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Como John Lennon escreveu e gravou ‘Instant Karma’ em apenas 1 dia

A faixa creditada a Lennon/Plastic Ono Band foi lançada em fevereiro de 1970

Redação Publicado em 04/02/2020, às 13h39

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John Lennon em 1972 (Foto: AP Images)
John Lennon em 1972 (Foto: AP Images)

Na manhã do dia 27 de janeiro de 1970, John Lennon vislumbrou seu futuro. Ele e Yoko Ono haviam acabado de voltar de uma viagem de quase um mês à Dinamarca, onde Ono visitava sua filha com Tony Cox. Durante uma das muitas conversas que ocorreram lá, a ideia de "karma" foi levantada e dissecada por Lennon, que voltou para Tittenhurst Park com muitos pensamentos em mente.

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Pouco depois de acordar, ele se sentou ao piano e, usando acordes rudimentares, começou a tocar "Instant Karma! (We All Shine On)", que era tanto um conselho quanto um aviso: "É melhor você ficar alerta, querida / Junte-se à raça humana."

Dentro de uma hora, ele terminou a música - e, com medo de esquecê-la, tocou-a repetidamente. "Fui ao escritório e cantei várias vezes", disse Lennon à Rolling Stone EUA em 1970. "Então eu disse: 'Caramba, vamos lá', e reservamos o estúdio."

À tarde, Lennon havia se reunido no estúdio da Abbey Road com uma equipe familiar: George Harrison, o tecladista Billy Preston, o baixista Klaus Voormann e o baterista Alan White, que depois entraria para o Yes. "Ainda não se falava sobre a separação dos Beatles", disse White. "Foi bem no meio, eu acho."

À noite, os músicos foram acompanhados por outro colaborador. "Havia um homenzinho correndo de um lado para o outro", conta Voormann. "E eu disse: 'Quem é esse cara?' Todos nós começamos a tocar e parecia bom, oscilante, e tudo se juntou rapidamente. O homenzinho dizia coisas como 'Uh, você poderia abaixar os pratos?' ou 'Vem cá e escute'. Naquele momento, percebi que era Phil Spector."

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A essa altura, Lennon e o notório produtor eram amigos; eles compartilhavam um senso de humor semelhante. "Começou como uma piada", continua Voormann. "John e Phil se davam muito bem. Eles disseram: 'Vamos fazer tudo em um dia!' Eles estavam brincando - mas deu certo."

"Phil entrou e disse: 'Como você quer isso?'", lembrou Lennon. "Eu disse: 'Você sabe, como na década de 1950'. Ele disse: 'Certo', e eu toquei a música umas três vezes ou algo assim. Eu fui até lá, ele tocou a fita e lá estava. Eu só queria um pouco mais de baixo, só isso."

Para impulsionar o refrão, Preston foi ao clube Speakeasy, nas proximidades, e pediu para que alguns frequentadores fossem ao estúdio e cantassem ao fundo; uma delas, a cantora Beryl Marsden, conheceu os Beatles no Cavern Club. "Como eu poderia recusar?", lembrou.

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Ao ouvir o produto final, Voormann ficou impressionado. "Soava incrível", disse ele. "Phil havia adicionando eco e tudo mais, estava incrível."

Lançada pela EMI em fevereiro e creditada a Lennon/Plastic Ono Band, "Instant Karma! (We All Shine On)" não era simplesmente uma faixa fantástica, um barulho estrondoso e atraente.

A velocidade e a eficiência com que "Instant Karma! (We All Shine On)" se reuniram confirmaram a Lennon que ele poderia trabalhar por conta própria, sem os outros três Beatles. "Veja bem, Phil é ótimo nisso", disse Lennon. "Ele não implica com o aparelho de som ou com toda essa besteira. Isso soa bem? Então vamos lá, não importa se é uma coisa proeminente ou não. Se lhe parecer bom mesmo sendo leigo ou humano, aceite."

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"Havia uma simplicidade no modo como ele compôs 'Instant Karma!' que não teria desenvolvido com os Beatles", afirma Voormann. “Ele se sentiu muito mais livre do que antes."

Ouça “Instant Karma! (We All Shine On)” abaixo:


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