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Carnaval apela para nostalgia brasileira, mas não desenvolve nada com profundidade [REVIEW]

Embora apresente uma história acerca da data mais amada do Brasil, o Carnaval, novo filme original Netflix é completamente superficial e com diálogos rasos

Isabela Guiduci Publicado em 05/06/2021, às 10h00

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Giovana Cordeiro em Carnaval, novo filme original Netflix (Foto: Reprodução/Divulgação/Netflix)
Giovana Cordeiro em Carnaval, novo filme original Netflix (Foto: Reprodução/Divulgação/Netflix)

Saudade daquilo que a gente não viveu por conta da pandemia, né? O amado Carnaval brasileiro, sempre muito bem comemorado, não aconteceu em 2021 devido à Covid-19 - e a nostalgia e saudade do clima carnavalesco e dos bloquinhos podem ser provocadas pelo novo filme nacional original Netflix.

Uma das datas mais queridas pelos brasileiros, a grandiosa festa é tema da nova produção nacional do streaming, Carnaval. Com muito brilho, música boa, trio elétrico e celebração, o longa-metragem, ambientado em Salvador, apela para identificação e nostalgia, mas faz um trabalho fraco ao não desenvolver profundamente nenhuma pauta, personagem ou narrativa. 

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Dirigida por Leandro Neri, a comédia romântica até apresenta um tom cômico leve e divertido, e propõe momentos sensíveis sobre amizade, relacionamentos e futuro. No entanto, nada consegue ser convincente devido à falta de desdobramentos - alguns personagens, inclusive, estão aparentemente desconectados com a narrativa e são mal apresentados. 

Em Carnaval, a história começa com Nina (Giovana Cordeiro), uma influencer de 23 anos que recebe uma proposta para passar o carnaval em Salvador após descobrir uma traição do namorado em um vídeo vazado nas redes sociais.

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Para aceitar a oferta, pede para levar três acompanhantes - e consegue que o pedido seja atendido. Embarcam na aventura com a protagonista: Mayra (Bruna Inocencio), Vivi (Samya Pascotto) e Michelle (Gessica Kayane).

Quem patrocina essa viagem é a equipe da sensação musical Freddy Nunes (Micael). Com uma ótima vantagem em mãos, Nina terá uma grande chance para desenvolver a carreira enquanto influenciadora e conhecer outras celebridades das redes sociais. Hospedada em um resort com tudo incluso, a personagem vai em busca de novas oportunidades para a profissão - e assim aproveitar o carnaval. 

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Empenhada em conquistar um engajamento maior, Nina fará o possível para ultrapassar a marca de um milhão de seguidores no Instagram. Para isso, busca avidamente uma maneira para se aproximar do grande artista do momento, Freddy Nunes, e da aparentemente antagonista Luana (Flavia Pavanelli). Contudo, encontra algumas dificuldades em meio à festa carnavalesca.

Na tentativa de engatar romances na narrativa, o filme apresenta dois personagens - totalmente descontextualizados -, os guias turísticos: Salvador (Jean Pedro) e Samir (Rafael Medrado). Apesar de figuras aparentemente cativantes, a relação da dupla com o restante da história não é bem construída e, em geral, é quase como um 'respiro romântico'. 

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Embora apresente uma história desenrolada em uma das datas mais amadas do Brasil, Carnavalé completamente superficial e prejudicado pelos diálogos rasos. Além de reforçar estereótipos desgastadamente clichês, os arcos narrativos das protagonistas são fraquíssimos, mesmo com potencial para serem explorados. 

As dificuldades encontradas pelas quatro personagens são insatisfatórias e não oferecem emoção suficiente para envolver o espectador. Ainda, as amigas Mayra, Michelle e Vivi funcionam como um exagerado e forçado alívio cômico para a narrativa dramática e tediosa da influencer em busca dos seguidores.

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Até nos momentos mais sensíveis, as personagens parecem manter uma postura patética e, em algumas cenas, soam estranhamente infantis. O comportamento juvenil é reforçado pelos diálogos sem aprofundamento ou continuidade, e agravado pela falta de conexão entre as várias histórias.

Um desperdício de uma boa história em Carnavalé a falta de reconhecimento da protagonista em relação à obsessão pelos seguidores e Instagram. Ao invés de gerar um profundo e complexo debate sobre o tema, Nina nem sequer é responsabilizada pela fixação com os números. Consequentemente, os desdobramentos do universo das redes sociais são igualmente vazios.  

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Carnavaltambém tenta abordar questões importantes como representatividade LGBTQIA+ e dificuldade de autoaceitação. Entretanto, erra novamente por fazer de maneira superficial. Com isso, a narrativa fica jogada no contexto geral. As resoluções são, infelizmente, falhas e insuficientes.

O principal entretenimento do filme é a energia vibrante -reflexo do carnaval. As cores, as composições de figurino, a fotografia harmoniosa e os cenários matizados conseguem, no mínimo, despertar nostalgia e sentimentos acerca das emoções experimentadas em blocos e festas que acontecem na amada data, poderosamente celebrada no Brasil.  

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Um dos acertos do longa-metragem é combinar a estética visual às sonoridades tradicionalmente carnavalescas do Brasil - com samba, marchinha, afoxé, axé, etc., que compõem uma ótima trilha sonora. Devido à presença do personagem Freddy Nunes, o universo musical do filme, com direito a trio elétrico, é agradável. 

"Intimidade no Chão", por exemplo, é uma canção exclusiva do filme, interpretada pelo cantor e ator Micael, responsável por viver Freddy Nunes. Além de refletir o clima delicioso do carnaval, a música é envolvente e, certamente, uma das encarregadas em despertar as sensações de nostalgia no público.

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Com essa combinação estética e de trilha sonora, Carnavalconsegue se tornar levemente mais divertido. São esses acertos que tentam diminuir o desgaste de um drama superficial e não desenvolvido, e das personagens pouco interessantes. Vale lembrar, porém, sobre como a trama seria poderosa caso mais aprofundada. 

Apesar do notável elenco e de uma premissa que poderia ser proveitosa, o novo filme nacional original Netflix, Carnavalcomete mais erros que acertos. A comédia romântica pouco atrativa não atende às expectativas e o resultado é frustrante. O longa foi lançado na quarta, 2 de junho, e já está disponível no catálogo do serviço de streaming. 

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