Mike Flanagan tentou "reparar" as falhas que Stanley Kubrick havia cometido
Stephen King sempre reclamou abertamente sobre sua antipatia ao modo como Stanley Kubrick adaptou seu icônico romance de terror, O Iluminado (1980), para as telinhas.
Assim, em Doutor Sono (2019), Mike Flanagan tentou "reparar" as falhas que Kubrick havia cometido. Saiba como (via ScreenRant):
O Iluminado fala, é claro, sobre um hotel mal-assombrado. No entanto, os fantasmas também representam os vícios de Jack Torrance, um ex-professor que sofre de raiva e alcoolismo. Anteriormente, o próprio King admitiu que o livro havia sido inspirado na própria batalha dele contra o vício, ou seja, era extremamente importante que Jack capturasse a simpatia do público.
Tal premissa estabelece um dos momentos mais comoventes do livro: a cena na qual Jack luta contra o Hotel Overlook pelo controle de seus movimentos, a fim de salvar seu filho, Danny, e se redimir. Isso não é importante apenas para a narrativa do romance, mas para o contexto do vício por completo: Todos têm uma oportunidade de se salvar.
O filme de Kubrick é radicalmente diferente do livro em alguns aspectos. Mas, embora alguns conceitos tenham sido drasticamente alterados, o que realmente frustrou King foi a forma como Jack parecia mais um monstro desequilibrado do que qualquer outra coisa.
Quando Kubrick escalou Jack Nicholson para interpretar Jack Torrance, King desaprovou o elenco, pois o ator já carregava um ar de insanidade antes de chegar ao hotel, arruinando o retrato de Jack como um homem de família imperfeito.
Além disso, ao contrário do livro, o filme de Kubrick nunca deu a Jack uma chance de redenção, implicando figurativamente que o destino de Jack sempre esteve desenhado e ele nunca teve a oportunidade de se tornar uma pessoa melhor.
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Felizmente, Flanagan superou as disparidades entre o livro de King e o filme de Kubrick ao adotar elementos presentes no final de O Iluminado para abordar as nuances da dependência química.
Em Doutor Sono, Danny luta contra o alcoolismo, assim como seu pai, mas consegue mudar sua vida para melhor. No discurso que ele dá para celebrar oito anos de sobriedade, Danny fala sobre o vício de seu pai, mas também relembra os momentos genuínos de amor e compaixão que ele experimentou, mostrando ao público que Jack nem sempre era um monstro.
Através de uma engenhosidade inteligente de roteiro, Flanagan usou Doutor Sono para reconciliar ambas as obras de arte, além de mostrar o lado humano das pessoas que lutam contra o vício.
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