Acampantes reclamam da distância do local, do despreparo dos seguranças e da falta de estrutura para temperaturas extremas
Um dos assuntos mais comentados durante o SWU de 2010, realizado em Itu, não teve relação exatamente com música, mas sim com o camping oferecido ao público, que apresentou diversos problemas. A principal reclamação era em relação aos banhos e o uso do banheiro: as filas eram longas e a estrutura de higiene não estava pronta para receber tanta gente. Este ano, esses problemas foram sanados, mas outros fazem parte da lista de reclamações dos acampantes que estão curtindo o SWU 2011, em Paulínia, interior de São Paulo.
“As filas são bem curtas e os banheiros são relativamente limpos. Os chuveiros funcionam melhor que no ano passado. A única coisa chata é chegar dos shows de madrugada e não poder tomar banho, pois o horário limite é 21h”, diz Guilherme Alves, que esteve do camping do ano passado, em Itu, e diz que está bem mais satisfeito este ano. “Acho que a grande melhoria é porque ano passado muita coisa era coordenada pela própria Arena Maeda, este ano a organização de estadia ficou por conta do próprio festival. Aí, por exemplo, os preços não são mais abusivos. Pelo contrário, a praça de alimentação aqui dentro tem as mesmas coisas que lá fora, mas custando menos”.
Os acampantes contam com postos de saúde 24 horas e uma loja de conveniência na qual, segundo o atendente Simão, os itens mais vendidos são pasta de dente, repelente e sabonete. No local para dez mil pessoas, onde há claramente bastante espaço vago, há ainda uma “celularia”, onde podem recarregar a bateria dos celulares, praça de alimentação (um dos poucos locais cobertos), chuveiros e banheiros, este ano com pias, localizados na entrada do camping, longe das barracas.
Aliás, distância é um dos grandes problemas para a maior parte dos acampantes. O estudante Maurílio Amaral, de Jabuticabal, acampou no ano passado e achou a experiência de 2010 melhor porque, este ano, sofreu com a distância entre o estacionamento e o camping e entre o camping e a área onde acontece o festival. “Ano passado, o camping ficava entre as duas coisas, estava perto de tudo. Desta vez, fizemos três viagens com as coisas nas costas, andamos um monte, e mesmo não tendo ninguém, fizeram a gente dar toda a volta na estrutura de contenção das filas.”
Em termos de estrutura física do espaço, a grande reclamação é em relação à falta de sombra. O calor que fez em Paulínia nos dois primeiros dias foi cruel com os ocupantes das barracas, que não tinham para onde fugir. Quando o sol se escondeu e deu vez à chuva, a situação piorou. Nesta segunda, 14, o espaço estava coberto de lama e as pessoas tinham dificuldade para andar por ele. “À noite é pior, porque a iluminação é ruim e a gente fica com medo de escorregar ou pisar em buraco”, conta o estudante Anderson Paz, que estava acampando pela primeira vez. Teve gente indo embora antes da hora depois de ter suas coisas arruinadas pela chuva que invadiu a barraca, conta o estudante Marcello Lavenere, que argumenta “eles poderiam ter colocado grama sintética e fazer um terreno mais regular”.
Nina Brum, consultora de vendas de Ribeirão Preto que veio com os amigos, foi uma das pessoas que reclamou da truculência e despreparo dos seguranças do local. “Um deles me disse ‘que pena que não posso bater em mulher’”. A questão do despreparo parece generalizada tanto com monitores, tanto com seguranças, que não sabem dar informações corretas aos frequentadores do festival. Guilherme Alves também contou que na segunda noite no camping, seguranças cercaram uma barraca porque os ocupantes estavam usando uma faca para fazer sanduíches e houve um princípio de confusão. “O legal foi que quando juntaram os seguranças, um monte de gente saiu das barracas para ir lá ajudar os caras” contou, mencionando o clima de solidariedade.
Este, aliás, é o motivo principal que as pessoas alegam para se animarem para dispensar o conforto e encarar a aventura do acampamento. Violões foram bem-vindos e, segundo Guilherme, na noite anterior, um monte de gente fez amizade e comandou uma festinha na celularia. “Mas nada que atrapalhasse quem chegou exausto dos shows de dormir”.
A reportagem entrou em contato com a empresa de segurança, mas esta só poderia conversar com a imprensa por meio de sua assessoria de imprensa, que não estava presente nesta segunda, 14. Vilela, coordenador do camping, também não pôde ser localizado para dar entrevista.
O espaço de camping foi colocado à disposição apenas de quem comprou ingresso para os três dias do SWU. Os preços de locação de cada lote variaram entre R$ 420 e R$ 600.