Paul McCartney e John Lennon não se decidem sobre a autoria da canção
Há 50 anos, “Love Me Do” chegou às rádios inglesas. Quatro garotos com sotaque carregado de Liverpool traziam um frescor para a música de 1962. E, veja só, dez anos depois, o frescor já havia se tornado revolução. E aquele quarteto se tornou a maior entidade da música que se tem notícia. Cada integrante dos Beatles, no entanto, tem uma relação diferente com a música que lhes abriu as portas.
A memória também dificulta quando é preciso lembrar o processo de composição da canção. Os discursos de Paul McCartney e John Lennon, por exemplo, vão para sentidos opostos.
Segundo se lembra o baixista, a música foi uma coautoria entre a dupla mais famosa de Liverpool. “Talvez tenha sido uma ideia original minha, mas muitas das nossas músicas foram divididas em meio a meio. Eu acho que [”Love Me Do”] foi uma dessas. Éramos apenas Lennon e McCartney sentados sem nenhum dos dois ter uma ideia particularmente nova”, disse Paul.
Para John, tudo seguiu de forma diferente. E ele é taxativo, sua participação foi mínima: “‘Love Me Do’ é uma música do Paul”, ele disse, em 1980. “Deixe-me pensar: eu talvez tenha ajudado em alguma coisa, mas eu não poderia ter certeza. Eu sei que ele tinha essa música em Hamburgo, muito antes de nos tornarmos compositores”.
A música foi gravada com três bateristas diferentes (leia mais aqui), algo que sempre incomodou o então recém-chegado Ringo Starr. “Eu fiquei arrasado porque George [Martin, produtor] tinha dúvidas sobre mim”, disse Ringo. “Eu cheguei preparado para gravar quando escuto: ‘Agora temos um baterista profissional’. O velho George pediu desculpas algumas vezes, mas foi devastador. Eu o odiava”.
Já George Harrison conseguia se lembrar da sensação que teve pela primeira vez que ouviu “Love Me Do” sendo executada no rádio. “Um calafrio percorreu meu corpo todo”, disse o guitarrista. E a canção foi subindo nas paradas britânicas. “Quando chegamos ao 17º lugar, não consigo lembrar o que aconteceu. Isso significou que da próxima vez que fomos na [gravadora] EMI, eles foram mais simpáticos.”