Clarice Falcão fala sobre carência no musical de comédia Especial de Ano Todo

"É um show sobre querer ser especial”, diz a artista a respeito da produção, que está disponível na Netflix

Anna Mota

Publicado em 06/08/2017, às 09h41 - Atualizado às 10h45
Clarice Falcão em cena do <i>Especial de Ano Todo</i> (2017) - Divulgação
Clarice Falcão em cena do <i>Especial de Ano Todo</i> (2017) - Divulgação

Entre as produções catalogadas como “comédia stand-up brasileira” na Netflix, há apenas uma assinada por um nome feminino. Clarice Falcão estrela o Especial de Ano Todo, que, para a artista, não se encaixa perfeitamente na classificação da plataforma. “Eu gosto muito de assistir [stand-ups], mas acho que não levo muito jeito para esse tipo de comédia e nem sei se eu poderia fazer”, explica.

Por essa falta de identificação, o projeto se transformou em uma mescla de musical, peça teatral e espetáculo de comédia. “Eles [a Netflix] queriam que fosse uma coisa ao vivo, em um teatro, mas não uma peça. Disseram que poderia ter música, mas não queriam um show. Então, me veio a ideia de um especial de fim de ano. Só que como o catálogo da Netflix fica disponível o ano inteiro, achei que um especial de Natal ia ficar esquecido.”

“Também tive que aprender as coreografias e eu sou a pior dançarina da história”

Buscando criar um espetáculo que se adaptasse às características da plataforma, Clarice compôs 12 músicas (uma para cada mês do ano), com a ajuda da banda que a acompanha na apresentação, o Exército de Bebês — formada por Daniel Rocha (voz), Guilherme Lirio (guitarra e baixo), Iuri Brito (guitarra e baixo), Thomás Jagoda (teclados) e Pedro Fonte (bateria). “A personagem, que é um alter ego meu, tem essa coisa de querer abraçar tudo. Ela é tão carente que quer divertir quem está em janeiro, fevereiro, março, abril… e termina não conseguindo divertir ninguém”, comenta. “É um show sobre carência, sobre querer ser especial.”

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Apesar de transitar com facilidade entre diferentes meios artísticos (ela estreou como comediante no canal do YouTube Porta dos Fundos e lançou dois discos cheios, Problema Meu, de 2016, e Monomania, de 2013), Clarice diz que este foi o trabalho que mais a desafiou. “Eu tive que conceituar o especial, acreditar que ia dar certo, compor as músicas e atuar.” Como se não fosse suficiente, na semana da gravação do programa, o espetáculo ganhou um corpo de baile. “Também tive que aprender as coreografias e eu sou a pior dançarina da história. Então, não só fiz coisas com as quais estou relativamente confortável, como também coisas que eu faço muito mal.”

De semelhanças com o stand-up, o Especial carrega a característica de ter sido gravado ao vivo, em uma única apresentação no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro. “É muito diferente do que estou acostumada. Em uma turnê, você consegue entender o que funciona com o passar dos shows. E quando você grava um DVD, normalmente já está na estrada há pelo menos dois anos com a mesma apresentação. Gravar a estreia foi louco.”

Assista abaixo ao trailer de Especial de Ano Todo.