Bolsonaro segue caminhos parecidos com os de Donald Trump e tenta desestabilizar as instituições do próprio país
Jair Bolsonaro foi considerado responsável por criar medo sobre a democracia brasileira, segundo o jornal britânico Financial Times. O veículo financeiro analisou o comportamento do presidente brasileiro diante de conflitos com a população e instituições governamentais para alertar sobre o risco que o político traz para o país.
Segundo o jornal, os planos de Bolsonarofalharam. A intenção de voto caiu, as reformas econômicas propostas já foram esquecidas pela população e as estratégias para lidar com a pandemia do coronavírus são frequentemente questionadas.
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Em resposta, o presidente intensificou as tentativas de “minar” as instituições do próprio país. O veículo cita uma fala do ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello em que aponta como Bolsonaro estimula uma crise interna entre os três poderes ao “participar de uma manifestação na qual manifestantes pedem que o Congresso e a Suprema Corte sejam fechados e substituídos pelo regime militar”.
"No Brasil, contudo, há uma possibilidade mais preocupante: que Bolsonaro, cada vez mais apavorado, esteja desiludido com o processo democrático pelo qual assumiu o cargo e queira minar as instituições que sustentam o País", escreveu o jornal.
O alvo do presidente são a instituições criadas após o fim da ditadura militar, como a Constituição de 1988, STF e o Congresso. Além disso a imprensa, constantemente atacada por Bolsonaro, também conquistou maior independência para fazer críticas ao governo e apontar falhas.
O Financial Times ainda comparou o presidente brasileiro com o líder norte-americano. O “Trump Tropical” reproduz comportamentos nacionalistas, declara apoio ao porte de armas e desenvolve uma comunicação com os apoiadores por meio das redes sociais.
Apesar de considerar um novo golpe militar improvável, o jornal britânico conclui que é preciso observar “os riscos para a maior democracia da América Latina”.
"Até o momento, as instituições brasileiras resistiram ao ataque, com forte apoio público. É improvável que o Exército apoie um golpe militar para instalar Bolsonaro como um autocrata [...] Mas outros países devem observar: os riscos para a maior democracia da América Latina são reais e estão crescendo.”
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