Vocalista também fala sobre como foi gravar o clássico Peace Sells, de 1986: “As drogas eram um problema terrível”
Atualmente, o Megadeth está relançando o clássico do thrash metal Peace Sells...But Who's Buying?, de 1986, em diferentes versões. Em novembro, a banda lançará um disco de inéditas, TH1RT3EN (treze, em inglês) - o título foi escolhido por ser o 13º disco de estúdio do grupo e pelo aniversário do vocalista e guitarrista Dave Mustaine, nascido em 13 de setembro de 1961.
O Megadeth está em turnê com o Festival Rockstar Energy Drink de Mayhem e tocará no Yankee Stadium com o Big 4 (que inclui Metallica, Slayer e Anthrax) no dia 14 de setembro.
A Rolling Stone falou com Mustaine sobre o novo disco, o relançamento de Peace Sells...But Who's Buying?, e relembrou o passado de dificuldades da banda.
Como vocês arranjaram tempo para gravar TH1RT3EN, levando em consideração que o Megadeth está em turnê constantemente?
Nós tivemos pouco tempo para fazer isso e, realisticamente, levando em conta a natureza da banda, nosso processo de composição, a viabilidade de todos os integrantes... tentar espremer um disco em um prazo de dois meses, quem estávamos querendo enganar? Mas nós conseguimos. Cara, nós demos o nosso máximo nele. Eu tive uns dias realmente longos. Havia dias em que eu acordava no meu computador, com uma marca no rosto por dormir em cima do teclado.
O nome do disco tem algum significado mais profundo além de ser o 13º lançamento do grupo?
Eu nasci no dia 13 de setembro, este é meu décimo terceiro disco. Pareceu a coisa certa chamá-lo de TH1RT3EN.
Quais são os títulos de algumas das canções?
Há a música-título, tem "Sudden Death", que está no game Guitar Hero - ela foi um extremo sucesso e nos rendeu outra indicação ao Grammy. E teve também "Never Dead", que saiu para um jogo da Konami, chamado Never Dead. O disco provavelmente vai sair por volta de 1 de novembro.
Como foi gravar com o baixista Dave Ellefson novamente?
Não foi nada de novo - Dave e eu somos amigos próximos há quase 30 anos. Se eu tivesse tido o cuidado de me prevenir de machucar o braço [em 2002], nada provavelmente teria acontecido da forma que aconteceu. Mas eu realmente acredito que todos nós nos tornamos melhores pessoas do que éramos.
O que você lembra da época de Peace Sells...But Who's Buying?
Chris [Poland, guitarrista] e eu estávamos nos aproximando do fim, e foi realmente difícil para mim ter ele por perto, porque toda hora que me virava, havia algum "desentendimento" sobre alguma coisa. Você tenta tocar com alguém em quem quer confiar e estar aberto a amar, mas eles tornam impossível de você fazer isso. Eu sei que David e eu começamos a realmente nos afastar dos caras [Poland e o baterista Gar Samuelson]. O único momento em que nos sentíamos bem juntos era tocando. Olhando pra trás, eu queria que todos nós pudéssemos ter nos dado um pouco melhor. Eu queria que tivéssemos sido mais próximos como pessoas, porque realmente fizemos algo fantástico juntos. E com Gar morto, ele é de quem mais sinto falta. Ele era um cara muito amável. Como aquele [programa infantil] Davey and Goliath, ele sempre costumava fazer aquela voz do cachorro, "Ei Davey". Você não podia fazer nada a não ser rir quando ele fazia isso.
Eu sempre me perguntei pelo que essa formação do Megadeth poderia ter feito se vocês tivessem permanecido juntos.
É, eu também. Mas vou te contar - as drogas eram um problema terrível. Tem uma diferença entre usar drogas e abusar delas. É ainda pior quando você sai do abuso para o vício. Uma noite nós saímos e tinha duas limusines na festa de lançamento do disco. Uma era para nós e a outra para nossas namoradas e esposas. Nós saímos da festa e todos obviamente foram procurar [drogas]. Eu estava resmungando e disse algo sobre a namorada do Chris, e ele pulou através da limusine e tentou fazer algo comigo, e eu chutei ele no rosto. Eu olho pra trás e penso: "Por que éramos desse jeito?"
Falando a respeito dos problemas na banda, eu assisti recentemente a Some Kind of Monster, e há uma cena em que você desabafa com Lars Ulrich sobre como te entristece quando os fãs do Metallica te provocam. Mas tem o outro lado da moeda: há fãs que acreditam que você era uma parte integral da formação definitiva do Metallica.
O que posso pensar de fãs que gritam "Metallica" para mim é: "Bem, talvez você esteja dizendo que 'O Metallica é ótimo graças a você. Você era parte disso, nós amamos você'". Mas um monte de vezes, eles me provocam. Mas isso são pessoas que se prendem ao passado, e é apenas um lembrete de quão bons nós ficamos. Eu não estaria nesse nível, tocando nos lugares em que estou, bem-sucedido, ou feliz da maneira que estou se eu não tivesse conhecido James [Hetfield] e Lars, e começado juntos essa trilha.