Cantor se alia a grandes corporações para continuar sua causa humanitária; "Peço que as pessoas coloquem as mãos nos bolsos de companhias como a Apple", defende-se
Volta e meia Bono é criticado por unir o patrulhamento em causas humanitárias ao papel de porta-voz de grandes corporações. Nesta semana, o líder do U2 se defendeu da acusação ao lançar uma campanha, com apoio das gigantes Nike e Apple, de incentivo à compra de roupas e eletrônicos em prol de um projeto filantrópico na África.
O tabloide britânico Daily Mail quis saber se o músico irlandês esperava recepção simpática do público a uma empreitada armada por alguém tão abastado. Recebeu como resposta um "sou um rockstar rico, então atirem em mim".
"Você ainda pode contribuir, ainda que não seja tão afortunado como eu", argumentou Bono. "Fui abençoado e supercompensado pelo que faço. Estou tentando dar meu tempo e recursos, mas, você sabe, sou um rockstar rico, atirem em mim."
A campanha na África, batizada "Lace Up Save Lives", é uma iniciativa da (RED), marca cofundada por Bono para sanar as mazelas de países periféricos, em parceria com a Nike. GAP, Apple e Dell estão entre outros colaboradores, todos com o compromisso de doar parte do lucro obtido em certos produtos para o projeto.
A ideia de Bono é esta: para que as pessoas precisam tirar do próprio bolso se podem recorrer aos generosos cofres de grandes corporações? "Estou pedindo que elas coloquem as mãos nos bolsos de companhias como a Apple, mas não estou certo de que as pessoas entendem isso."
Ele reconheceu que seu engajamento pode às vezes parecer hiperbólico, mas garante ter o apoio dos integrantes do U2. "Estou tendo uma vida ótima e, mesmo eu podendo ser um saco sobre essas coisas, a banda se sente assim também, fortemente."
Há alguns meses, instituições de caridade como a Oxfam e a Trócaire, de acordo com o jornal Irish Times, atacaram o U2 por mover seus negócios para a Holanda, onde os royalties ficam praticamente isentos de impostos - o que não acontecia no país natal. O movimento ocorreu em 2006, quando o governo irlandês pôs o teto de €250 mil para artistas que quisessem se livrar de impostos. A atitude levou autoridades a cortar auxílio humanitário para alguns países.
Em 2007, ano relativamente calmo, sem grandes turnês e novo material, a banda calculou despesas em €21 milhões com salários.
Bono disse não se incomodar com as críticas, "desde que aqueles que as fazem estejam fazendo sua parte".