Chuck Berry destroçou clássicos do rock em show nesta quarta, 19, em São Paulo
Chuck Berry tem, há quase 40 anos, fama de fazer shows abaixo da média. Ele não possui uma banda regular, não ensaia e destroça seus grandes clássicos, mudando as letras e tocando guitarra de qualquer jeito. Suas performances não duram mais que uma hora, sem bis ou colher de chá para o distinto público pagante. Nesta quinta passagem do músico pelo Brasil, em show nesta quarta, 19, em São Paulo, não foi diferente. Ou melhor: sim, houve algo novo. Desta vez ele não ficou nem uma hora em cima do palco. A atuação durou apenas 50 minutos - e os ingressos mais baratos custavam R$ 100.
O grupo de apoio foi formado por tecladista e baixista que o têm acompanhado nas últimas turnês, seu filho Charles Berry Jr. na outra guitarra e um baterista brasileiro. Apesar de bater cartão nos palcos tupiniquins, ele ainda conseguiu levar um bom público à Via Funchal. Mesmo com o aspecto "bate carteira" do show, o povo se divertiu. E se pioneiro do rock já não tem muito gás, é preciso levar em conta: aos 82 anos de idade, o norte-americano acumula mais de 50 anos de carreira e uma série de músicas que marcaram o começo do rock 'n' roll.
"Roll Over Beethoven" abriu os trabalhos; seguiram-se outros hinos, como "Carol", "Memphis", "Let It Rock", "Maybelline", "School Days" e "Sweet Little Sixteen". Como era de se esperar, "Johnny B. Good" foi a mais aclamada - e Berry aproveitou para arriscar uns 30 segundos do "duck walk", seu emblemático passo de dança. A apresentação também teve "My Ding a Ling", a musiquinha sacana que surpreendentemente levou Berry aos primeiros postos das paradas em 1972.
A noite terminou da maneira habitual, com uma versão estropiada para "Reelin' and Rockin'", ocasião em que a lenda convida algumas garotas para dançar em cima do palco, enquanto ele quase que finge tocar guitarra. As garotas desajeitadas rebolaram, e Berry saiu à francesa e não voltou mais. Como a performance foi menor, ficaram de fora "Rock and Roll Music" e "You Never Can Tell": não que isso tenha feito diferença, já que Berry iria decepcionar na execução, como em todo o repertório apresentado neste show.