Oliver Stone tem boas intenções, mas se perde no documentário Ao Sul da Fronteira
Oito presidentes, um continente e o mesmo desentendimento. Por que, mesmo após 20 anos da queda do Muro de Berlim e a desintegração da União Soviética, os Estados Unidos ainda temem as esquerdas sul-americanas? O cineasta norte-americano Oliver Stone tenta responder a estas perguntas em Ao Sul da Fronteira, documentário que reúne depoimentos claros e concisos de diversos presidentes do continente como Luiz Inácio Lula da Silva, Evo Morales (Bolívia), Raúl Castro (Cuba) e Rafael Correa (Equador), além de enfatizar o sempre polêmico Hugo Chávez (Venezuela).
Experiente em ficções baseadas em fatos políticos de seu país como JFK, Nascido em 4 de Julho e W., Oliver Stone se prontifica a ouvir e expor uma nova faceta dos presidentes latinos, mas acaba caindo no mesmo erro de seus conterrâneos ao tratar todos os países do continente como um uníssono político e cultural, esquecendo de expor as particularidades históricas que levaram cada nação a escolher um esquerdista para governá-lo. É fato que hoje os países sul-americanos estão mais unidos frente aos EUA, mas é difícil também engolir Stone tratando o Brasil como uma república de ideais bolivarianos, nos mesmos moldes que a Venezuela e a Bolívia, além de confundir a Amazônia com os Andes em um dos mapas mostrados no filme.
Ao final, fica a sensação que Oliver Stone tentou seguir os passos do documentarista Michael Moore na tentativa de questionar a política externa que foi adotada á época do antigo governo de George W. Bush. O ponto positivo para Stone é que ele procura dar voz aos envolvidos, evitando apenas montar uma teoria da conspiração em formato audiovisual. Só que Michael Moore se mostra enfático em suas convicções - mesmo que, muitas vezes, seja questionado em seus métodos. Já Oliver Stone parece mais um americano médio perdido no estereótipo de que todos ao sul da fronteira são militantes de cor vermelha.
Assista ao trailer de Ao Sul da Fronteira: