Como os cinemas vão sobreviver ao isolamento social e à crise do novo coronavírus?

Streaming e cinema drive-in são opções recorrentes durante a pandemia

Felipe Grutter

Publicado em 03/06/2020, às 07h00
Sessão do Cine Autorama, produzido pela Brazucah Produções (Foto: Leo Martins/Brazucah)
Sessão do Cine Autorama, produzido pela Brazucah Produções (Foto: Leo Martins/Brazucah)

Sabe aquela sensação de sair de casa, seja sozinho(a), com namorado(a) ou grupo de amigos(as), ir até algum cinema, seja de rua ou shopping, comprar um ingresso de um filme - até talvez uma pipoca e refrigerante -, entrar na sala e ter uma experiência que só uma sala de cinema pode oferecer?

Bom, com a pandemia da covid-19, isso foi anulado - como também a ida a teatros, casa de amigos e familiares e shows, por exemplo - e os cinemas precisam lidar com as atividades pausadas indefinidamente e buscar outros meios de renda. Ou seja, esses estabelecimentos precisam buscar sobreviver ao isolamento social e à crise do novo coronavírus.

Durante todo esse caos, os cinemas drive-in viraram opção. Segundo o G1, esse tipo de exibição de filmes se multiplicou no Brasil durante a crise do coronavírus. Essa modalidade foi criada nos Estados Unidos, por Richard M. Hollingshead Jr., em 1932. Além disso, foi retratada em diversos filmes e por anos foi uma tendência. 

No Brasil, o cinema drive-in chegou em 1973, com a criação do Cine Drive-in, em Brasília, em atividade até os dias de hoje. Outro projeto de cinema drive-in ganhou bastante destaque, chamado Cine Autorama - realizado pela Brazucah Produções, cuja missão é democratizar acesso audiovisual e formação de público para o cinema brasileiro. 

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Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Marco Costa, idealizador e coordenador do Cine Autorama e sócio na Brazucah Produções, falou sobre cinema drive-in no Brasil.

O Cine Autorama surgiu, em 2015, quando, de acordo com Costa, "surgiu a ideia: 'por que não retomar essa história dos drive-ins?'". A primeira ação foi no estacionamento de um shopping na divisa de São Paulo com Osasco. "A gente ficou nesse projeto por dois meses, realizando sessões de drive-in todo fim de semana", disse o coordenador. "Foi muito bem sucedido, as inscrições esgotavam muito rapidamente e desde então a gente começou a expandir o projeto".

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No ano seguinte, em 2016, o projeto expandiu a atuação e foi realizado em 20 cidades do estado de São Paulo. Em 2017, o Cine Autorama foi além e também teve atuação no Rio Grande do Sul. No ano seguinte, 2018, estados como Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul receberam o projeto. "A gente circulou aí quase todo o país com o projeto", falou Marco Costa.

Em 2019, o Cine Autorama passou por vários pontos icônicos da cidade de São Paulo, como a Praça Charles Miller, Memorial da América Latina e Campo de Marte.

A curadoria dos filmes exibidos no Cine Autorama funciona em três bases: "filmes nostálgicos, filmes recentes de sucesso e filmes brasileiros", segundo Costa.

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No entanto, chegou a pandemia do novo coronavírus, e deixou as atividades do Cine Autorama paralisadas. Atualmente, a produção está no momento de "planejamento da retomada" e já possuem até "alguns parceiros pra viabilizar os eventos, mas a gente está esperando uma autorização real da atividade de drive-in".

Ou seja, a liberação do cinema drive-in "está sendo pautada com a Secretaria Estadual de Cultura, aqui de SP". Então, "é definido um protocolo de segurança dessa atividade, que também conta com a Secretaria de Saúde para aprovação".

Além desse obstáculo, o Cine Autorama tem problemas com espaço para realizar atividade. "Se for pensar que na cidade de São Paulo, os shoppings estão fechados, onde a gente faz bastante evento", explicou Costa. Ou seja, "os shoppings não podem operar, então a gente não pode realizar atividade no estacionamento". 

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Assim que ocorrer a liberação dos cinemas drive-in, a modalidade se tornará um dos meios de sobrevivência do cinema no Brasil durante a crise do novo coronavírus.

Além do Cine Autorama, a Brazucah Produções trabalha em outro projeto que respeita o isolamento social. De acordo com Marco Costa, "a gente está tentando migrar para um outro tipo de evento ao ar livre", ele consiste em "projetar o filme numa tela próximos a condomínios, então as pessoas poderem assistir os filmes das janelas e a gente transmite o áudio do filme via FM".

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Enquanto isso, os cinemas tradicionais, atualmente com as salas fechadas, buscam por alternativas online, como é o caso do Cine Belas Artes, responsável por disponibilizar o À LA CARTE, streaming da empresa, cujo catálogo é representado por filmes cults, clássicos e recentes.

Já a Cinemark, rede de cinema de grande circulação, durante a pandemia, divulga a venda das pipocas, vendidas originalmente nos estabelecimentos físicos, através de aplicativos de delivery.

Os cinemas brasileiros mostram bastante resistência e disposição para sobreviver ao isolamento social e à crise do novo coronavírus.


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