FRAUDE E LAVAGEM DE DINHEIRO

Diretor é preso por golpe com série que teria Bruna Marquezine e Keanu Reeves

Carl Erik Rinsch foi acusado de desviar US$ 11 milhões para gastar em ações quebradas, criptomoedas, carros de luxo e dois colchões de US$ 600 mil

Felipe Grutter (@felipegrutter)

Publicado em 20/03/2025, às 11h28
Carl Erik Rinsch foi preso sob acusação de desviar US$ 11 milhões destinados para série da Netflix - John Sciulli/Getty Images for Team One, Saatchi LA
Carl Erik Rinsch foi preso sob acusação de desviar US$ 11 milhões destinados para série da Netflix - John Sciulli/Getty Images for Team One, Saatchi LA

O diretor Carl Erik Rinsch, que estava escalado para comandar uma série da Netflix que nunca saiu do papel, foi preso sob acusação de fraude por supostamente desviar US$ 11 milhões destinados ao programa, que teria Bruna Marquezine e Keanu Reeves no elenco, e gastar todo esse valor em ações quebradas, criptomoedas, carros caros e dois colchões que totalizaram US$ 600 mil. 

Na última terça, 18, o cineasta foi detido sob sete acusações contra ele no Distrito Sul de Nova York. Além de fraude eletrônica, ele ainda é acusado de lavagem de dinheiro e transações monetárias em propriedades derivadas de atividades ilegais específicas. Caso seja considerado culpado de todas as acusações, Rinsch pode pegar até 90 anos de prisão.

Na totalidade, a alegação aponta que o diretor é responsável por organizar "um esquema para roubar milhões, solicitando um grande investimento de um serviço de streaming de vídeo, alegando que o dinheiro seria usado para financiar um programa de televisão que ele criava – mas isso era ficção", segundo Matthew Podolsky, procurador interino dos Estados Unidos, em comunicado que anunciou a prisão do cineasta.

Em vez disso, Rinsch supostamente usou os fundos em despesas e investimentos pessoais, incluindo opções altamente especulativas e negociação de criptomoedas.

À Rolling Stone, um representante legal anterior de Carl Erik Rinsch disse que não representava mais o diretor, que não foi encontrado imediatamente para comentar sobre o caso.

New York Times publicou uma reportagem sobre o bizarro desenrolar do programa White Horse (mais tarde renomeado Conquest) em novembro de 2023, descobrindo que, apesar da Netflix ter investido US$ 55 milhões no projeto de Rinsch, o diretor nunca entregou um único episódio. Em entrevistas com o elenco e a equipe do programa – além de uma análise de documentos judiciais, textos e e-mails – ele foi acusado de gastos luxuosos, de se tornar cada vez mais errático e de fazer afirmações absurdas sobre a transmissão da Covid-19.

O seriado entrou produção entre 2016 e 2017 com colaboração de duas empresas de mídia para produzir seis episódios curtos, segundo acusação de 14 páginas obtida pela Rolling Stone. Em 2018, Rinsch assinou um acordo com uma empresa de streaming, que entre junho de 2018 e outubro de 2019 pagou “aproximadamente US$ 44 milhões por White Horse”.

Então, em março de 2020, Rinsch solicitou mais fundos para concluir as filmagens do programa e US$ 11 milhões foram transferidos para a produtora de Carl Erik Rinsch, conforme a acusação. Porém, ao invés de usar os fundos para finalizar White Horse, Rinsch é acusado de transferir grande parte dos fundos para uma conta pessoal de uma corretora, na qual usou o dinheiro para jogar no mercado de ações. 

As negociações de Rinsch não foram bem-sucedidas e, em menos de dois meses depois de receber US$ 11 milhões da Streaming Company-1, a RINSCH perdeu mais da metade desses fundo.
Rinsch, o réu, nunca concluiu o White Horse e nunca devolveu os fundos obtidos de forma fraudulenta à Streaming Company-1”, alegou a acusação.

+++LEIA MAIS: O diretor que supostamente gastou US$ 11 milhões da Netflix em criptomoeda, carros de luxo e mais, segundo jornal