“Esse negócio de metal e demônio não tem nada a ver, é muito anos 1980”, diz ele
Detonator, o vocalista da banda satírica de heavy metal Massacration, surgida dentro do programa Hermes e Renato na antiga MTV, já faz parte do folclore do pop brasileiro. Mas o cantor e humorista Bruno Sutter quer mostrar que o trabalho dele vai bem além do personagem que criou. Por meio de crowdfunding, ele conseguiu gravar o primeiro trabalho solo. Bruno Sutter foi liberado, a princípio, apenas em plataformas digitais, mas agora chega ao formato físico de forma independente.
Além de divulgar o trabalho, o artista tem como missão provar que o Detonator e o Bruno são entidades completamente diferentes. “Esse era um projeto que eu planejava há muito tempo”, conta. “As melodias e partes instrumentais eu já tinha. Depois, elaborei as letras.” O som do CD é puro heavy metal, mas Sutter foge dos estereótipos temáticos do estilo. “Esse negócio de metal e demônio não tem nada a ver, é muito anos 1980”, diz. “O capeta não vai te matar.”
Ele fala que as letras têm a ver com os problemas e temores que as pessoas enfrentam na vida real. E cita “Stalker”, relacionando-a com o recente caso pelo qual passou Ana Hickmann (em meados de maio, em um episódio trágico, a apresentadora teve o quarto de hotel invadido por um fã que portava uma arma de fogo. O episódio terminou com a irmã de Ana baleada e o fã morto).
Para o disco, Sutter retrabalhou a voz e é notável que os exageros e os gritos de Detonator estão ausentes. “Posso usar minha voz ‘normal’. Eu não uso falsete e ‘canto com o peito’.” Apesar da seriedade encontrada em faixas como “Troll”, “Hipócrita” e “Hater”, Sutter encerra o trabalho de forma mais descontraída, com uma versão pesada de “Galopeira” (sucesso do cantor Donizeti). “Esse é um clássico do cancioneiro sertanejo que sempre imaginei Bruce Dickinson, do Iron Maiden, cantando. Fiz algo assim.”