O ator se manifestou contra a declaração do diretor, que quer a exclusão dos filmes de streaming das premiações de cinema
Edward Norton entrou na briga entre Steven Spielberg e Netflix. O ator defendeu o streaming, depois do cineasta ter iniciado um movimento na indústria cinematográfica para impedir que os filmes da plataforma pudessem concorrer ao Oscar.
E o ex-Bruce Banner não apenas tomou um lado, como também falou sobre qual é, na opinião dele, o real culpado pela experiência de ir ao cinema não ser tudo aquilo que poderia ser.
"São as redes de cinema que estão que estão destruindo a experiência", disse Norton em entrevista ao The Daily Beast.
Norton apontou que a qualidade da projeção nos cinemas piorou, porque as redes não seguem os padrões de exibição de luz e som exigidos pela produção do filme.
“Muitos cineastas e diretores de fotografia, que eu sei que realmente começaram a investigar isso, dizem que mais de 60% dos cinemas norte-americanos usam o projetor com quase metade da luminosidade exigida por contrato para executá-lo. Eles exibem um som de baixa qualidade e uma imagem escura."
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O ator contou que percebeu a baixa qualidade de exibição quando foi testar salas de cinema para a estreia do filme escrito, produzido e estrelado por ele, Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe. Ele notou que a sala projetava um filme com o controle de qualidade 6,2 quando deveria estar com qualidade 14.
"Isso significa que estava literalmente funcionando com menos da metade da luz que deveria estar lá [...] Se entregassem o que deveriam entregar, as pessoas diriam: 'Uau, isso é incrível, eu não entendo isso em casa."
Ele ainda reforçou a necessidade dos espectadores se manifestarem para garantirem o direito de assistir a filmes com a qualidade pela qual eles pagam.
"Eu quero que as pessoas literalmente entrem no cinema, encontrem o gerente e digam: 'Se isso parecer escuro, você vai devolver meu dinheiro, porque estou pagando [...] Tipo, vá recuperar seu dinheiro. [...] Eu acho que devemos nos unir para isso. Eu realmente faço", disse.
No início do ano, Spielberg declarou que os filmes de plataformas de streaming não deveriam concorrer ao Oscar ou qualquer outra premiação de cinema. O diretor escreveu um email para o New York Times explicando a posição em defesa da tradição do cinema.
Em resposta ao cineasta, Norton enfatizou a importância da Netflix no investimento de produções que fogem do padrão de Hollywood e na distribuição dos filmes em todo o mundo de forma acessível:
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"Se eu discordei de alguém, com grande respeito, foi Spielberg. A Netflix investiu mais em Roma do que qualquer produtora e qualquer estúdio. Eles colocaram um filme em preto e branco em espanhol nos cinemas de todo o mundo. Centenas de cinemas, não em apenas alguns, mas em tantos quanto a Sony Pictures Classics teria colocado. [..] Muita coisa acontece por causa da Netflix, e que estava acontecendo na vanguarda, que representa um período sem precedentes de uma oportunidade para que muitos tipos de histórias e vozes sejam ouvidas, contadas e comemoradas. É incrível o que está acontecendo."
Para o Oscar 2020, a Netflix irá apostar no filme O Irlandês, dirigido por Martin Scorsese e estrelado por Robert de Niro, Al Pacino e Joe Pesci. O longa já foi exibido no Festival de Cinema de Nova York e aclamado pela crítica e sites de avaliação, como o Metacritic (que soma opiniões do público e de especalistas) no qual a produção registra 92 pontos de 100.
Ele também será apresentado em alguns cinemas e entrará no catálogo da plataforma de streaming no dia 27 de novembro.