Drake entra com recurso e tenta reativar processo por difamação contra gravadora
Um juiz havia anteriormente rejeitado a ação movida contra a Universal Music Group, afirmando que as supostas letras difamatórias de Kendrick Lamar em “Not Like Us” se enquadravam como uma “opinião não passível de ação judicial”
Nancy Dillon
Cumprindo sua promessa, Drake entrou oficialmente com um aviso formal de apelação no tribunal federal de Manhattan na última quarta, 29, iniciando oficialmente o processo para tentar reativar seu processo por difamação contra a Universal Music Group, relacionado à faixa “Not Like Us”, de Kendrick Lamar, vencedora do Grammy.
Um juiz federal havia rejeitado a ação em 9 de outubro, afirmando que as letras da música — que se referem a Drake como um “pedófilo certificado” — constituíam uma “opinião não passível de ação judicial”. Drake prometeu recorrer imediatamente após a juíza Jeannette A. Vargas emitir sua decisão. Em seu aviso de apelação, o rapper afirmou que pretende reverter a decisão da juíza por meio de uma ação na Corte de Apelações do Segundo Circuito.
“Isso confirma nossa intenção de recorrer, e esperamos que a Corte de Apelações analise o caso nas próximas semanas”, disse um porta-voz de Drake em comunicado à Rolling Stone nesta quarta-feira.
“A questão neste caso é se ‘Not Like Us’ pode ser razoavelmente entendida como uma afirmação factual de que Drake é um pedófilo ou de que ele manteve relações sexuais com menores. À luz do contexto geral em que as declarações foram feitas, o tribunal entende que não”, escreveu a juíza Vargas em sua decisão, que Drake agora contesta. “O ouvinte médio não tem a impressão de que uma diss track é o resultado de uma investigação cuidadosa ou imparcial, destinada a transmitir ao público um conteúdo verificado e factual.”
A UMG não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Mas, em uma declaração anterior enviada à Rolling Stone, a gigante da música disse estar satisfeita com a decisão do tribunal. “Desde o início, este processo foi um insulto a todos os artistas e à liberdade de expressão criativa, e nunca deveria ter chegado tão longe”, afirmou um porta-voz. “Estamos satisfeitos com a rejeição da ação e ansiosos para continuar promovendo com sucesso a música de Drake e investindo em sua carreira.”
Drake havia movido a ação em janeiro, alegando que “Not Like Us” foi “criada com a intenção de transmitir a acusação específica, inequívoca e falsa de que Drake é um pedófilo criminoso”. O rapper não processou Lamar, apenas a gravadora que ambos compartilham. Ele afirmou que a UMG sabia que a acusação era falsa quando distribuiu a faixa, além de acusar a empresa de trabalhar secretamente com o Spotify para impulsionar a popularidade de “Not Like Us”. A UMG negou as acusações em uma dura moção pedindo a rejeição do processo.
Ao arquivar o caso, a juíza Vargas afirmou que as alegações de difamação precisavam ser analisadas dentro do contexto da longa batalha de rap entre Drake e Lamar, “na qual ambos os participantes trocaram insultos e acusações progressivamente mais ácidos e inflamados”. A juíza chegou a citar a faixa lançada por Drake antes de “Not Like Us”, “Taylor Made Freestyle”, que continha uma voz gerada por IA de Tupac provocando Lamar a falar sobre Drake “gostar de garotas jovens”.
Ela declarou que “Not Like Us” não era uma obra isolada e “precisava ser colocada em seu contexto factual apropriado”. A juíza escreveu que os versos de Lamar — como “Say Drake, I hear you like ‘em young” (“Ei, Drake, ouvi dizer que você gosta delas jovens”) — “devem ser avaliados” em relação à “Taylor Made Freestyle” de Drake, acrescentando: “A semelhança nas palavras sugere fortemente que esse verso é uma resposta direta às letras de Drake na música anterior.”
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