A islandesa ganhou a platéia deSP com espetáculo de sensações
Impossível passar incólume a esse carnaval intimista-eletrônico-étnico que veio da Islândia. Musicalmente libertário, com padrões criados por Björk para músicas que só fazem qualquer sentido quanto entoadas por ela mesma, a artista (que é fã da nossa Elis Regina) abusou de texturas vocais e sonoras - como a orquestra feminina de sopros, a Wonderbrass - e valeu-se de um espetáculo marcado também pelos efeitos visuais - bandeiras, bandeirolas, lasers - que levavam a uma espécie de transe (in)consciente neste domingo, 28, como uma das atrações principais do TIM Festival, no Anhembi, em SP.
Durante pouco mais de uma hora, Björk revisita hits, como "Hunter", "Army of Me" (em um arranjo mais pesado do que o original e do que a versão de remixes para esse mesmo single), "Pagan Poetry", "Jóga", "Hyperballad" e "Pluto" e apresenta canções de seu último álbum, Volta - "Earth Intruders", "Wanderlust", "Innocence" e "Declare Independence". E a platéia rendeu-se à fantasia que a pequena islandesa com cara de fada e trejeito de criança sabe muito bem criar, e que faz com que ela não tenha exatamente fãs, mas seguidores.
É a capacidade de Björk de perpetuar sua arte - um show arriscado que inicia com algumas paisagens/músicas etéreas, distantes, e sucumbe para uma grande rave com direito a chuva de papel de prata, gritos (da platéia) e sussurros (da cantora). Como uma aranha-mãe, Björk Gudmunsdottir espalhou sua teia, literalmente, e levou a todos para uma viagem, com Volta, ao seu universo de fábulas.