“Temos um monte de coisas que ninguém nunca ouviu”, Corgan diz à Rolling Stone EUA
Na semana passada, o Smashing Pumpkins anunciou que lançará versões remasterizadas de seus álbuns ao longo dos próximos três anos (leia aqui), começando neste outono [do hemisfério norte] com Gish (1991), Siamese Dream (1993) e a compilação Pisces Iscariot (1994). Eles também começaram a trabalhar em um outro álbum novo, Oceania, que será lançado neste outono [do hemisfério norte]. A banda está, simultaneamente, trabalhando ainda em um outro álbum, Teargarden by Kaleidyscope, que começaram no fim de 2009,
O cantor/guitarrista Billy Corgan contou à Rolling Stone EUA tudo sobre esses relançamentos vindouros, Oceania e falou sobre a possibilidade de o line-up original do Pumpkins se reunir algum dia.
Que tipo de material bônus estará nos relançamentos?
A EMI gostaria de um disco de material bônus. Eu acho que terá que ser um equilíbrio entre alguns dos melhores lados b com os quais quem comprou Gish naquela época não esteja familiarizado. Eu quero que seja um documento a respeito dos materiais que cercaram os discos, então, se você for um fã do disco, você meio que acaba ganhando mais dele. Mas quero ser bastante seletivo e não simplesmente lançar qualquer coisa. Gostaria que fosse quase como uma boa mixtape - se você for um fã de Gish, então o disco bônus de Gish teria umas coisas muito legais para se ouvir que são daquele período.
Alguns dos períodos têm mais material inédito a partir do qual se escolher do que outros?
Para o primeiro álbum, tem algo em torno de 30 demos que datam de antes do álbum começar a ser feito. Muito disso precisa ser remixado e tem muitas boas versões do material e coisas nunca ouvidas. O segundo álbum, nem tanto. Então, provavelmente, terei que cavar mais por demos.
Terão músicas nunca antes ouvidas?
Eu li alguns fóruns para ver o que os fãs estão dizendo e eles acham que ouviram tudo, mas não ouviram. Temos muita coisa que ninguém nunca ouviu.
Eu sempre achei que você é um guitarrista subestimado, especialmente nos primeiros álbuns do Pumpkins e em músicas como "Starla".
Meu pai era guitarrista e eu fui criado com um padrão muito alto de o que era tocar guitarra bem. Acontecia de eu estar ensaiando na sala e ele parar e balançar a cabeça, como quem diz "isso não vai dar certo". Então, quando entrei para a música indie, eu já estava tocando solos de heavy metal/Yngwie Malmsteen. Quando eu comecei a tocar para plateias alternativas, eles ficavam, tipo, "qual é a dos solos?". Era provavelmente porque eu tinha saído de um passado de treino no metal e com o olhar muito torto do meu pai a respeito das minhas habilidades. Não era realmente influenciado pela visão que os alternativos têm da guitarra, que era "não tente muito". Sempre achei que o Kurt Cobain era a incorporação perfeita do ótimo guitarrista alternativo. Ele era um excelente guitarrista, mas quando chegava no solo, tocava aquele solo "eu não sei tocar de verdade" - mesmo que ele super soubesse tocar.
O que os fãs podem esperar de Oceania?
Meus amigos disseram que [o disco] os lembra daquilo que eles sempre gostaram no Pumpkins, mas também soa novo. Tem uma familiaridade que é difícil de definir, mas ao mesmo tempo não soa "ah, é a mesma coisa".
Tem algum músico com quem ainda não tenha tocado e com quem gostaria de tocar?
Ritchie Blackmore seria um sonho. Teria medo de chegar nele, mas continuo esperando por aquele momento certo em que vou pensar: "Posso ligar para Ritchie Blackmore e pedir para ele participar disso?". Conforme fui ficando mais velho, Ritchie Blackmore continua crescendo no meu conceito como guitarrista. Eu o elevo ao nível de Hendrix neste momento da minha vida. Adoro Robin Trower também. Sempre falei com Tony Iommi de que talvez fosse a coisa certa [tocarmos juntos]. Tony é simplesmente meu "definitivo" - não "copiei" ninguém mais do que o fiz com Tony.
Você consideraria trabalhar com o produtor de Gish/Siamese Dream, Butch Vig, novamente?
Sim! Eu adoro Butch e temos uma ótima relação. Adoraria. Ele é, provavelmente, uma das únicas pessoas com quem retornaria para o estúdio [risos]. Butch é uma pessoa adorável com quem se trabalhar. É baterista, o que sempre lhe deu uma boa vantagem como produtor, porque ele pensava bem na bateria. A maior parte dos grandes discos, na verdade, começam com a bateria.
O line-up original do Pumpkins poderia se reunir algum dia?
Não. Isso é uma daquelas coisas que nunca vão acontecer. Se você não vê alguém por um tempo, tem aquela coisa antiga de "a ausência faz o coração gostar mais". Bom, tivemos essa ausência. As coisas que aconteceram entre a gente nesse ínterim não foram boas. Foram processos e muita coisa idiota. Só piorou. Se já era ruim antes, está muito ruim agora. Jimmy [Chamberlin] e eu não somos inimigos - ele só está lá fazendo o que quer fazer, como deveria. Não é como se tivesse tanta mágoa entre eu e Jimmy que a gente nunca pisaria juntos em um palco de novo. Mas eu não posso, de nenhuma maneira, jeito ou forma, nem imaginar estar no mesmo palco, tocando novamente, com James [Iha] e D'arcy [Wretzky]. Eu simplesmente não vejo nenhuma situação em que isso seria possível.
Poderia esclarecer isso de uma vez por todas - a baixista atual do Pumpkins, Nicole Fiorentino, era uma das crianças na capa de Siamese Dream?
[Risos] Não posso divulgar essa informação...