Após a morte do vocalista, os integrantes da banda percorreram um longo caminho de experimentação que os levaram ao sucessor de Freddie, Adam Lambert
Desde o início da carreira, Freddie Mercury sabia onde queria chegar e o que precisava fazer para alcançar o estrelato. Como um verdadeiro astro do rock, ele compôs músicas lendárias que percorrem gerações e deixou um legado artístico que guia a trajetória artística dos integrantes do Queen até os dias de hoje.
Mesmo após ser diagnosticado com Aids e como portador do vírus HIV, Mercury não deixou de dedicar cada passo da vida dele à música. Dois meses antes da morte, o Queen lançou o “These Are the Days of Our Lives”, do disco Innuendo, que seria o último clipe com a participação do cantor.
Nos bastidores, Mercury falava pouco sobre a doença e apenas pediu para que a filmagem fosse em preto e branco para disfarçar a aparência debilitada dele. O artista já não conseguia nem andar propriamente, mas fez questão de performar com a mesma elegância e potência que o público, com que não tinha contato há muito tempo, conhecia.
Quando o vocalista do Queen morreu em 1991, Brian May e Roger Taylor já sabiam que a banda iria continuar, pois próprio Freddie desejava que fosse assim. Apenas uma semana após a morte do artista, os dois músicos concederam uma entrevista ao programa TVAM e falaram os últimos desejos do cantor.
"Uma coisa que ele queria fazer era continuar trabalhando no estúdio. Ele era absolutamente determinado em fazer o grupo continuar trabalhando e, na verdade, isso também fez ele continuar por muito tempo", disse Taylor.
Mais tarde, May revelou que Mercury tinha muita consciência da morte e o plano dele era aproveitar o tempo que restava para gravar o máximo de músicas para serem utilizadas pela banda no futuro.
"Ele continuava dizendo: 'Me escreva mais, Me escreva coisas. Eu apenas quero cantar isso e fazer isso e quando eu me for você termina'. Ele realmente não tinha medo", contou May.
Naturalmente, o Queen enfrentou diversos dilemas em relação aos caminhos que seriam seguidos pela banda, afinal Freddie não deixou um manual de instruções para ser seguido à risca. Contudo, inspirados no legado do cantor, os músicos se arriscaram em caminho experimentação, que após 18 anos, os levaram para o sucessor de Freddie, Adam Lambert.
Separamos então 6 momentos que explicam a trajetória do Queen após a morte de Freddie Mercury:
Cinco meses após a morte de Freddie Mercury, o Queen fez o primeiro show sem o líder da banda, em 20 de abril de 1992. Realizado no estádio de Wembley, o chamado Freddie Mercury Tribute Concert contou com um público de 72.000 pessoas e diversos convidados especiais, como Elton John, Axl Rose, David Bowie e Robert Plant.
Este período inicial da banda, que ainda estava de luto, foi dedicado à memória da vida e da carreira do cantor. Em 1995, a banda lançou o disco Made in Heaven, o último trabalho do grupo que contou com os vocais de Mercury.
A segunda apresentação da banda sem Freddie só foi realizada dois anos depois, em 1997. O Queen se apresentou ao lado de Elton John e um grupo de ballet, em Paris, e logo após o show, o baixista John Deacon declarou que aquela era a última vez que tocava com o grupo.
Segundo o músico, não havia mais motivos para continuar as apresentações do Queen sem o vocalista e líder da banda. Ele disse: "Não faz sentido continuar. É impossível substituir o Freddie".
Após a saída de Deacon, May e Taylor tentaram encontrar outra voz que pudesse acompanhar o Queen. A busca resultou no convite para diversos cantores e amigos da banda, como Luciano Pavarotti, Robbie Williams e George Michael, para se juntarem ao grupo.
Nesta fase, a banda também se juntou ao tecladista Spike Edney e passou a se apresentar como Queen+. O resultado dessa tentativa foi o lançamento do disco Greatest Hits III, que se tornou o álbum mais vendido no Reino Unido, ficando atrás apenas dos Beatles.
Entre 2005 e 2009, a banda viveu a era Queen+Paul Rodgers. Já May disse que este período foi muito proveitoso para a banda e levou os músicos para um lugar ainda não tinha sido explorado.
Segundo o lendário vocalista do Free e Bad Company, a experiência era para ser apenas uma experiência divertida, mas ganhou uma proporção além da esperada. Ele disse: "Isso era diferente, era algo muito maior. E realmente era. Foi de uma turnê europeia para uma turnê mundial, que levou anos. Nos pegou de surpresa e foi ótimo".
Em 2009, o Queen foi convidado para uma performance no American Idol para se apresentar ao lado de um dos finalistas dos programas, Adam Lambert . Após 18 anos de experimentação, May e Taylor afirmaram que encontraram um vocalista que realmente representava o espírito de Mercury.
Em 2012, Lambert realizou a primeira turnê ao lado da banda e declarou: "A intenção é fazer um tributo ao Freddie e a banda ao cantar algumas músicas boas para caralho. É para manter a música viva para os fãs e dar a eles a energia que deixaria Freddie orgulhoso. Eu não tenho nenhuma intenção de substituir Freddie. Isso é impossível. Eu vejo o caminho que escolhi como uma grande honra e eu não vou fugir".
Se com Adam Lambert a memória de Freddie Mercury ganhou uma nova dimensão nos palcos, com Rami Malek ela dominou os cinemas. Bohemian Rhapsody conquistou não só o público mas Hollywood também.
A cinebiografia do Queen dirigida por Bryan Singer foi um dos destaques Oscar 2019 ao conquistar as estatuetas de Melhor Ator, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhor Montagem.