Apresentação no Planeta Terra é prejudicada por irregularidade do novo álbum
Confirmar o hype com o segundo álbum é mais difícil do que chegar ao posto de “banda mais quente do momento”. O quarteto do The Drums sabe bem disso. E, durante a apresentação do grupo no Planeta Terra, como penúltima atração do palco indie, tudo ficou claro.
A diferença entre The Drums e Portamento, discos lançados em 2010 e 2011, respectivamente, era evidente – mesmo que nenhum disco da banda tenha saído oficialmente no Brasil. Enquanto as canções do primeiro álbum eram cantadas e dançadas por um público reduzido e animado, o punhado de músicas de Portamento foram recebidas com frieza.
A tarefa do The Drums, logo de início, já não era das mais fáceis: brigar por atenção contra o Garbage, cujo show havia começado alguns minutos antes. O público visivelmente era menor do que os presentes durante os shows anteriores no palco secundário. Mas nem o trunfo de que os presentes eram fãs da banda ajudou Jonathan Pierce e sua turma.
O Drums abriu a apresentação com a fria “What You Were”, do segundo álbum, mas logo encaixou “Best Friend”, uma melancólica canção sobre um amigo morto do vocalista, sucesso do grupo quando eles despontaram.
“Me and the Moon”, “Let's Go Surfing”, música que apresentou a banda ao mundo, “Book of Stories” e “Forever and Ever, Amem”, garantiram bons momentos do show. São o encontro melodias dançantes e letras bem pensadas. Uma fórmula irresistível para os fãs das bandas mais depressivas dos anos 80, como o Smiths.
Pierce, ainda que mais contido do que da última vez que a banda veio ao Brasil, em 2011, é um verdadeiro showman. Seu cabelo loiro cortado no estilo “tigelinha” balançava a todo momento e sua coreografia era afinada com o som da banda, principalmente às agudas linhas de baixo, no melhor estilo de Peter Hook no Joy Division e New Order. Mas a inconsistência do segundo álbum quebrou o ritmo da apresentação.
Da nova safra, vieram “Book of Revelation”, “Days”, “I Don’t Know How To Love”, “If He Like It Let Him Do It” e o single “Money”. Destas, apenas as duas últimas tiveram algum efeito positivo do público. Mas ainda foi pouco para o Drums, que foi apontado há dois anos como grande salvação do indie pop, com sua melancolia sacolejante.