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Como a pandemia de coronavírus afetou a indústria do rock no Brasil? Documentário detalha problemas do setor [EXCLUSIVO]

A Tirania da Minúscula Coroa: Covid-19, série documental online, retrata a dificuldade que afetou os músicos e assistentes da indústria

Yolanda Reis | @ysreis Publicado em 16/09/2020, às 11h18

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Rock em Pandemia (Foto: Divulgação / Via d’Ideia)
Rock em Pandemia (Foto: Divulgação / Via d’Ideia)

Desde o início da quarentena contra ocoronavírus, o mundo viu algo bizarro e sem precedentes: a paralização do mundo do entretenimento. Sets de filmagens foram fechados, séries adiadas, discos cancelados. Mas nenhum evento cultural representava uma ameaça de saúde maior do que um show: milhares, ou as vezes centenas de milhares, de pessoas reunidas no mesmo lugar, todas juntas, rostinhos colados (e sem lavar bem as mãos, convenhamos).

Não demorou muito para os shows musicais começarem a ser cancelados, um a um, mas numa sequência interminável. Por todo o Brasil, antes mesmo dos pedidos oficiais de quarentena nos estados, eventos com aglomerações caíram. Até mesmo em São Paulo, o Lollapalooza Brasil, resistente que foi, logo precisou anunciar o adiamento (primeiro, para dezembro de 2020, agora, para setembro de 2021 - contemporâneo aoRock In Rio).

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Em poucas semanas, foram cancelados centenas de shows nacionais, internacionais, pocket shows, festivais, aqui, ali. Mesmo aqueles mais otimistas perceberam, ainda em março, que 2020 seria um ano sem aglomerações.

Os primeiros impactos disso são bastante óbvios: os shows não vendem, as pessoas - aquelas que foram azaradas o suficiente para terem ingressos para shows não reembolsáveis - perderam dinheiro, assim como as empresas promotoras, e os artistas ficam sem grana nenhuma de turnê.

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Mas a realidade um pouco mais invisível vai além: o staff. Em qualquer show musical, é necessária uma enorme equipe: as pessoas que montam o palco, carregam equipamento, ajudam os ouvintes perdidos, vendem bebidas e comidas, recolhem os tickets, limpam a casa… São centenas e centenas de pessoas trabalhando no backstage, muito além dos artistas. Sem show, essas pessoas não têm emprego.

Rock em Pandemia

Foi esse cenário que inspirou Gustavo Girotto no episódio X da série documental online A Tirania da Minúscula Coroa: Covid-19. Rock em Pandemia, décimo capítulo da saga sobre a quarentena contracoronavírus, trouxe um olhar aprofundado sobre como a doença afetou a indústria musical do Brasil, tanto para os músicos quanto para empresários, roadies, staff, produtores e mais.

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O diretor promove, no YouTube, a série de documentários gratuitos. Sobre o décimo episódio, explicou: “Como fã e frequentador de shows de rock, esse era um capítulo trabalhado há algum tempo. As aglomerações, parte indissociável dos espetáculos, passaram a ser sinônimo de risco à vida. Buscamos acompanhar os bastidores dos profissionais que vivem desta importante indústria nacional, que emprega e movimenta milhares de pessoas.”

Para o vídeo, Girotto marcou uma extensa agenda de bate-papos. O primeiro entrevistado do do episódio X - Rock em Pandemia - foi Andreas Kisser, do Sepultura. O músico brasileiro - mas acostumado a cantar em inglês - relembrou que a banda se preparava para tocar a turnê do disco Quadra (2020) nos EUA quando perceberam que não ia dar. Em 16 de março, dois dias antes da primeira apresentação, cancelaram:

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“As coisas estavam realmente complicadas, não só aqui no Brasil, mas nos EUA, também. Conversamos com as pessoas, [percebemos que haviam] europeus que trabalham com a gente e não conseguiriam viajar. Gente da Hungria, e também EUA, Canadá… Ficou impossível. Estamos reorganizando tudo para 2021.”

Além de Andreas, os cineastas também conversaram com Felipe Andreoli (Angra, Karma, Almah); Alírio Netto (Shaman, Queen Extravaganza); Ziggy Mendonça (Made in Brasil), entre diversos outros músicos relevantes do cenário brasileiro. Ligados à indústria, conversaram com Silvio Golfetti (da gravadora Voice Music), Zé Luís Carrato, empresário, produtor e engenheiro de som.

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Caio Bertti, organizador da Passeata com Cases, também participou do documentário. O movimento, iniciado por ele, levou vários manifestantes das áreas técnicas de show para as ruas, carregando cases de instrumentos e aparelhagem, para levantar consciência de como isso afeta a parcela “invisível” dos concertos:

“Foi um momento histórico para nós,” disse Bertti. “Estávamos em euforia. Março de 2020 continuava no mesmo fluxo do final de 2019, e, literalmente, em uma semana, todos os eventos foram cancelados. Foi uma avalanche em que, infelizmente, como classe fornecedora de equipamentos e mão de obra do mercado cultural e eventos, fomos deixados para trás.”

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Juliano Sartori, diretor de produção da série A Tirania da Minúscula Coroa: Covid-19, e Ricardo Sartori, diretor de arte, enfatizam o posicionamento: “A agenda estava movimentada e, do dia para noite, o cenário mudou. Para não desamparar os admiradores, artistas decidiram levar sua arte para o mundo virtual, se aventurando em lives ou streaming de performances. Tentamos captar esse momento – até como proposta editorial do documentário – e esse que é um dos capítulos mais ricos em termos de imagem e edição.”

A edição dos episódios da série é da Via d’Ideia. Girotto também atuou na apuração das informações e entrevistas, com colaboração de Tercio David Braga e orientação de Adalberto Piotto. Charley Guima mentoriou a produção.

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Depois de Rock em Pademia A Tirania da Minúscula Coroa: Covid-19, ainda terá pelo menos dois episódios: um sobre educação, outro quando chegar a vacina.


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