Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

“Se for falar de mainstream no Brasil hoje, eu não gosto de nada”, diz Digão, do Raimundos

O vocalista comandou o show mais efervescente do João Rock, que aconteceu no último sábado, 31, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo

Lucas Brêda, de Ribeirão Preto Publicado em 04/06/2014, às 13h04 - Atualizado às 13h13

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Raimundos - Lucas Brêda
Raimundos - Lucas Brêda

Quando subiu ao palco do João Rock, no último sábado, 31, com uma hora de atraso, o Raimundos já era mais aguardado do que qualquer outro artista do festival em Ribeirão Preto. Com um novo disco lançado este ano, Cantigas de Roda, o grupo liderado por Digão e Canisso se mostrou renovado, sobrepondo hits como “Mulher de Fases” e novas como “Baculejo” no repertório. Cara de mau, corda da guitarra arrebentada, chute no ar. A expressão dos músicos somada à euforia do público criou o momento mais genuíno de rock and roll no João Rock.

“A gente já incorporou de três a quatro músicas novas nos shows”, diz o vocalista Digão em entrevista à Rolling Stone Brasil, antes de subir ao palco Universitário do festival. “Já tem uma galera cantando ‘Baculejo’, que é a música de trabalho, começando a ficar com o refrão na cabeça, e está indo, cara. Está indo”.

Ao longo dos últimos dez anos, o Raimundos se reformulou. Contou com a volta de Canisso ao baixo, e entrada do baterista Caio e, este ano, lançou Cantigas de Roda, disco bancado por um financiamento coletivo. “Olha, foi uma surpresa grande”, disse Digão, que não esconde a satisfação com o resultado final do trabalho. “A forma como a gente fez foi muito real, eu estava acreditando muito”, diz. “Tudo que rolou, a união da banda, aquela coisa de todo mundo trazendo elementos e trabalhando”.

Quanto à recepção do álbum, Canisso aponta as redes sociais como um bom termômetro: “A gente tem o feedback quase instantâneo”, ele disse. “Já chegou convite assim: ‘Vocês podiam vir aqui na nossa cidade só tocar as músicas novas, só o disco novo’”. Digão acrescenta: “Depois que a gente lançou, vimos a reação dos fãs nas redes sociais, a galera pirando. Tipo assim: ‘foi tão bom esperar!’”, comenta. “Você vê as pessoas tendo orgulho daquilo. Eu fiquei de cara”.

A meta de R$ 55 mil posta pela banda não só foi atingida, como foi dobrada – e em tempo recorde. “A gente já estava se programando para fazer um caixinha, com grana nossa, dos shows mesmo”, disse Canisso. “A gente não tinha noção se ia dar certo. Tanto é que colocamos a meta do crowdfunding lá embaixo. Basicamente para custear a logística do negócio”.

Independência

“Hoje, se eu for falar de mainstream no Brasil, eu não gosto de nada”, revelou o vocalista. “Nada que toca nas grandes rádios, assim, me tira da cadeira, entendeu?”. Durante o auge, nos anos 1990, o Raimundos viveu um período de rádios como grande meio de se difundir o rock, assim como de gravadoras poderosas. Vinte anos depois do primeiro álbum, a banda dá o grito de independência, e, como não podia deixar de ser, a experiência tem sido um grande desafio.

“É muito mais difícil”, confessou Digão. “É um trabalho de formiguinha mesmo”. Canisso, por sua vez, afirma: “Difícil é muito mais gostoso”. “Se você fizer uma coisa que é fácil, você não dá o devido valor”. A nova experiência tem agradado tanto ao baixista quanto ao guitarrista e vocalista, que disse: “É um trabalho muito gratificante, porque você vê que a coisa funciona. Vê que a gente está comendo pelas beiradas”.

Digão como vocalista

Já faz tempo que o guitarrista assume os microfones do Raimundos, desde a saída do ex-vocalista do grupo, Rodolfo Abrantes, em 2001. Entretanto, como homem de frente, Digão parece estar se encontrando definitivamente nos palcos, comandando rodas de pogo, cantando com mais naturalidade e personalidade.

“Olha, eu já passei por todas as fases dessa banda. Já toquei bateria, baixo, guitarra”, ele recorda. “Eu gosto de cantar, mesmo na formação original do Raimundos, eu sempre cantei e tinha um momento no show em que eu cantava sozinho. Eu gosto de animar festa de amigos, de tocar violão. Se deixar, eu sou um chato que fica três horas tocando”, disse. “Eu me divirto muito”.