Fortunas, palácios, festas e o nada: a Roma de La Grande Bellezza é forte candidata a prêmios
Misture pitadas de Woody Allen a um mesmo molho com Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni e Federico Fellini, sem homenagens taxadas ou levianas. Roma é linda e grita por hedonismo, embelezando os dias na vida do elegante jornalista Jep Gambardella (Toni Servillo, de A Bela que Dorme, forte indicado à Palma de Ouro de Melhor Ator) em La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino.
Em busca de uma juventude perdida, nas palavras dele mesmo, o personagem prefere passar seus dias no dolce far niente a fazer algo de realmente produtivo, como escrever seu segundo livro. O trabalho no jornal é facilitado pela editora gente boa e anã que lhe serve risotos e minestrone nas reuniões de pauta e lhe envia para entrevistar artistas performáticas.
Grandes festas da turma de meia-idade de Jep são povoadas por tipos estranhos, ricos, ególatras, em busca de algo que ninguém define, mas talvez seja apenas carinho, compreensão e um verdadeiro amor. Jep conhece todo mundo e se prende a esse círculo, convivendo com as mesmas pessoas a quem critica.
Quando Jeb recebe a noticia de que o amor da vida dele morreu e ao descobrir que ela sempre o amou de volta, o protagonista finalmente sai em busca de algum sentido. Procura nas paredes e cenários romanos, sempre com memórias que o fazem, talvez, querer seguir em frente.
Há momentos de extrema beleza plástica, silêncios bem empregados, tomadas vertiginosas, metáforas com flamingos e exorcismos, sarcasmos e acidez direcionados à religião, sociedade, amizade e ao prazer de estar vivo. Sem dúvida, um dos melhores filmes de Paolo Sorrentino e um dos grandes momentos de Cannes em 2013.