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Do improviso de Hermeto Pascoal ao jazz ensaiado de Osmar Milito

Festival Copa Fest teve música instrumental para todos os gostos neste fim de semana, no Rio de Janeiro

Por Christina Fuscaldo Publicado em 19/04/2010, às 12h49

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No palco do mais tradicional hotel do Rio de Janeiro, o Copacabana Palace, nomes como Hermeto Pascoal, Marcos Valle e César Camargo Mariano fizeram uma plateia heterogênea lembrar que a música instrumental é mesmo cheia de nuances. Integrantes junto a outros da programação do festival Copa Fest, que chegou à segunda edição com boa receptividade do público, eles se dividiram de sexta-feira, 16, a domingo, 18, para agradar a todos os gostos. De quem gosta de música sem letra, claro.

O show de abertura, comandado por Zé Luis e Banda Magnética, gerou comentários positivos de pessoas "comuns", de membros da classe artística e jornalistas presentes no local. Esse carioca radicado em Nova York há 20 anos, que já tocou com Caetano Veloso, Ney Matogrosso e Cazuza, comoveu ao levar nove jovens com idades entre 14 e 25 anos para tocar seus arranjos. Na mesma noite, Hermeto Pascoal fez os presentes se remexerem nas cadeiras. Roteiro? Nem pensar! O barbudo entrou em cena tocando um teclado Roland e, durante o longo show que apresentou no Copa Fest, foi de flauta a escaleta, passando pela chaleira. E também teve o patinho de plástico

Uns diziam que tinha a ver com as entrevistas que deu antes de subir ao palco. Outros disseram que foi culpa do profissional responsável pelo som. Hermeto foi o único artista do festival a ter problemas técnicos durante seu show. Mas, bem humorado, não perdeu a piada e os estouros e microfonias viraram elementos (ou instrumentos) para improvisação. Sua banda mostrou virtuosismo do início ao fim. Destaque para a participação de integrantes da Orquestra Itiberê. Hermeto Pascoal Sexteto foi o grupo mais ovacionado do evento.

Sábado, 17, teve Chico Pinheiro Quarteto, Marcos Valle e César Camargo Mariano acalmando os ânimos com shows mais ensaiados. Conhecido como um grande guitarrista, que já acompanhou Dave Holland, Esperanza Spalding, Dori Caymmi e Rosa Passos, Chico levou seu violão ao Copacabana Palace. Apresentando Jet Samba, um projeto que virou disco e show instrumental, Marcos Valle acertou em cheio na escolha do repertório e nas histórias que contou. Renderam boas risadas e confirmou a simpatia do público "Adam's Hotel", que fez em Nova York para um hotel que já não existe mais, e "Lost in Tokio Subway", composta no Japão, quando se perdeu dos amigos e não sabia como voltar ao lugar certo. Antes de apresentar "Campina Grande", Valle, sempre ao teclado, contou que o primeiro ritmo pelo qual se apaixonou foi o baião. O ar de sofisticação só foi quebrado quando ele tocou "Um Novo Tempo", canção tema do Natal da TV Globo.

O mais contido de todos, mas não menos simpático, César Camargo Mariano emocionou e se emocionou algumas vezes durante o show no Copa Fest. Acompanhado do baterista Jurim Moreira e do baixista Marcelo Mariano, seu filho, o pai de Maria Rita e Pedro Mariano lembrou de quando se apaixonou pela trilha sonora do filme Adeus às Ilusões e tocou "The Shadow of Your Smile". Depois, chegou e embargar a voz ao falar sobre os amigos já falecidos Sebastião de Oliveira e Johnny Alf. Um show de virtuosismo que só dispensaria um pouco das falas, às vezes longas demais.

O encerramento do Copa Fest teve Osmar Milito Trio surpreendendo os que foram lá conferir se ele ainda dá conta do recado. Ao piano, acompanhado pelos virtuoses Rafael Barata (bateria) e Augusto Mattoso (baixo), Milito foi de Miles Davis a Gershwin, passando por Chico Buarque, com uma belíssima leitura de "Retrato em Branco e Preto". A sensação era a de que, dentro de cada um dos músicos do palco, havia a mistura do jazz com a ginga que só os brasileiros têm, tudo muito ensaiado. Se o sábado foi cansativo por ter três atrações seguidas, o domingo careceu de um outro nome para dividir a responsabilidade com Osmar Milito, que acabou levando menos gente ao Copacabana Palace.