“Isso não é uma coisa que eu entendo como elogio, entendo meio como uma invasão de privacidade”, diz a atriz, que estrelou recentemente a minissérie Amores Roubados
Dira Paes tem um a vasta gama de papeis no currículo – da ingênua Solineuza, de A Diarista, à prostituta de Baixio das Bestas –, mas nada havia a preparado para a explosão da personagem Celeste, que interpretou na minissérie Amores Roubados, da Rede Globo. Entre cenas de nudez e sexo, Dira se viu retratada como uma espécie de “furacão de sensualidade” – o que, para ela, não seria um problema, não fosse essa descrição sempre atrelada aos seus 44 anos. “Não fico muito à vontade de ter a minha idade estampada em todos os jornais, dizendo: ‘Nossa, como ela está legal pra essa idade’”, afirma a atriz, em entrevista à Rolling Stone Brasil. “Isso não é uma coisa que eu entendo como elogio, entendo meio como uma invasão de privacidade.”
Dira Paes: cinema, TV e ativismo.
Os “elogios” vieram graças às tórridas cenas de amor com Leandro, interpretado por Cauã Reymond. A segunda cena da minissérie a mostrava nua ao lado do ator, em um motel de beira de estrada. Ela mesma não havia assistido aos episódios antes de irem ao ar. “Assisti com todo mundo”, afirma. “Dava pra perceber que aquilo era uma coisa forte. Nós estávamos reunidos para assistir ao primeiro capítulo e [nessa cena] foi um silêncio avassalador, todo mundo ficou meio paralisado.” Apesar do apelo físico da parceria com Reymond, o ponto alto da atuação da atriz foi ao lado de Osmar Prado (Roberto), em uma sequência na qual é praticamente possível sentir na própria pele a humilhação a que a personagem é submetida (quem assistiu, certamente se lembra do momento em que Osmar repete, incessantemente, as palavras “meu homem, meu macho”).
Uma surpresa, tanto para o público quanto para Dira, foi a participação do filho da atriz, Inácio, 5 anos, no capítulo final do programa. Inácio não tem carreira na televisão, e fez essa ponta graças à insistência do diretor José Luiz Villamarim e da presença de Walter Carvalho como diretor de fotografia. “Eu disse: ‘Não, não’. Villamarim então explicou que era uma cena sem fala, brincando numa praia no Rio São Francisco. Falei com o Pablo [Baião, marido dela] e a gente concordou por ser o Waltinho, que é amigo da família”, conta Dira. “Foi uma dança espontânea de criança feliz. Inácio fez aquele ‘break’ que surpreendeu a todos [risos].”
Dira tem um ano intenso pela frente. Atualmente, está rodando Saias, uma comédia política planejada para estrear em outubro, antes das eleições. Também já gravou outros quatro filmes que devem sair este ano: Os Amigos, de Lina Chamie, O Segredo dos Diamantes, de Helvécio Ratton, Encantados, de Tizuka Yamazaki, e Órfãos do Eldorado, baseado no livro de Milton Hatoum e com direção de Guilherme Coelho – que ela gravou ao mesmo tempo em que trabalhava em Amores Roubados. Em meio a essas estreias, há ainda outro projeto na TV, do qual ainda não foram revelados detalhes.
Com tantas atividades como atriz, Dira não pensa, ao menos no momento, em expandir seu trabalho para outras áreas – roteiro e direção, por exemplo. “Olha, é uma sedução, dá vontade de ter uma experiência, de ter o domínio criativo de um projeto no cinema”, ela analisa. “Mas enquanto essas personagens irresistíveis e maravilhosas estiverem batendo na minha porta, não tem muito espaço para ir pra outro canto, não. Acompanho de perto o que é dirigir um filme, e sei que é uma longa jornada, não é fácil. É uma longa jornada noite adentro.”
Você lê mais da entrevista com Dira Paes na edição de fevereiro da Rolling Stone Brasil, em breve nas bancas.