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Notícias / Violência

DJ francesa recebe ameaças após participar de suposta "Última Ceia" na Olimpiada

Em comunicado no Instagram, Barbara Butch informou que foi ameaçada de morte, tortura e estupro; organizadores do evento negaram relação da cena com passagem bíblica

Rodrigo Tammaro Publicado em 30/07/2024, às 16h10

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Cena de suposta Última Ceia e a DJ Barbara Butch (Imagem: Reprodução/Olympics e Reprodução/BarbaraButch)
Cena de suposta Última Ceia e a DJ Barbara Butch (Imagem: Reprodução/Olympics e Reprodução/BarbaraButch)

A polêmica envolvendo uma suposta paródia da Santa Ceia na abertura das Olimpíadas ganhou um novo capítulo, que ultrapassa os limites e vai além das discussões sobre a cena apresentada na cerimônia ocorrida no último dia 26.

Isso porque a DJ e ativista francesa Barbara Butch comunicou que recebeu ameaças de morte depois de participar do evento.

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"Desde a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a artista, DJ e ativista Barbara Butch tem sido alvo de uma campanha extremamente violenta de assédio cibernético e difamação”, afirmou a advogada de Butch, Audrey Msellati, em uma declaração publicada no Instagram.

Ela foi ameaçada de morte, tortura e estupro e também foi alvo de vários insultos antissemitas, homofóbicos, sexistas e gordofóbicos.”

De acordo com a advogada, a artista planeja registrar queixas e processar qualquer um que tente intimidá-la no futuro.

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“Barbara Butch condena o ódio direcionado a ela, o que ela representa e o que ela defende”, continuou a declaração. “De fato, seus compromissos e valores pessoais de benevolência, inclusão e amor ao próximo sempre estiveram no coração do seu projeto artístico: promover festividades para todos, independentemente de idade, orientação sexual, origem, religião ou gênero.”

Líderes políticos e religiosos, além de artistas e outras celebridades, têm compartilhado opiniões diferentes sobre o momento na cerimônia. Mesmo diante das controvérsias e ameaças, Butch diz que se sente extremamente honrada pela oportunidade de participar do evento.

A artista afirmou que, no início, ficou em silêncio na expectativa de que as ameaças acabassem, o que não aconteceu.

Por meio do meu trabalho de DJ e do meu ativismo, sempre promovi amor e inclusão — para mim, é isso que salvará o mundo, mesmo quando ele estiver desmoronando”, ela escreveu. “Hoje, no entanto, sou alvo de mais um — particularmente violento — assédio cibernético.”

“Eu nunca tive vergonha de quem eu sou, e assumo a responsabilidade por tudo — incluindo minhas escolhas artísticas”, completou Butch. “Durante toda a minha vida, eu me recusei a ser uma vítima: eu não vou me calar. Eu não tenho medo de quem se esconde atrás de uma tela para espalhar ódio e frustração. Eu estou comprometida e orgulhosa. Orgulhosa de quem eu sou, do que eu sou, e do que eu represento."

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Entenda o caso

Barbara Butch foi uma das artistas presentes no quadro “Festividade” na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

Na cena, um grupo de pessoas – que incluiu drag queens, uma modelo transgênero e um cantor nu fantasiado como o deus grego do vinho, Dionísio – aparecem em volta de uma mesa no que seria uma paródia da "Última Ceia", pintura de Leonardo da Vinci inspirada na passagem bíblica.

Após a polêmica e a repercussão negativa, especialmente entre grupos da extrema direita, os organizadores do evento se pronunciaram sobre o caso

O diretor artístico da cerimônia de abertura, Thomas Jolly, esclareceu em entrevista ao canal BFM-TV que a cena não é uma paródia da obra de da Vinci.

“É Dionísio na mesa. E por que ele está lá? Primeiro e principalmente porque ele é o deus da celebração na mitologia grega e a cena é chamada de 'Festividade'”, explicou Jolly. 

“Ele também é o deus do vinho, que é uma das joias da França, e o pai de Sequana, a deusa do rio Sena. A ideia era representar uma grande celebração pagã, ligada aos deuses do Olimpo e, portanto, às Olimpíadas”, justificou.

Já a porta-voz de Paris 2024, Anne Descamps, se desculpou pelo ocorrido. “Claramente nunca houve a intenção de desrespeitar qualquer grupo religioso”, afirmou.

“Nós realmente tentamos celebrar a tolerância comunitária. Olhando para o resultado das pesquisas que fizemos, acreditamos que esse objetivo foi atingido. Se as pessoas se sentiram ofendidas, claro, lamentamos muito.”