A atriz e o cantor Lenny Kravitz, que interpreta Cinna no filme, comentam o segundo capítulo da cinessérie, Em Chamas
Depois do indiscutível sucesso que a adaptação do primeiro livro teve nos cinemas, Jogos Vorazes retorna com o filme do segundo livro, Em Chamas, que estreia nesta sexta, 15. A heroína Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), que no primeiro filme venceu os terríveis Jogos (em que perder a competição significa morrer), agora precisa encarar o Massacre Quaternário, versão comemorativa e ainda mais cruel do evento, com novas regras, mas ainda servindo como um reality show transmitido para todos e que funciona como o entretenimento local, que entra em um clima de princípio de rebelião.
“Esse mundo é similar o suficiente ao nosso para que a gente sinta que isso é realmente algo que pode acontecer se a gente não continuar lembrando a nós mesmos de que a esperança é mais forte do que o medo; de que amor família e virtude são sempre mais importantes do que superficialidade, controle e poder”, diz Elizabeth Banks, que interpreta a extravagante Effie Trinket, responsável por sortear e acompanhar os tributos do Distrito 12, de onde surgem os heróis Peeta (Josh Hutcherson) e Katniss. “Ela é uma adolescente rebelde e todos eles se identificam com isso [risos<>]. Todo adolescente não gosta dos adultos que cuidam da vida deles. E no caso da Katniss, as pessoas encarregadas de comandar as coisas são uns imbecis e eles influem em todos os aspectos da vida dela. Então, é muito fácil de se relacionar com a história. ‘Eu sou adolescente e minha vida é uma droga’.”
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Esses adultos, no caso, pertencem a um governo e uma capital extremamente cruel e opressora, que usa a morte de jovens do país como entretenimento/uma forma de manter a política do medo devidamente instaurada e funcionando. Enquanto isso, a Capital é povoada por uma elite rica, alienada e com um senso estético extravagante.
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“A Capital é uma metáfora para uma sociedade exploradora e auto-indulgente”, analisa o cantor Lenny Kravitz, que interpreta Cinna, figurinista de personalidade mais sóbria, um contraste bem-vindo à personagem de Banks. “Se você pensar o tipo de coisa que costumava chocar as pessoas no passado... por exemplo, Psicose. Quando a mulher é morta no chuveiro, não tem nada na cena, fica tudo implícito pelo ângulo da câmera e isso apavorava as pessoas!”, reflete. “O que será que vai chocar as pessoas em 100 anos, o que será que veremos no futuro?”
“Minha personagem, é basicamente uma representação da Capital, a decadência e indulgência das pessoas”, continua Banks. “O estilo de Effie representa a vida interior dela, que está constantemente tentando tirar o melhor que pode de situações terríveis - vai a eventos em que vai sortear nomes de adolescentes para que eles morram, mas fazer isso da forma mais ensolarada e feliz que puder”, diz, destacando que ela não é incapaz de mudar e lutar contra essa situação.
“Uma das coisas legais desse filme é que Effie evolui como pessoa”, diz a atriz. “Ela representa o ‘expectador’ em situações ruins. Ao longo da história, criamos situações terríveis: a Alemanha nazista, a Síria, escravidão... enfim, há muitas representações desse mundo. Sempre tivemos pessoas que não estavam no lado certo da questão e aceitavam o status quo. Essa é a Effie, ela tem medo de fazer a diferença. Ela não é a Katniss, não tem essa coragem. Mas os olhos dela podem ser abertos, as pessoas podem evoluir e mudar de ideia. Eu gosto que com a Effie posso servir de barômetro da audiência, vemos por meio dos olhos dela como alguém ser mudado.”
Sobre o sucesso do filme, Banks credita a autora e a protagonista como os grandes trunfos da franquia. “O mais importante foi envolver a autora [Suzanne Collins], ela é uma matriarca do processo. Ela revê tudo nos roteiros. Além disso, captamos bem a essência desse mundo, de Katniss, que é uma heroína incrível. E como acertamos com ela, escalando Jennifer Lawrence, o resto funciona a partir daí.”