Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

CPM 22 renova sonoridade em Depois de um Longo Inverno

Após quatro anos de hiato, banda retorna com álbum independente, influenciado pelo ska; "Não queríamos lançar um disco que todos estavam esperando", diz o guitarrista Luciano Garcia

Por Patrícia Colombo Publicado em 10/05/2011, às 12h33

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
CPM 22: Japinha, Fernando Sanches, Luciano Garcia e Badauí lançam álbum de inéditas após quatro anos de hiato - Penna Prearo/Divulgação
CPM 22: Japinha, Fernando Sanches, Luciano Garcia e Badauí lançam álbum de inéditas após quatro anos de hiato - Penna Prearo/Divulgação

Trio de metais e influência de ska em um disco do CPM 22? "Neste novo álbum, não queríamos ser uma cópia de nós mesmos, lançar um disco que todos estavam esperando", explica o guitarrista Luciano Garcia, em entrevista à Rolling Stone Brasil. A banda, atualmente um quarteto composto por ele, o vocalista Badauí, Japinha na bateria e Fernando Sanches no baixo (o guitarrista Wally saiu em 2007), está lançando Depois de um Longo Inverno, disco que dá uma nova cara à sonoridade do grupo.

"Estávamos ansiosos", afirma o guitarrista sobre a coletânea de inéditas, que deveria ter saído no final de 2010. "Fizemos tudo sozinhos, por isso acabou atrasando. Foi a primeira vez, desde o primeiro disco independente (A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum, de 2000), que a gente fez tudo como queria - músicas, produção, som, letras." A banda, que de CPM 22 (2001) a Cidade Cinza (2007) fez parte da gravadora Arsenal, chefiada por Rick Bonadio, agora retorna ao time dos independentes. Apoiado pela Performance Music, o grupo deixa transparecer certo ressentimento das grandes gravadoras. "Quando você tem uma gravadora que é sua parceira, está do seu lado e quer tomar as decisões junto a você, beleza. Agora, quando você está numa gravadora que começa a virar uma ditadura, daí a melhor solução é cada um ir para o seu lado", diz Luciano.

Melodias animadas permeiam o novo trabalho do grupo, apesar de temáticas não muito agradáveis que marcam presença em algumas das letras. "Abominável", por exemplo, fala de um homem "mercenário/ escravo da moeda/ cheio de razão/ com ele não tem conversa". Inevitável pensar que a canção tenha sido direcionada a algum parceiro musical do passado. "A carapuça tem tamanho P, M, G e GG. Se servir e ficar bonitinha, sem incomodar, fique à vontade [risos]", argumenta o guitarrista, completando que o turbilhão de acontecimentos destes últimos quatro anos (da saída de Wally à rescisão do contrato com a Arsenal) influenciaram Depois de um Longo Inverno. "Tudo de bom e ruim que aconteceu está aí."

Vale ressaltar, contudo, que a vibração otimista das melodias - bem como a que emana da ensolarada arte da capa de Depois de um Longo Inverno - contribui para sensação de que os integrantes não se deixam levar por acontecimentos negativos. "Não é mais irônico falar de uma coisa ruim, mas numa música para cima? Tivemos esta preocupação, que independente do assunto o clima do álbum fosse positivo", explica. Elementos antes raramente usados pelo CPM - do trio de metais ao violoncelo de Patrícia Ribeiro em "Minoria" -, por sua vez, foram inseridos com a intenção de expandir os horizontes musicais do grupo, contando ainda com a ajuda de Daniel Ganjaman, que trabalhou em alguns arranjos. A conexão com o ska veio naturalmente, por este ser um gênero que sempre esteve presente na vida dos integrantes, fãs de grupos como Skatalites e Reel Big Fish. Mas a ideia foi manter-se plural. "Tem ska, tem balada, tem punk rock. Tem de tudo um pouco", diz Luciano.

Depois de um intervalo de cerca de quatro anos desde o último disco de estúdio, a banda deve manter pausas maiores entre os álbuns. Luciano conta que um dos aprendizados dos 15 anos de carreira é o de não lançar um trabalho na sequência do outro. "Percebemos que, dessa maneira, é difícil conseguir se renovar", explica. "Não deu tempo de você ouvir outros discos, ler outros livros, ver outros filmes. Outras influências. A gente conversa sobre lançar um próximo só daqui a uns três anos. Mas isso pode mudar caso alguém da banda apareça com muitas inspirações."