‘Casa de Dinamite’ faz ‘falsas suposições’ sobre a defesa nuclear dos EUA, diz Pentágono

Lançamento recente da Netflix, o filme Casa de Dinamite acompanha a investigação iniciada após radares estadunidenses detectarem um míssil nuclear que irá atingir Chicago. Com tempo contado para evitar o ataque, a história se passa em apenas 18 minutos.

O longa é composto por três capítulos que apresentam diferentes pontos de vista do ocorrido: a Sala de Situação da Casa Branca, o Comando Estratégico dos EUA (STRATCOM) e o Presidente dos Estados Unidos. O filme entrou no ranking de mais vistos na Netflix Brasil, e demonstra como as autoridades estadunidenses respondem à situação e o que fazem para determinar os autores.

Dirigido por Kathryn Bigelow, primeira mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção, Casa de Dinamite faz parte de uma “trilogia não oficial” sobre a complexidade das disputas político-militares contemporâneas, iniciada com Guerra ao Terror (2010) e seguida por A Hora Mais Escura (2012).

Entretanto, o retrato de Bigelow incomodou o Pentágono. As autoridades reais do Departamento de Defesa dos Estados Unidos reclamaram de não terem sido consultadas para avaliar a veracidade do que é mostrado na tela.

O Departamento distribuiu um memorando oficial afirmando que o filme faz “falsas suposições” sobre a defesa nuclear dos EUA. O documento nega a plausibilidade de um ponto da trama de Casa de Dinamite (via Bloomberg).

No filme, o Presidente dos Estados Unidos (interpretado por Idris Elba) e sua equipe trabalham freneticamente para impedir a destruição total. Em determinado momento, o secretário de Defesa, interpretado por Jared Harris, lamenta que as defesas antimísseis multibilionárias do governo tenham apenas 50% de chance de interceptação, apesar do custo de US$ 50 bilhões.

Segundo o Pentágono, a fala do personagem estaria baseada em protótipos antigos, pois a atual tecnologia de interceptação “apresenta uma taxa de precisão de 100 por cento em testes por mais de uma década”.

O memorando reconhece que “os interceptadores fictícios do filme erram o alvo e entendemos que isso tem a intenção de ser uma parte envolvente do drama, visando o entretenimento do público”, mas acrescenta que os testes contam “uma história muito diferente” do filme.

Em resposta, os cineastas insistem que o thriller é um retrato preciso da realidade. Em entrevista à MSNBC (via NME), o roteirista Noah Oppenheim disse que conversou com diversos especialistas registrados em defesa antimísseis para construir uma narrativa coerente. “Fizemos um monte de perguntas a eles. Como funciona? Quais são os processos? Quais são os procedimentos? Então, o que vocês veem na tela é, espero, um retrato bastante preciso da realidade que existe”, conclui.

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