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Cat Power "não quer que você leia este livro", diz biógrafa da artista

Cantora fez de tudo para dificultar a produção do livro A Good Woman, afirma a autora Elizabeth Goodman

Da redação Publicado em 12/06/2009, às 02h40

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<i>A Good Woman</i>: a biografia que Cat Power preferia manter inédita - Reprodução/ MySpace
<i>A Good Woman</i>: a biografia que Cat Power preferia manter inédita - Reprodução/ MySpace

"Chan Marshall não quer que você leia este livro." Marshall, para quem não sabe, também atende por Cat Power. E a censura da cantora foi delatada na primeira linha de A Good Woman, biografia escrita pela jornalista Elizabeth Goodman - e que Cat Power preferiria manter a salvo dos olhos do público, segundo a autora.

Em entrevista ao site de cultura Flavorwire, Goodman - que batizou o livro a partir da música homônima da artista, que se apresenta no Brasil mês que vem - defende a tese de que Cat Power sempre foi bastante seletiva para falar de seu passado. Pudera: a cantora e compositora é conhecida por sua personalidade retraída e por não ser exatamente a estrela mais bem comportada no palco - tanta instabilidade levou a revista New Yorker a atestar a dificuldade de "descrever um 'evento' da Cat Power como concerto".

Assim que soube do projeto de Goodman, a cantora de 37 anos ligou para todo mundo com uma súplica: não mencionar nada sobre seu passado. À época do lançamento de seu álbum mais recente de inéditas, o já antigo The Greatest (em 2008, dois anos depois, saiu o disco de covers Jukebox), ela relacionou o comportamento errático a problemas com álcool.

Ex-editora da recém-extinta revista Blender (que agora tem apenas versão online), Goodman explicou que sua intenção foi comemorar a evolução da biografada, começando pela infância pouco serena em Atlanta (EUA). Para isso, fez "uma boa pesquisa" até chegar a familiares e amigos, encontrados em sua maioria pela internet. Mas encontrou forte resistência do alvo de suas investigações. A respeito disso, viu um saldo irônico, porém positivo: "Me forçou a ser uma jornalista melhor".

Goodman teve de ir à caça de fontes secundárias justamente porque Marshall não se mostrava aberta a papo. "Ela não estava se fazendo disponível como fonte sobre grandes eventos que deveriam ter sido reconstituídos com sua narrativa." O jeito, portanto, foi cavar até encontrar quem estivesse disposto a falar sobre a investigada. Outra ironia, aponta a autora, foi que a falta de cooperação auxiliou para que o maior medo de Cat Power se concretizasse: um livro contado à sua revelia, sem que ela participasse na remontagem de capítulos definitivos de sua vida.

Desde o lançamento da biografia, em abril, a jornalista não ouviu uma palavra da cantora. Se Marshall leu ou não o livro? Goodman não sou responder. Mas disse que não ficaria surpreendida se a resposta fosse positiva. "E isso é o mais interessante a respeito dela, e um tema capital [em A Good Woman]. Chan é, ao mesmo tempo, uma exibicionista e tem uma personalidade patologicamente tímida. Sua porção exibicionista provavelmente quer ler. E a retraída garota do Sul que existe dentro dela - que só quer ser uma mamãe - provavelmente ficaria aterrorizada [com a obra]."