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“É difícil manter uma banda por muito tempo”, diz Kiko Loureiro, guitarrista e fundador do Angra

O grupo se apresenta pela primeira vez no Brasil com o vocalista italiano Fabio Lione, no festival Live ‘N’ Louder

Pedro Antunes Publicado em 12/04/2013, às 19h50 - Atualizado às 20h16

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Angra - Divulgação
Angra - Divulgação

Kiko Loureiro não se intimida com os desgastes que o tempo impõe. É o seu segredo para manter o Angra em pé, vivo, depois de 20 anos de carreira, turnês no exterior e debandadas e chegadas de integrantes. O guitarrista fundador do grupo aprendeu que, às vezes, é impossível lutar contra o inevitável. Talvez justamente por isso, a última despedida da banda, a saída de Edu Falaschi, oficializada em maio de 2012, tenha sido tão suave. “Já sabíamos disso um ano antes de ele anunciar”, contou o músico. “Eu cheguei e falei com ele e colocamos uma data para ele decidir. Mas deixamos que ele fizesse o anúncio, para não ter mal entendidos.”

O Angra, uma das maiores bandas brasileiras de heavy metal, reergueu-se depois do convite para tocar no cruzeiro norte-americano 70.000 Tons of Metal, cujo nome autoexplicativo mostra se tratar de um passeio de navio dedicado a artistas e fãs metaleiros, em janeiro deste ano. Ao invés de selecionar algum vocalista brasileiro para substituir Edu, Kiko, Rafael Bittencourt (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Ricardo Confessori (bateria) foram atrás do experiente cantor Fabio Lione, italiano de nascimento, voz de bandas como Rhapsody of Fire, Vision Divine, Ayreon, Labyrinth. “Acho que os fãs do Angra gostam também das bandas dele e gostariam de vê-lo cantando as nossas músicas”, diz ele. A resposta positiva no show do cruzeiro – “que não tem nada a ver com o cruzeiro do Roberto Carlos”, emendou, brincando, Kiko – os levou a dar sequência ao projeto. Chegou, então, o convite para o Live ‘N’ Louder, que será realizado neste domingo, 14, no Espaço das Américas.

A banda foi integrada a uma programação pesada, que será aberta por Molly Hatchet (às 17h30), seguida por Sodom (às 18h35), Loudness (às 19h40) e Metal Church (às 20h45). O Angra sobe no palco às 21h50, apenas antes do Twisted Sister, que está programado para encerrar o festival roqueiro às 22h50.

O último disco de estúdio da banda foi Aqua, cuja turnê se encerrou em 2011, com uma apresentação no Rock in Rio, no Rio de Janeiro. Com isso, o caráter dessa apresentação é uma celebração à própria carreira do Angra, que teve, recentemente, duas coletâneas lançadas, por gravadoras do Japão e da Alemanha. Ainda que Best Reached Horizons seja o nome de ambas, o conteúdo é bastante diferente. O selo alemão preferiu lançar um CD duplo, um deles com os maiores sucessos na voz de Andre Matos, que cantou na banda de 1991 a 2000, e o outro com Edu, nos microfones de 2000 a 2012. Já a coletânea que saiu no Japão fez uma versão com as músicas escolhidas pelos próprios fãs no primeiro CD, e o outro, um DVD, compila os clipes da banda.

Kiko, hoje aos 40 anos, sabe que não precisa apressar as coisas. A escolha do novo vocalista, por exemplo, está sendo levada pela banda aos poucos. Eles planejam transformar o processo seletivo em uma espécie de reality show. “Mas não é nada de Big Brother Brasil”, avisa o músico. A ideia é mostrar os bastidores que envolvem a escolha da nova voz do Angra, não apenas a performance do cantor ao microfone, mas toda a sua personalidade. “O fã vai querer uma voz boa, mas nós queremos mostrar a personalidade deles, porque somos nós que teremos que conviver com o cara por 24 horas por dia”, disse Kiko. “Já temos uma produtora, mas estamos analisando qual é a melhor forma de publicar isso, se é em um canal menor ou no próprio YouTube”, explica.

Duas décadas de banda

O ano de 2013 também marca os 20 anos desde o lançamento de Angels Cry, primeiro disco da banda. “A gente até pensou em fazer algo, sim”, afirma Loureiro. Primeiro, contudo, eles decidiram falar com o vocalista daqueles primeiros discos, Andre Matos. “Não nos falávamos há muito tempo”, conta. “Mas ele não quis sequer tomar um café ou uma cerveja. Então, pensamos que não valia a pena seguir com o projeto.” O formato, na época, estava em aberto: poderia ser um show grande, uma turnê, ou algo mais íntimo. Tempos depois, porém, o vocalista, atualmente em carreira solo, afirmou ao programa de rádio Heavy Nation que o Angra deveria acabar.

Kiko Loureiro é educado e não se altera com o comentário. “É a opinião dele, né?”, diz. “Acho que todo mundo deve ter o dilema pessoal de continuar tocando ou procurar outra coisa para fazer da vida. Hoje em dia, nós damos uns tempos. Não encerramos a banda, mas fazemos isso, entende? Morei no exterior no ano passado, tive uma filha, a gente hoje tem outra dinâmica de vida.”

O tempo segue em ritmo diferente para a banda hoje, que aprendeu com separações e recomeços. Sempre ao lado do outro guitarrista da banda, Rafael, com quem Loureiro toca desde os 17 anos, ele segue com o Angra na velocidade deles. "Damos uma hibernada e, de repente saímos em turnê, fazemos um disco”, conta. “É difícil manter uma banda por muito tempo.”

Live ‘N’ Louder

Domingo, dia 14 de abril, às 17h30

Local: Espaço das Américas - R. Tagipuru, 795- Barra Funda.

Ingressos: R$ 300 a R$ 500.

Informações e vendas: No (11) 2027-0777 ou no site Ticket 360.