Cena com drag queens e cantor nu gerou diferentes interpretações; organização do evento pediu desculpas, mas negou relação com a obra de Leonardo da Vinci
Na França, atletas de todo o mundo estão envolvidos com as disputas nos Jogos Olímpicos. Mas para além da competição esportiva, outro assunto relacionado a Paris 2024 tem gerado polêmica nos últimos dias: a cerimônia de abertura, que aconteceu no último dia 26.
Em um dos momentos do evento, um grupo de pessoas – que incluiu drag queens, uma modelo transgênero e um cantor nu fantasiado como o deus grego do vinho, Dionísio – aparecem em volta de uma mesa no que seria uma paródia da Última Ceia, pintura de Leonardo da Vinci.
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A cena gerou reações críticas de lideranças políticas e religiosas ao de diversos países. E as celebridades não ficaram de fora da discussão (via US Magazine).
A atriz de Três é Demais, Candace Cameron Bure publicou um vídeo no Instagram com comentários negativos sobre a cena. “Assistir a um evento tão incrível que vai acontecer nas próximas duas semanas e ver a cerimônia de abertura blasfemando e zombando da fé cristã com sua interpretação da Última Ceia foi nojento”, disse. A cantora Rozonda “Chilli” Thomas elogiou a manifestação de Cameron Bure.
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Já o jogador de futebol americano Harrison Butker afirmou que a cena “é loucura” e postou um trecho de um versículo bíblico afirmando que Deus não deve ser difamado.
Mas outras celebridades encararam o momento de maneira diferente. A atriz e apresentadora do The ViewWhoopi Goldberg se posicionou contra as críticas. “Vamos lá, pessoal. São os Jogos Olímpicos. Parem”, disse a vencedora do Oscar. “Eles não estão tentando fazer nada além de falar sobre a História. Eles estão mostrando a História.” Goldberg ainda acrescentou que as pessoas são livres para mudar de canal ou desligar a TV se estiverem insatisfeitas com o que estão vendo.
A também apresentadora do The View Alyssa Farah Griffin concordou com Whoopi Goldberg. “Sinto muito, não há nada mais parisiense do que a cabeça de Maria Antonieta cortada, música metal tocando e drag queens”, disse ao relembrar todo o show.
BACKLASH OVER OLYMPICS OPENING CEREMONY SCENE: After organizers spoke out to say that what many thought was a take on da Vinci's painting of 'The Last Supper' featuring drag performers was really a take on a 17th century painting of Greek Olympian Gods, #TheView co-hosts react. pic.twitter.com/6O5ErWx3PF
— The View (@TheView) July 29, 2024
Já Jodie Sweetin, que também atuou em Três é Demais, publicou um post do ativista Matt Bernstein. Na publicação, ele afirmou que a cena não recriava a última ceia e completou:
“mesmo que vocês tenham pensado que foi uma referência cristã, qual é o problema? Por que é uma 'paródia' e não uma homenagem? As drag queens também não podem ser cristãs?”
Após a repercussão negativa, os organizadores da Olimpíada se pronunciaram. O diretor artístico da cerimônia de abertura, Thomas Jolly, negou em entrevista ao canal BFM-TV ter zombado da obra de da Vinci.
“É Dionísio na mesa. E por que ele está lá? Primeiro e principalmente porque ele é o deus da celebração na mitologia grega e a cena é chamada de 'Festividade'”, explicou Jolly.
“Ele também é o deus do vinho, que uma das joias da França, e o pai de Sequana, a deusa do rio Sena. A ideia era representar uma grande celebração pagã, ligada aos deuses do Olimpo e, portanto, às Olimpíadas”, justificou.
Já a porta-voz de Paris 2024, Anne Descamps, se desculpou pelo ocorrido. “Claramente nunca houve a intenção de desrespeitar qualquer grupo religioso”, afirmou.
“Nós realmente tentamos celebrar a tolerância comunitária. Olhando para o resultado das pesquisas que fizemos, acreditamos que esse objetivo foi atingido. Se as pessoas se sentiram ofendidas, claro, lamentamos muito.”