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Delegado diz que Chorão sofria com “mania de perseguição” e “tinha ataques de fúria”

Doutor Itagiba Vieira descarta, por enquanto, hipóteses de suicídio e homicídio, e afirma que o vocalista estava morto desde antes do meio-dia de terça, 5

Pedro Antunes Publicado em 06/03/2013, às 17h19 - Atualizado às 17h38

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Chorão cantou mais uma música até que a produção da casa ascendeu as luzes e forçou o fim da apresentação improvisada.  - Stephen Solon/Divulgação
Chorão cantou mais uma música até que a produção da casa ascendeu as luzes e forçou o fim da apresentação improvisada. - Stephen Solon/Divulgação

A polícia civil, sob o comando do delegado geral Itagiba Vieira, descarta as hipóteses de homicídio e suicídio de Chorão, vocalista e líder do Charlie Brown Jr., encontrado morto na madrugada desta quarta-feira, 6. Ele concedeu uma entrevista coletiva nesta tarde, no prédio do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), localizado no centro de São Paulo.

Galeria: últimos momentos de Chorão no Charlie Brown Jr.

“Entramos em contato com a família e nos informaram que ele passava por um desgaste emocional, por causa da recente separação da esposa”, explicou. “Vamos providenciar a ouvidoria de todos os familiares e integrantes da banda, a partir da semana que vem, para termos mais detalhes. Mas, por enquanto, não se trata de homicídio ou de suicídio.”

Ainda que o músico tivesse apresentando um quadro de depressão por causa do recente término, “mania de perseguição” e “acessos de fúria”, como disse o delegado, a polícia trabalha com os indícios de que a morte ocorreu por uma fatalidade. “Ele tinha uma viagem para Nova York a trabalho”, explica o delegado, justificando o descarte, por enquanto, da hipótese de suicídio.

Chorão, segundo o depoimento do motorista e do segurança dele, os únicos ouvidos até o momento, passava por um momento difícil. Em São Paulo na última semana, ele trocou de hotel por quatro vezes – em todas, depois de brigar e discutir com os funcionários dos locais. Ele, então, foi para o apartamento da Rua Morás, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na segunda, 4, às 18h.

O segurança voltou para Santos enquanto o motorista marcou de buscar o músico no prédio no dia seguinte, terça, ao meio-dia. Chorão não apareceu, não atendeu aos telefonemas ou aos chamados do interfone. “Acreditamos que neste momento, ele já estava morto”, disse o delegado. “Ainda vamos aguardar o resultado do Instituto Médico Legal [IML], mas o corpo já apresentava sinais de que a morte havia ocorrido bem antes”, concluiu Vieira.

O segurança, que trabalhava com Chorão há oito anos, insistiu para que o motorista voltasse até o apartamento por volta das 20h, e novamente não obteve qualquer resposta. Com isso, na madrugada do dia seguinte, quarta, ambos os funcionários do músico subiram até o oitavo andar do prédio onde Chorão estava e abriram a porta com uma chave reserva que estava em posse do segurança.

Ali, encontraram o corpo já sem vida, deitado no chão da cozinha, entre latas de cerveja, refrigerante, garrafas vazias de vinho, caixas de remédios e um pó branco – substância que foi confirmada como cocaína pelo policial Alexandre Avilez, do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos), mas ainda negada pelo delegado do Departamento de Homicídios. Foi então que, por volta das 5h18, a polícia e o Samu foram acionados.

A destruição do apartamento e o sangue espalhado por algumas paredes e na mão do vocalista, segundo a polícia, foram causados por mais um desses acessos de raiva que faziam com que o músico perdesse a compostura e destruísse tudo o que estivesse ao seu redor. “Ele achava que estava sendo filmado o tempo todo”, disse o delegado, que se confessou surpreso ao notar o total descaso em que se encontrava o apartamento de Chorão (ele não morava no local).

A polícia, agora, aguarda a entrega final dos laudos de perícia e do Denarc, que devem chegar em até duas semanas. Enquanto isso, familiares e banda serão chamados para prestar depoimento.