Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Demônios, mortes e alucinações: a verdadeira história de Frozen, da Disney

O filme de 2013 mostra o amor entre duas irmãs - mas quase foi bem diferente e muito mais sombrio

Redação Publicado em 27/11/2019, às 15h01

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Frozen 2 (Foto: Reprodução / Disney)
Frozen 2 (Foto: Reprodução / Disney)

Frozen (2013) foi um sucesso absoluto da Disney. É a animação com maior bilheteria da história, ganhou dois Oscars e dois Globos de Ouro, e figura entre as 11 maiores bilheterias da história. Naquele ano, quase todas as crianças (e alguns adultos, também) queriam ser Elsa e Anna, as irmãs reais que salvaram o reino em que viviam.

O sucesso foi tanto que Frozen 2chegará aos cinemas ainda este ano, no dia 27 de novembro (EUA) - no Brasil, 2 de janeiro de 2020. A animação terá pré-estreia na CCXP19 em 7 de dezembro.

+++ LEIA MAIS: Nada de Vingadores: Filmes da Disney com protagonistas femininas são os que mais interessam aos brasileiros 

Porém, a história original não nasceu facilmente. A Disney Animations demorou quase 75 anos para fazê-la sair do papel, de tão sombrio que é A Rainha da Neve, conto no qual Frozen é baseado.

Existiram dezenas de versões de Frozen. Cada uma rejeitada por um motivo. E mesmo a versão recente viveu uma reviravolta radical - pois, inicialmente, Elsa seria a vilã impiedosa e Anna, a heroína.

+++ LEIA MAIS: Sessão de Frozen 2 termina em briga com facão e 5 adolescentes presos na Inglaterra 

Separamos, abaixo, alguns acontecimentos bem sinistros de A Rainha da Neve, livro de 1844,  e das versões anteriores que a Disney tinha para Frozen

A Rainha da Neve

Frozen foi baseado em A Rainha da Neve, conto de fadas publicado por Hans Christian Andersen em 1844. O autor é dono de diversos contos e fábulas infantis, alguns dos quais já adaptados pela Disney, como A Pequena Sereia. Mas as histórias do autor escandinavo são bem mais sombrias do que aquelas mostradas nas telonas. Frozen, inclusive. 

+++ LEIA MAIS: Elsa não é a primeira personagem LGBTQ+ da Disney, diz atriz de Frozen 2: "E Mulan? Ou Hércules?"

O conto original começa com alguns demônios naturais construíndo um espelho amaldiçoado que mostra o pior das pessoas. Ele se quebra, porém, em diversos pedaços. Qualquer pessoa que for atingida por um dos fractais terá o coração congelado, e nunca mais será capaz de amar. 

E isso acontece com Kai e Gerda, dois irmãos. O primeiro, um menino, fica com o coração congelado de fato, e acaba sequestrado pela Rainha da Neve, que quer destruir o mundo e usar o garoto para isso. A vilã faz com que ele esqueça a irmã, Gerda. Mas a menina, embora também tenha sido atingida, consegue se livrar da maldição por meio da oração da fé.

+++ LEIA MAIS: Elsa deveria ter uma namorada? Elenco de Frozen opina

Ela, então, parte em uma aventura para resgatar o irmão e descongelar o coração dele para que ele possa voltar a amar. Basicamente, o que Anna faz com Elsa em Frozen.


Versão Original

A Disney demorou muito para chegar em uma adaptação boa de A Rainha da Neve. Tinha dificuldade em traçar uma personalidade para a personagem, que era apenas malvada - sem motivações concretas.

+++ LEIA MAIS: Frozen 2: Com comparações inevitáveis ao original, animação encanta menos do que poderia; leia as críticas

Chegaram a uma versão na qual Elsa e Anna não seriam da realeza, e nem mesmo irmãs. Apenas morariam no mesmo reino. Elsa seria a vilã, e teria poderes de gelo. Usaria essas habilidades para congelar o próprio coração depois de ser abandonada no altar. Até que ficaria bem irritada um dia, e afundaria o reino de Arendelle na neve.

Caberia a Anna, então, uma camponesa amorosa e inocente, reverter o cenário. Depois do surto de Elsa, iria atrás da vilã para tentar impedí-la. Hans, o príncipe traíra, ainda existiria nessa versão e iria com a namorada. Mas mostraria a “verdadeira cara” ao tentar impedir Elsa com um desmoronamento de neve que cairia em cima dela, matando-a. 

+++ LEIA MAIS: Homem é preso por fazer sexo com boneco de Olaf, de Frozen, no meio de uma loja nos EUA

Mas Anna também seria esmagada nisso. Hans não se importava com isso, porque só queria acabar com aquilo e conquistar o reino. O fato de Anna estar em perigo é que convence Elsa a “descongelar” o próprio coração e salvar a menina, conquistando o “poder do amor.”


Por quê Frozen mudou tanto?

A versão final de Frozen é bem diferente. Elsa e Anna são irmãs, e a primeira tem o poder de gelo desde criança, mas não consegue controlar. Para assegurar que tanto a irmã quanto o resto do reino fiquem seguros, foge e cria um reino de gelo para viver isolada. Mas Anna vai atrás dela para trazê-la de volta.

+++ LEIA MAIS: Elsa poderá ganhar uma namorada em Frozen 3, diz site

Foi uma série de fatores que fez com que a Disney mudasse tanto a história. O primeiro deles é que achavam a história anterior muito clichê. Principalmente Elsa, que seria uma vilã clássica e sem “uma parte boa,” o que não faria sentido com a redenção do final.

A grande mudança aconteceu quando decidiram que Anna e Elsa seriam irmãs. Assim, com elas sendo próximas, era fácil construir Elsa, pois ela não seria mais uma vilã, e sim teria um medo constante de machucar a irmã. E Anna, sem conhecer os poderes, seria puramente amor pela família.

+++ LEIA MAIS: Por que o bebê Yoda de The Mandalorian é tão fofo? A ciência explica 

“Agora, nós tínhamos um personagem em Anna que era toda sobre o amor e Elsa que era toda sobre o medo,” disse Peter Del Vecho, produtor de Frozen, à EW. “Isso levou Elsa a ter um caráter mais simpatizante em termos dimensionais, e em vez do tema tradicional do bem versus o mal, tivemos um que nos pareceu mais identificável: amor versus medo, e a premissa do filme se tornou que o amor é mais forte do que o medo."

Outro fator de mudança foi a possibilidade de explorar um tipo bem diferente de “amor” do resto dos filmes de princesas da Disney: nada de um príncipe encantando. Escolheram algo muito mais tangível: amor familiar.

+++ LEIA MAIS: Dumbo, Mogli e outros clássicos recebem aviso de conteúdo ofensivo no Disney+

"Uma das coisas que Chris Buck [criador] tinha na maioria das versões do filme foi um momento em que o coração de Anna estava congelado e precisava ser descongelado. Chris disse 'Será que sempre precisa ser o beijo do amor verdadeiro que resolve esse problema? Será que sempre tem que ser o homem que vem e resgata a mulher? Poderia ser algo diferente?' e isso levou a um final diferente,” explicou Del Vecho. 

“Agora que elas são parentes, Elsa tinha seu próprio medo e seria Anna que salvaria o dia em vez de Elsa, resgatando sua irmã – e seria esse ato altruísta que descongelou o coração de Elsa,” completou, ressignificando o amor nos conto de fadas e iniciando uma nova fase da Disney com Frozen.