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Chris Cornell faz show morno

Mas, como ex-ídolo grunge, premia velhos fãs no final, em SP + Veja fotos do show

Por Pablo Miyazawa Publicado em 14/12/2007, às 18h46 - Atualizado em 17/12/2007, às 12h16

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O ex-grunge Chris Cornell, em São Paulo - Juliano Toledo
O ex-grunge Chris Cornell, em São Paulo - Juliano Toledo

O grande problema da apresentação de Chris Cornell em São Paulo, na noite da última quinta-feira, não foi sua atitude no palco, nem sua performance vocal, muito menos o repertório escolhido com esmero. A culpa, se é que dá para colocar dessa forma, é inteiramente dos músicos que o acompanhavam. Formada por dois guitarristas, baixista e baterista que jamais participaram de nenhum disco do vocalista, a banda de apoio tocava com tanto afinco (pose?) que conseguia chamar muito mais atenção do que a própria estrela que dava nome ao show. Como resultado, os 6 mil presentes foram presenteados com duas horas de caretas, palhetas voando para todo lado, solos enjoados e poses constrangedoras. Se Cornell tivesse cantado acompanhado apenas de um karaokê, é até possível que o resultado tivesse sido melhor. Vai saber.

Se sua banda parecia tocar em um estádio lotado, Cornell se comportava como em um ensaio: relaxado, quase tímido, com pouquíssimos arroubos de um rockstar que já viu e fez de tudo - exceto por sua voz, inspirada e virtuosa como sempre, e pela empolgação juvenil e autêntica. De camiseta, cabelos curtos despenteados, o ex-Soundgarden/Temple of the Dog/Audioslave de 43 anos parecia curtir aquelas velhas canções pela primeira vez na vida, tamanha a empolgação com que as tirava dos pulmões - sem fazer esforço, fique claro.

O repertório de 25 canções se equilibrou entre as muitas fases já traçadas por Cornell em sua carreira. Nos irregulares dois primeiros terços de show, a preferência se dividia pela fase Superunknown (1994) do Soundgarden, mais os irregulares hits do Audioslave e faixas do mais recente (e sofrível) Carry On - "Billie Jean", cover de Michael Jackson, ficou constrangedora também ao vivo. Foi só logo antes do bis que o panorama melhorou, com uma seqüência improvável que premiou velhos grunges já entediados: "Rusty Cage" (do clássico Badmotorfinger, do Soundgarden), "Seasons" (primeiro trabalho solo de Cornell, da trilha sonora do filme Singles: Vida de Solteiro), "Burden in My Hand" (do renegado Down on the Upside, também do Soundgarden), "Can't Change Me" (ótima faixa de abertura do solo Euphoria Morning) e "Slaves and Bulldozers" (outra de Badmotorfinger).

Em meio à zoeira sonora característica de todo fim de show, Cornell encontrou espaço para o medley esquizofrênico só com faixas baixo-astral de sua primeira banda ("Searching with my Good Eye Closed", "4th of July"), permeado pela cereja do bolo, "Whole Lotta Love" do Led Zeppelin. Terminar o show com um cover? Nada surpreendente, se levarmos em conta que havíamos acabado de assistir ao show de uma verdadeira banda cover de luxo. Antes de deixar o palco, consagrado e feliz da vida, o cantor "prometeu voltar muito em breve". Se vier mesmo, não esqueça de trazer junto aqueles três caras do Soundgarden, que tal?

Repertório:

"Let me Drown"

"Outshined"

"Show Me How to Live"

"You Know My Name"

"No Such Thing"

"Billie Jean"

"Be Yourself"

"Hunger Strike"

"Spoonman"

"Call Me a Dog"

"Preaching the End of the World"

"Like a Stone"

"Doesn't Remind Me"

"Cochise"

"Loud Love"

"Arms Around Your Love"

"Fell on Black Days"

"Black Hole Sun"

"What You Are"

BIS:

"Rusty Cage"

"Seasons"

"Burden in my Hand"

"Can't Change Me"

"Slaves and Bulldozers" (+ medley "Searching with My Good Eye Closed/4th of July)

"Whole Lotta Love"