Conheça o projeto Brasil Heavy Metal, que pretende narrar o surgimento do gênero no país
“Um baile em Vitória da Conquista, no meio de um curral, com sol de 40 graus e os caras batendo cabeça, ouvindo metal com as vacas do lado – isso em 1983”, enche a boca Ricardo Michaelis, ex-guitarrista do grupo Santuário, descrevendo uma das cenas obtidas para o filme Brasil Heavy Metal, que resgata a origem do gênero no país.
Nos últimos oito anos, Michaelis – ou “Micka”, também diretor da produtora Ideia House – colheu mais de 80 depoimentos de músicos (Andreas Kisser, João Gordo, Igor Cavalera, Robertinho do Recife), jornalistas, produtores e donos de lojas de discos, entre outros, para o docudrama. “Divulgamos um teaser e ele despertou uma curiosidade espontânea”, explica, notando que o projeto “só foi ganhando em ousadia” e já rendeu até um disco com músicas inéditas de bandas dos anos 1980.
Nesta sexta-feira, 11, a assessoria de imprensa do projeto anunciou que a campanha de financiamento coletivo do filme atingiu – e ultrapassou – a meta estabelecida para a finalização do longa, de R$ 80 mil. Segundo o idealizador, Brasil Heavy Meatl já está mais de 80% montado, muito próximo de ser finalizado (uma data de lançamento, contudo, não foi anunciada).
Com imagens de arquivo jamais divulgadas e algumas cenas dramáticas – a encenação da história de dois garotos ilustra os depoimentos, com os meninos vivendo momentos parecidos com os descritos pelos entrevistados –, Brasil Heavy Metal retrata o período entre 1980 e 1989, quando o gênero se consolidou no país.
“Depois que captamos os depoimentos de personagens pelo país todo, decidimos criar a dramaturgia”, explica Micka. “Criamos as cenas como se fossem a história de dois garotos, adolescentes, que, no começo dos anos 1980, resolvem montar uma banda de heavy metal”. Atuam no docudrama os atores Hesley Borragini e Luiz Marchioro (foto acima).
O diretor conta que tomou a iniciativa de fazer o projeto por ter participado no movimento inicial do gênero pesado no Brasil – como guitarrista. “Eu tinha uma banda, e eu estava ali naquele bolo, naquela molecada, naquele momento”, assume. “Percebi que, nos anos 2000, não tinha muita informação a respeito do assunto. Se tivesse uma forma de documentar, colocando em ordem cronológica, organizada, quem fosse mais jovem poderia conhecer melhor.”
Com a meta de crowdfunding atingida, o filme sai este ano, sem distribuição comercial, apenas para quem colaborou com o financiamento do projeto. Há a possibilidade de serem feitas exibições me salas de cinema selecionadas – se os eventos forem promovidos por fãs e admiradores interessados. “É de fã para fã”, frisa Micka. “E quem comprar vai merecer esse material.”
Apesar de atingida a meta, a campanha continua, para quem quiser contribuir com Micka e a produção do longa. Clique para saber mais.