Cantora lançou EP com sete faixas inteiramente em língua espanhola nesta sexta, 12
Em Revelación (2020), Selena Gomez voltou às raízes latinas sem perder a essência. Mesmo em espanhol, soa como ela mesma. No entanto, entrega-se de forma tímida e parece insegura em se arriscar completamente em algumas faixas, talvez por medo da recepção do público ou apenas para não fugir do estilo com o qual está acostumada.
Com ascendência mexicana por parte de pai, sempre quis trabalhar em um projeto envolvendo a língua espanhola. Desde quando era uma estrela da Disney,Gomez flertava com o idioma em “Dices” e “Un Año Sin Lluvia”, versões em espanhol dos sucessos “Who Says” e “A Year Without Rain,” respectivamente.
Revelación marca uma nova era. Nas sete faixas do EP, a cantora tenta se entregar mais aos ritmos latinos, mas de forma suave e muito conectada ao pop norte-americano - ritmo tradicional de Gomez. As colaborações não impressionam, seja pela falta de ousadia nos versos repetitivos ou pela melodia um tanto genérica.
No entanto, as canções solo são mais impactantes e apresentam um estilo mais original. Novamente, o álbum segue o storytelling utilizado em discos anteriores, como Rare (2020) e Revival (2015), com temáticas sobre fim de relacionamentos, passando por superação, até, finalmente, se encontrar sozinha.
“De Una Vez” inicia essa história. O primeiro single do EP mostra uma versão mais independente de Gomez como no verso “De uma vez por todas, estou mais forte sozinha.” É muito semelhante às composições anteriores e poderia facilmente estar em Rare (2020), caso fosse em inglês. Aqui, a cantora começa a encontrar as origens, mas ainda de maneira suave e tímida.
No entanto, em “Buscando Amor” a batida dançante se aproxima do reggaeton. A inspiração latina fica evidente, tanto na melodia, quanto na letra. “Quando colocam nossa música, descemos até o chão / Quem não gosta de uma latina dançando reggaeton?” Gomez canta.
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A dança é uma das principais temáticas do disco, aparecendo mais uma vez em “Baila Conmigo” com Rauw Alejandro, uma das três colaborações. Com melodia mais quente e dançante, aproxima-se de hits com trechos em espanhol que costumam fazer sucesso nos EUA.
No entanto, “Dámelo To’” não obteve o mesmo resultado. A parte de Myke Towers, puxada para o rap, traz mais ritmo para a canção, mas os versos de Gomez soam muito repetitivos e deixam a música cansativa.
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“Vício” e “Adiós” são as faixas mais fortes do EP. A artista se entrega de vez e parece mais segura do estilo o qual procura alcançar. Apesar da curta duração, a letra romântica de “Vício” seduz o ouvinte, enquanto “Adiós” convida para uma última dança caliente.
Gomez fecha o EP com mais uma colaboração com DJ Snake. Cantaram juntos em espanhol pela primeira vez em 2018, em “Taki Taki,” com participação de Ozuna e CardiB. “Selfish Love” possuí trechos em inglês, distancia-se do ritmo latino e se aproxima do pop norte-americano com uma sutileza do espanhol.
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Em entrevista àVogue,Gomez revelou planos de se aposentar da música por um tempo por não se sentir levada a sério. Revelación pode ser o último lançamento dela por um longo período. No entanto, também é uma oportunidade para a cantora se encontrar em novas melodias e deixar o pop tradicional um pouco de lado.
Apesar de algumas falhas, principalmente nas músicas com colaborações, esse pode ser o momento ideal para Gomez se dedicar à era latina e conquistar um merecido espaço na indústria da música. O timbre, as temáticas e a melodia têm tudo para se encaixar no novo estilo da cantora - caso não tenha medo de se arriscar - e podem transformá-la em uma verdadeira estrela latina.
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