeira do Brasil. No entanto, aos poucos o evento foi ficando tedioso, enquanto o falatório na pista se sobrepunha ao que rolava em cima do palco - e quando surgiam algumas do disco novo, o desânimo era geral. Tudo melhorou um pouco já quase no final, quando a trupe de Murdoch executou "There's Too Much Love" e "The Boy With the Arab Strap". Foi o momento "vergonha alheia": a banda convidou meia dúzia de fãs para dançar no palco - os dançarinos indie toscos e desajeitados até ganharam medalhas por seus esforços.

A apresentação seguiu em um ritmo um pouco melhor com "If You Find Yourself Caught in Love", "Simple Thing" e "Sleep the Clock Around". O grupo saiu do palco e não demorou para voltar para o bis, que teve "Jonathan David", "Get Me Away From Here I'm Dying", "Judy and the Dream of Horses" e "Me and the Major", as mais conhecidas do grupo e que foram cantadas pelo público com algum entusiasmo. Mas quando o show acabou, por volta de meia-noite, tudo já estava devidamente esquecido.

Na próxima sexta-feira, 12, o Belle & Sebastian toca no Circo Voador, no Rio de Janeiro.