O longa-metragem brasileiro foi disponibilizado no mês de outubro na Netflix
Alice Júnior é o filme adolescente que você precisa assistir hoje. A produção explora a típica narrativa de uma jovem que tenta entender qual o lugar dela no mundo enquanto lida com a impopularidade na escola e os primeiros dilemas amorosos.
Logo nos primeiros minutos, vemos que a obra aposta em uma linguagem bem atual com cenas que simulam gravações de um vlog e efeitos especiais que imitam a estética das redes sociais.
Mas o que chama atenção mesmo no longa-metragem é o perfil da protagonista, que traz uma trama totalmente inovadora tanto para a cena nacional quanto para a internacional das produções juvenis.
Alice Júnioré uma garota trans pernambucana que sonha com o momento de dar o primeiro beijo. Mas, quando estava prestes a realizar este desejo, ela se muda com o pai para Araucárias do Sul, no Paraná.
Como no conto Alice no País das Maravilhas, a personagem é jogada em uma realidade que aparenta ser de outro mundo. Longe do ambiente inclusivo de Recife, ela precisa enfrentar o conservadorismo que reina na pequena cidade sulista e, principalmente, na escola católica onde é matriculada.
Por meio de um enredo familiar e uma abordagem adolescente, o filme consegue aproximar os jovens de um tema muito importante e pouco discutido: a violência sofrida por pessoas trans no cotidiano no país que mais mata transexuais no mundo, segundo dados da Trans Murder Monitoring.
Ainda não foi convencido a assistir Alice Júnior ? Então, confira os 6 motivos da Rolling Stone Brasil para você assistir o longa hoje mesmo:
Cheio de representatividade, Alice não é a única personagem LGBTQIA+ representada no longa-metragem dirigido por Gil Baroni, o qual também retrata jovens gays, lésbicas e bissexuais. Além de representar diversas siglas da comunidade LGBTQIA+, a obra também aborda os conflitos e as conciliações entre elas.
A atriz Anne Mota, que dá vida à Alice, acredita que o filme é importante por mostrar que a vida de pessoas trans vai além da violência.
“Se a pessoa for resumir a vida de uma pessoa trans como uma pessoa que sofre violência 24h por dia, todo dia, é complicado. Minha vida não é assim e eu sou uma pessoa trans. Eu já sofri muita transfobia”, disse a artista, que também é trans, para a Toda Teen.
Ela continuou: “Eu tenho um canal no Youtube onde abordo isso diversas vezes, e não estou dizendo aqui que não existe transfobia. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans. Mas Alice Júnior está mostrando que a vida de pessoas trans não é só violência. Também temos alegrias”.
Ao longo do filme, Alice começa a sentir mais segura quando percebe que muitas meninas estão dispostas a defendê-la das ofensas dos garotos da escola. E o movimento de sororidade cresce ao ponto de derrubar as imposições transfóbicas do colégio católico.
A personalidade desbocada de Alice, com certeza, é responsável por muitos momentos engraçados do filme. Mas, o longa também conquista o espectador com um humor do “jeitinho brasileiro”: cheio de memes da Gretchen e expressões populares da internet e comunidade LGBTQIA+.
Para completar a identidade brasileiríssima do filme, a trilha sonora conta com vários artistas nacionais, como Nação Zumbi, Pabllo Vittar, Ludmilla, Duda Beat, Gloria Groove, MC Xuxu e Luísa e Os Alquimistas.
O filme ainda termina com uma mensagem emocionante de autoaceitação e resistência, que não vale apenas para as pessoas LGBTQIA+, mas para todos aqueles que estão no caminho de se libertar das construções sociais.
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