Bring Me The Horizon volta ao Brasil com novo disco "diferentão" e sede por caipirinhas

Atração do Lollapalooza Brasil, Bring Me The Horizon defende mudança sonora em novo álbum que chegou ao topo no Reino Unido e explica relação com o Brasil

Itaici Brunetti

Publicado em 25/03/2019, às 14h47
Banda Bring Me The Horizon (Foto: Divulgação)
Banda Bring Me The Horizon (Foto: Divulgação)

Foram duas tentativas de entrevistas com o Bring Me The Horizon na mesma semana. Ambas canceladas de última hora pela própria banda. Na terceira vez, o baterista Matt Nicholls atendeu ao telefone. “Ei, cara, que bom que conseguimos nos falar. Agora deu certo”, diz o músico de voz fina e sotaque inglês à Rolling Stone Brasil.

Intercalando picos de empolgação com a conhecida frieza britânica durante a conversa, como se estivesse em uma montanha-russa de emoções, Matt comentou sobre o polêmico novo álbum, amo, e adiantou como serão as apresentações que a banda fará no Brasil: a primeira acontece em 3 de abril na Audio, em São Paulo, dentro das Lolla Parties (como são chamados os shows solo dos artistas escalados para o festival Lollapalooza) e dias depois no no próprio  Lollapaloza Brasil, realizado de 5 a 7 no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

“Estamos muito empolgados em levar o nosso novo show para a América do Sul. As músicas de amo estão se encaixando perfeitamente com as antigas”, fala Matt antes de - assim como praticamente todo artista internacional costuma fazer, e com razão – tecer elogios ao nosso país:

“Voltar ao Brasil é a melhor parte da turnê. Talvez, a mais excitante. Ficamos contando nos dedos para chegar logo. Tenho certeza que serão shows ótimos”. O Bring Me The Horizon já esteve no País em duas turnês anteriores, em 2011 e 2016. 

Descer até o Brasil não é somente sinônimo de trabalho para os integrantes do BMTH. A diversão está inclusa no pacote. “Não vejo a hora de ir à praia e beber algumas caipirinhas”, afirma o baterista que, além de se apresentar do Lollapalooza, pretende circular pelo festival para “sacar” os novos talentos, principalmente dos brasileiros.

“Não sei exatamente quem estará tocando, quem está no line up, mas eu gostaria de checar alguns shows de bandas locais. É sempre bom conhecer artistas da cultura de onde você está”, ele conta. 

Renovação de fãs

Em janeiro de 2019, o Bring Me The Horizon lançou o tão aguardado novo álbum, amo (escrito em português mesmo) e pegou os fãs de surpresa, rendendo críticas tanto negativas quanto favoráveis por causa da leve sonoridade apresentada.

A gritaria peso-pesado de início de carreira, fase em que o grupo era um dos representantes do deathcore e metalcore, foi aliviada até o momento atual, no qual flertam com a música pop, hip hop e a eletrônica, algo escancarado no trabalho atual.

“Essa mudança não foi uma coisa intencional, sabe? Não sentamos todos em uma mesa na sala do estúdio e falamos: ‘Ok, agora vamos fazer um álbum diferente’. Foi uma evolução natural do que vínhamos fazendo. É um reflexo de nossas influências. Do que ouvimos”, explica Matt, já esperando pela pergunta sobre o álbum “diferente”.

O resultado desagradou os fãs mais antigos. Porém, deu à banda uma legião imensa de novos adoradores, principalmente entre os mais jovens. “É certo dizer que implementamos novos elementos em nosso som. Dessa vez, trabalhamos mais com as melodias, usamos batidas eletrônicas, sintetizadores e efeitos. Essa evolução tem a ver com o caminho que estávamos seguido. Quem nos acompanha já esperava por isso”, diz o baterista.

A fórmula parece ter dado certo, já que pela primeira vez na carreira, o grupo viu seu álbum lidarar as paradas de discos britânica. 

Sobre a repercussão do trabalho, ele se esquiva: “Não estou muito por dentro disso, não fico procurando saber. Ao que me parece, as primeiras impressões foram ótimas. As pessoas também estão o entendendo melhor com o tempo”.

Não satisfeito com a resposta, continua: ”Sabe, não fazemos um álbum preocupados com o que as pessoas vão pensar. Não é a nossa razão. Mas é ótimo quando conseguimos agradar aos fãs sem deixarmos de ser nós mesmos”.

A faixa “Nihilist Blues” é um bom exemplo. É de longe a mais ousada que o grupo já fez, onde o gênero eletrônico predomina e traz participação da jovem cantora pop experimental Grimes. “Não chegamos a conhecê-la pessoalmente. Tudo foi feito por de e-mails”, revela Matt sobre a parceria realizada à distância.

“A Grimes falou em uma entrevista que era fã da banda e imediatamente a consideramos a participação ideal para o novo álbum. O resultado ficou incrível. Ela captou bem a ‘vibe’ da música”, celebra o baterista que considera a canção umas das mais importantes do disco: “Representa mudança”.

Ligação com o Brasil

Segundo Matt, o título do álbum tem um “culpado”: o vocalista Oliver Sykes. O cantor, que recentemente se recuperou de um problema de saúde – sua corda vocal direita foi rompida e precisou repousar imediatamente -, é casado com a modelo brasileira Alissa Salls. A convivência com a nossa língua, cultura e estilo de vida influenciou diretamente no trabalho.

“A ideia foi do Oliver mesmo. Nós não falamos nada de português e em certo dia estávamos no estúdio, trabalhando nas músicas, quando ele entrou pela porta e nos apresentou a palavra ‘amo’. Também nos explicou o que significava. Soou muito bem e resolvemos ficar com ela”, conta o músico, e brinca antes de desligar o telefone: “É o nosso amor pelo Brasil”.

Além do Bring Me The Horizon, o Lollapalooza Brasil terá shows de Arctic Monkeys, Kings of Leon, Kendrick Lamar, Twenty One Pilots, Tribalistas e muito mais. Os ingressos podem ser adquiridos aqui