Aos 46 anos, a Sporty Spice ressalta a importância de praticar o amor próprio e autoaceitação
Muitas e muitas pessoas devem se lembrar do hit mundialmente famoso “Wannabe”, das Spice Girls, que rodou o mundo nas décadas de 1990 e 2000. Tanto que eu me lembro de simular uma coreografia e sair pela casa gritando: “If you wanna be my lover, you gotta get with my friends (...)”
Honestamente, ainda me pego fazendo isso de vez em quando. Agora, no entanto, os tempos são outros.
Depois de alguns anos em hiato, com divergências de agenda e desentendimentos, Emma Bunton, Geri Halliwell, Melanie B, Melanie C e Victoria Beckham seguiram o próprio rumo, perpetuando o legado das Spice Girls, que, por sua vez, já atravessa algumas gerações.
Em 2019, Geri, Emma, Mel B e Mel C trouxeram o girl group de volta à vida com uma turnê de reunião sem Victoria Beckham e lotaram grandes estádios do Reino Unido. Por fim, a turnê foi cancelada após uma suposta briga entre Geri e Mel B, noticiada pelo jornal The Sun em outubro do ano passado.
Mas nem tudo está perdido. Em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, Mel C falou sobre o futuro das Spice Girls. “Nós queremos fazer mais shows em breve, só precisamos ficar atentas ao que está acontecendo no mundo e fazer o que é certo, ou seja, nos manter em segurança.”
Enquanto isso, no dia 29 de julho, a Sporty Spice anunciou seu oitavo álbum de estúdio solo, Melanie C, que estreia nas plataformas digitais em 2 de outubro. Uma turnê no Reino Unido e na Europa em maio de 2021 também foi confirmada.
Como uma prévia do que vem por aí, o single “In And Out Of Love” foi divulgado no mesmo dia. Assista abaixo:
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Anteriormente, ela já havia revelado mais alguns sabores do disco com as músicas "Who Am I" e "Blame It On Me". Confira:
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Conversando com a Rolling Stone Brasil no início do mês, Mel C comentou sobre seu próximo disco, Melanie C, que já caiu no gosto da crítica internacional e, segundo o conceituado jornal The Guardian, é “seu melhor trabalho desde que ela começou a carreira solo, há 20 anos.”
“Eu acredito que [o disco Melanie C] converse com qualquer pessoa”, disse a cantora de 46 anos. “Eu queria que este fosse um disco empoderador, porque, quando faço música, me sinto empoderada. Crescer ouvindo música também foi transformador, então, para mim, é muito importante ter a oportunidade de fazer isso pelas pessoas.”
As temáticas do álbum giram em torno das experiências pessoais e profissionais de Mel C ao longo dos anos, que a levaram a construir um ideal de amor próprio e autoaceitação.
“Eu expresso coisas difíceis, sobre as quais eu nunca havia falado antes. Mas, acima de tudo, é um álbum positivo. Eu sinto que é um novo capítulo da minha vida, sabe? Eu aprendi muito desde o meu último álbum, [Version Of Me], em 2016. Conheci muitos colaboradores, produtores e compositores mais jovens, e isso foi um sopro de ar fresco no meu trabalho”, conta. “Eu simplesmente estou num momento da minha carreira em que me sinto mais confiante e corajosa. Acredito mais em mim. E isso está representado no álbum.”
Forte voz em assuntos como positividade e empoderamento feminino, Mel C sempre defende as causas nas quais ela acredita, se unindo, inclusive, ao público LGBTQ+ na última Parada Gay realizada em São Paulo, no dia 23 de junho de 2019.
“Sendo uma Spice Girl, eu tenho muito orgulho de falar sobre o poder feminino. Nós aproximamos o feminismo de uma audiência mais jovem, e eu acredito que isso tenha um efeito positivo. Tenho muito orgulho de todas essas coisas”, celebra a cantora.
Ainda, ela ressaltou a necessidade de falar-se cada vez mais sobre saúde mental: “Na indústria musical, muitas pessoas sofrem. Qualquer pessoa pode desenvolver uma depressão, porque ficamos muito vulneráveis, com altos e baixos, performances, adrenalina, viagens, turnê, exaustão… Às vezes é difícil falar sobre as minhas próprias lutas, mas, ao mesmo tempo, é muito importante e rende bons frutos. Essa sinceridade é importante”, conclui.
Na entrevista, Mel C também falou sobre o isolamento social em Londres, na Inglaterra, e revelou sua rotina durante a quarentena. A seguir, o resultado do bate-papo:
Como tem sido os últimos dias em isolamento social?
Tem sido muitas coisas, eu acredito que a primeira palavra que vem à mente é "desafiador". Eu até vejo algumas coisas positivas nisso, tem sido maravilhoso me conectar com o público ao redor do mundo. Mas eu sinto falta daquela conexão com as pessoas. Para uma artista performática, é importante se manter conectada com as pessoas. No mesmo ambiente que as pessoas. É disso que eu mais sinto falta.
Você, como artista, tem se sentido inspirada para cantar e compor?
Eu tenho estado inspirada. Eu vejo que o meu trabalho é um reflexo completo de onde a minha cabeça está, onde o meu coração está. E eu sinto que, nesses últimos tempos, eu estou mais aberta.
Você sente que existe uma barreira entre você e o mundo lá fora para se proteger, mas, ao mesmo tempo, as pessoas têm compartilhado experiências - e é assustador, desafiador. Estamos vivendo em tempos tão incertos. E isso me fez sentir mais próxima às pessoas, sabe?
Estamos em isolamento, mas eu sinto que é muito importante que nos apoiemos, mesmo que de longe. Isso me uniu muito ao meu trabalho. Eu sinto que nós, humanos, precisamos uns dos outros para sobreviver. E eu voltei ao estúdio, trabalhei em algumas músicas e todos esses fatores me inspiraram, embora nem sempre seja fácil me manter motivada.
Você disse que se sente mais próxima às pessoas, né? Como? Por meio das redes sociais?
Eu tenho usado bastante as redes sociais desde que o lockdown foi implantado aqui no Reino Unido, e isso me ajudou bastante. Fez muito bem para a minha saúde mental. Conversar com o público sobre novos projetos, ouvir o feedback do pessoal e tudo mais.
Principalmente você, que é a Sporty Spice, como tem sido a sua rotina, em termos de exercício e etc?
Eu sinto falta da academia, eu vivia lá. E eu amo os aspectos sociais da academia. Os amigos, a diversão. Mas eu mantive o ritmo. Saía para me exercitar uma vez por dia, porque era permitido. Então eu pegava minha bicicleta, pedalava e não tinha ninguém em lugar nenhum. Isso é tão raro em Londres. Alguns dias eram mais difíceis, porque eu não me sentia motivada. Depois, retomei o controle do meu corpo. Para mim, é muito importante me exercitar, porque me sinto mais forte.
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