Em conversa com a Rolling Stone Brasil, os integrantes contaram como têm adaptado a rotina para se manterem criativos e sãos
Boa parte do mundo (infelizmente não podemos dizer que é 100% dele, afinal, dificilmente existirá uma situação na qual quase 8 bilhões de pessoas vão concordar) entendeu a importância do isolamento social como prática fundamental ao combate contra a pandemia do coronavírus.
Com o distanciamento, vem saudades, solidão e epifanias que nos obrigam a olhar para dentro de nós mesmos e buscar novas formas de lidar tanto com questões pré-existentes, quanto desafios completamente inéditos, em nossas posições de seres individuais e seres coletivos.
São nessas horas de desespero e aperto que a música entra como elemento essencial na vida de uma sociedade. E dessa forma, em busca de tentar aliviar o sentimento de sufoco, a Marrakesh lançou nesta quarta, 20, o clipe de "Anymore".
O vídeo chega, ao mesmo tempo, como uma calorosa homenagem e também lembrança esperançosa dos tempos em que podíamos nos abraçar, nos amontoar em lugares esfumaçados e mal iluminados para conversar com amigos, tomar cerveja e dançar.
Com direção de Gabriel Andreolli, direção de fotografia de Dani San e fotos analógicas de Nico Fernandes, o clipe, que documenta um saudoso rolê, celebra os tempos leves que hão de chegar mais cedo do que tarde, nos quais ao invés de estarem cobertos por uma máscara, sorrisos eram vistos como um convite à aproximação, e nos quais um abraço poderia, com toda uma naturalidade despreocupada, virar um beijo.
Assista abaixo a "Anymore" e, em seguida, leia o bate-papo que tivemos com a banda.
Cada um da própria casa, os integrantes conversaram com a Rolling Stone Brasil e contaram sobre a rotina que adotaram para a quarentena, e o que têm feito para conseguirem manter a sanidade mental e a criatividade.
Rolling Stone: O que vocês mais têm feito durante o isolamento social?
Lucas Cavallin: No meu tempo livre definitivamente oscilo entre jogar algo e ver anime. Escapismo vem ganhando terreno ultimamente.
Matheus Castella: Durante o isolamento, mantenho uma rotina de horários para acordar e dormir, fico dentro de casa na maior parte do tempo, cozinho algumas refeições com minha namorada que está em isolamento comigo e até fiz um curso online (sobre data science).
Mas o que me ocupa mais mesmo são atividades de social media para a Marrakesh, o que inclui me aprimorar em ferramentas essenciais de design e edição de imagem e vídeo, como o Photoshop, Premiere, After Effects e o Sparkle AR (para criação de filtros no Instagram).
Daniel Tupy: Tenho produzido mais. Estar sozinho me fez ter menos receio de experimentar, não tem tanto a nóia do olhar do outro. Também tenho cozinhado bastante.
Volobodo: Tenho visto muito anime. Crunchyroll [streaming de anime] tem sido meu melhor amigo.
Bruno Tubino: Tenho jogado bastante, produzido bastante e dormido pouco.
RS: Vocês chegaram a procurar e adotar alguma prática/ costume que não tinham antes, para se manterem criativos?
Lucas: Tenho tentado corrigir meus horários de sono e alimentação. Então dormir cedo tem sido a grande novidade até agora.
Matheus: Acho que o próprio constante aprimoramento das minhas habilidades nos programas que citei antes tem aberto possibilidades novas de criação para mim.
Daniel: Estou controlando mais a ansiedade quando um dia não é tão produtivo. Sempre me cobrei muito, mas agora tenho aceitado mais quando isso acontece.
Volobodo: Tenho tentado não pensar no produto final e sim no processo das coisas. Tem rendido muito mais.
Bruno: Para falar a verdade, eu já ficava bastante tempo em casa, e conseguia ter um fluxo de produção interessante, acho que mais perdi alguns costumes do que adicionei.
RS: Do que vocês mais sentem falta nesses tempos de distanciamento social?
Lucas: Definitivamente do convívio com amigos. Aconteceu muita coisa na minha vida pessoal ao mesmo tempo e ainda estou tentando processar tudo. Sinto falta de reclamar das coisas como há 6 meses.
Matheus: Sinto falta daquele clima de normalidade que existia antes. Da mera possibilidade de poder ir aonde quiser a hora que quiser.
Daniel: De poder ver meus amigos e família.
Volobodo: Com certeza dar rolezinho com os amigos.
Bruno: Fazer shows, ver pessoas e poder interagir pessoalmente com elas.
RS: Nesse período, surgiram ideias que podem virar material novo?
Lucas: Com certeza, mas não sei dizer quais foram ainda. As mudanças foram muito agressivas na vida de todo mundo, isso não tem como ficar só na superfície. Em algum ponto a gente vai ver os reflexos desse momento nos processos criativos.
Matheus: Confesso que de produção musical a única coisa que fiz até agora foi um esboço de funk carioca. Para a Marrakesh, nada ainda. Só se os meninos toparem dançar funk (risos).
Daniel: Tenho produzido bastante material meu na quarentena, e planejo lançar no próximo semestre. Na Marrakesh, sempre trocamos ideias e armamos algo diferente. Nesse momento temos uma dinâmica remota que está dando muito certo, muitas coisas legais têm surgido!
Volobodo: Resgatei algumas ideias musicais antigas e penso em lançar de alguma forma. A quarentena tem sido ótima para isso. Já na Marrakesh o trem nunca para (risos).
Bruno: Eu literalmente preciso de um HD novo. Já dá pra fazer uma coletânea de demos.
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