Além de gravar vocais para o filme de Freddie Mercury, Marc Martel chegou a se apresentar com o baterista Roger Taylor no projeto Queen Extravaganza
Em uma postagem no perfil de Facebook da Rolling Stone Brasil sobre a presença do Queen na cerimônia do Oscar, em uma apresentação com Adam Lambert, atual cantor a acompanhar o grupo, fãs pediam por esse nome: Marc Martel.
Quem é, afinal, o cantor canadense de 42 anos que caiu nas graças dos exigentes fãs do Queen, escolhido entre tantos outros na preferência estar ao microfone e recriar os vocais de Freddie Mercury?
Talvez você não tenha cruzado com os vídeos de Martel no YouTube, nos quais ele interpreta canções do Queen com uma voz muitíssimo similar à de Mercury, mas é possível que tenha assistido ao filme Bohemian Rhapsody, a cinebiografia dos anos do vocalista no Queen. E lá está Martel.
"We Are The Champions", por Marc Martel:
No filme indicado em cinco categorias do Oscar, Martel e Mercury têm suas vozes misturadas, embora os criadores de Bohemian Rhapsody não expliquem exatamente como isso foi feito. Ou seja, quando Rami Malek abre a boca para cantar no filme, não se engane, é Martel que está ali, não o ator.
Nos créditos, o cantor é creditado como "vocais adicionais", mas em seu contrato consta uma cláusula na qual ele não pode entrar em detalhes como como o trabalho foi realizado.
Martel cresceu em Montreal, no Canadá. Um jovem que curtia ouvir música pop, principalmente George Michael, como revelou um perfil dele publicado no prestigiado The New York Times. Os pais dele trabalhavam em uma igreja, o pai era pastor e a mãe, diretora do coral, portanto, a música cristã também esteve constantemente presente.
Curiosamente, o que ele conhecia de Queen, até então, vinha do filme Quanto Mais Idiota Melhor, de 1992, com Mike Myers.
Martel (que pode ser visto abaixo, ems fotos de Juan Carlos Reys/El Universal/Via AP Images) sabia do talento que tinha no gogó e o caminho natural foi se juntar a uma banda de rock cristã chamada Downhere, grupo aliás que fez relativo sucesso, assinou com uma gravadora e lançou dez discos ao todo.
O grupo existiu de 1999 a 2012. E foi o baixista do Downhere, Glenn Lavender, o responsável por apontar as semelhanças entre as vozes de Martel e Mercury. "Que legal, eu não sou original", Martel pensou, na época.
"Até então", conta Martel, "eu não pensava em como essa semelhança poderia ser útil, além de ser um ótimo truque para idas ao karaokê", conta o canadense.
Quando a jornada com o Downhere dava indícios de chegar ao fim, quando, em 2011, o baterista Roger Taylor criou uma banda tributo ao Queen chamada Queen Extravaganza e realizou um concurso para encontrar a voz perfeita para seu Freddie Mercury.
O vídeo gravado por Martel para "Somebody to Love" se tornou viral. Atualmente, são quase 18 milhões de visualizações no YouTube (assista abaixo) e garantiu a ele uma participação no The Ellen DeGeneers Show uma semana depois.
Também a ele um lugar no grupo liderado pelo baterista do Queen.
Assista ao vídeo de "Somebody to Love", de Marc Martel:
Martel fez algumas turnês com o Queen Extravaganza a partir de 2012. Permaneceu nos vocais do grupo até novembro de 2015.
Martel, é claro, entendeu como sua voz é semelhante à de Freddie Mercury, mas ele também aponta as diferenças.
Ele, por exemplo, explica que o sotaque britânico de Freddie, ao cantar, é muito difícil de ser emulado. "É algo que eu não tenho", admite o canadense ao The New York Times. "Eu também não tenho a dentição como ele, o que faz com que meus "S" saiam normalmente."
"Mas, mesmo quando eu não tento cantar como Freddie Mercury, as pessoas ainda vão ouvi-lo na minha voz. Não importa o que eu faça. Eu tenho essa coisa estranhamente única de zoar como ele. Então, por que não?", diz.
"Bohemian Rhapsody", por Marc Martel:
O canadense ainda lançou trabalhos solo, como o EP Prelude, lançado em 2013, e um disco, chamado Impersonator, em 2014. Em 2016, cantou o clássico natalino "Last Christmas" para o jogo de videogame Last Dance - no embalo natalino, no mesmo ano lançou Silent Night, outro compacto, com canções típicas dessa época do ano.
Mesmo com seu trabalho solo, ele voltou a ser tragado para o mundo de Freddie Mercury. Em 2017, por exemplo, ele se juntou a outro tributo ao Queen, chamado Ultimate Queen Celebration.
Em 2018, lançou um disco com covers do grupo inglês chamado Thunderbolt & Lightning. Graças ao canal de YouTube no qual ele canta Queen, passou a ser reconhecido nas ruas, muito mais fora dos Estados Unidos, contudo, já que o país jamais foi um dos maiores mercados da banda.
Martel, por exemplo, tem uma turnê prestes a começar por 14 países, na Europa e Oceania.
Certa vez, conversando com o seu empresário, de acordo com o TNYT, ouviu a seguinte frase: "Eu gostaria que você pensasse nas suas composições próprias da mesma forma como eu enxergo meu gosto por jogar golfe. Eu adoro, mas não é isso que está pagando as contas no momento", ele contou ao jornal norte-americano.
E seguiu: "Nos próximos canto anos anos, teremos muito Queen. Mas, ao mesmo tempo, eu vou trabalhar no meu 'jogo de golfe'."
Depois de uma carreira na música gospel, de lançar discos solo, cantar em bandas de tributo ao Queen e participar de Bohemian Rhapsody - como pode ser visto no texto abaixo -, Martel assumiu suas semelhanças com Freddie.
Ele enumera, contudo, três conceções que não faz para o papel. Ele não vestirá a jaqueta amarela tradicional de Mercury. Também não usará aquele suporte de microfone pela metade que o vocalista tanto gostava. Por fim, ele garante: não vai deixar o bigode crescer.