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A Era das Heroínas: como é o cenário atual das protagonistas e diretoras dos filmes de ação?

A nova geração de criadoras e artistas mulheres revoluciona narrativas e subverte os estereótipos do gênero de ação

Malu Rodrigues Publicado em 14/08/2020, às 07h00

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Charlize Theron, Gal Gadot e Nia daCosta (Foto 1: Reprodução/ Foto: Divulgação/ Foto 3: Mark Von Holden /Invision/AP)
Charlize Theron, Gal Gadot e Nia daCosta (Foto 1: Reprodução/ Foto: Divulgação/ Foto 3: Mark Von Holden /Invision/AP)

O gênero de ação foi por muito tempo dominado por figuras como James Bond, Jason Bourne e os inúmeros heróis dos quadrinhos, como Batman e Homem de Ferro. No entanto, o cenário atual dos filmes cheios de lutas e combates reflete uma presença muito forte das mulheres - tanto na posição de protagonistas, como no comando dos bastidores.

Esse 'novo' espaço é um reflexo da evolução narrativa da indústria e de como a mulher é retratada nos longas de ação. Ícones da cultura pop como Sarah Connors, Ellen Ripley, as Panteras, Lara Croft e Tempestade foram alguns dos nomes que se consagraram no gênero e deram abertura para as figuras atuais.

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Nos últimos anos, a Mulher-Maravilha ganhou um filme solo depois do projeto ficar no limbo por quase três décadas - e o lançamento marcou o primeiro longa de super-herói norte-americano dirigido por uma mulher. Na Marvel, as heroínas começaram a ganhar enredos próprios. E, fora dos grandes estúdios, Charlize Theron se revelou como uma personalidade que já se consolidou no gênero. Esses são exemplos de como a nova geração de atrizes e diretoras norte-americanas entra em Hollywood e consegue revolucionar histórias e subverter os estereótipos do gênero de ação. 


O brilho de Charlize Theron

Charlize Theron é um dos nomes mais fortes dentro dos filmes de ação. Considerada um ícone, a atriz se consagrou em longas premiados e bem avaliados e brilhou no gênero cheio de lutas realistas. Na San Diego Comic Con de 2020 (realizada virtualmente), a artista ganhou um painel próprio. 

Nele, refletiu sobre a carreira e como construiu uma imagem dentro das produções de ação, principalmente por não usar dublês em cenas bem complexas, como em Uma Saída de Mestre (2003). "Eu fui criada por uma mãe que adorava os filmes de Chuck Norris e Charles Bronson, e meu pai adorava Mad Max... Não acho que eu acordei um dia e decidi fazer filmes de ação, foi mais uma coisa que eu sempre tive vontade de fazer, mas não tinha a oportunidade." (via Omelete).

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Depois de levar para casa um Oscar em 2004, protagonizou a animação Aeox Flux (2005). A atriz relembrou como, na época, "as pessoas [ficavam] repetindo que mulheres não tinham condição de estrelar seus próprios filmes de ação". Isso mudou quando ela virou protagonista de Mad Max: Estrada da Fúria (2015), no qual interpretou Furiosa. "Foi só quando Mad Max apareceu que eu percebi as oportunidades e consegui ressignificar isso, e desde então o gênero se abriu para mim."

Sobre o papel, ela também compartilhou: "Furiosa é uma das personagens mais importantes que já fiz. Eu sei a importância dela e eu vi o potencial dela desde o início da produção, de poder colocar uma mulher em uma posição daquelas. Foi como quando vi Sigourney Weaver fazendo Ripley [em Alien] e a força daquilo, ela não estava vivendo uma personagem que foi escrita como 'forte', ela estava vivendo aquilo, vivendo a força. Era muito autêntico".

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Depois de mostrar habilidades em Mad Max, Charlize surpreendeu em Atômica (2017). No papel de uma espiã, a atriz protagoniza cenas de ação bem brutais, com coreografias simplesmente assustadoras. Felizmente, veremos mais do talento da artista na sequência do filme da Netflix.

Apesar do brilhantismo no gênero, em entrevista àVariety, a atriz confessou como nunca foi chamada pela Marvel para os filmes do estúdio. "Estou fazendo meu próprio caminho. Estou criando minhas próprias oportunidades. Então está tudo bem”, afirmou.

Apesar de estar fora do MCU, Theron estrelou recentemente em uma produção de ação baseada em quadrinhos. Em Old Guard, da Netflix, ela deixa evidente como não vai dar adeus tão cedo para os filmes de ação. Aqui, ela dá vida a Andy, a líder de um grupo de imortais que entram em missões perigosas para salvar pessoas inocentes.

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Charlize encontra uma companheira de cena à altura no filme, por sinal. A atriz Kiki Layne se juntou a colega para lutas incríveis. Devido ao sucesso, provavelmente veremos as duas juntas em uma sequência da produção.


As heroínas da Marvel

Se Homem de Ferro, Capitão América e Thor dominaram o MCU até agora, parece que as mulheres terão mais independência na Fase 4. Infelizmente, Scarlett Johansson se despedirá da Marvel no próximo ano, mas, antes vai estrelar o filme solo Viúva Negra.

A primeira mulher parte dos Vingadores da Marvel abriu um debate sobre a falta de mais heroínas nos longas. Não é à toa como as discussões abriram espaço para producões com mais personagens femininas nas telonas - e elas apareceram para roubar a cena, não só como interesses românticos dos protagonistas.

No mundo Asgardiano, a atriz Tessa Thompson vive Valquíria, primeira personagem abertamente LGBTQI+ do MCU. Apresentada em Ragnarok (2017) e escolhida por Thor para ser responsável pelo reino de Asgard no final de Vingadores: Ultimato, ela terá o enredo desenvolvido em Thor: Love and Thunder.

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No time dos Vingadores, uma das mais poderosas figuras foi introduzida - e quase derrotou Thanos: a Feiticeira Escarlate. Na franquia, foi interpretada por Elizabeth Olsen e ganhará uma série solo, WandaVision. Outra artista em destaque é Evangeline Lilly como Vespa.

Em Guardiões da Galáxia, as atrizes brilharam nos respectivos papéis: Zoë Saldaña como Gamora, Karen Gillan como Nebula e Pom Klementieff como Mantis. No mais recente Pantera Negra (2018), o público foi apresentado  à Letitia Wright no papel de Shuri e Danai Gurira (ex-The Walking Dead) como Okoye.

A primeira produção do MCU protagonizada por uma mulher foi Capitã Marvel (2019), com direção de Anna Boden e Ryan Fleck. Brie Larson é a responsável por interpretar a heroína nas telonas - e voltará para a sequência.

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Durante as três primeiras fases, a Marvel cometeu alguns equívocos na hora de construir arcos para as personagens. Afinal, quase todos os filmes foram dirigidos ou roteirizados por homens - e é característico quando não há mulheres na equipe de produção, já que, nesses cenários, as protagonistas tendem a ser sexualizadas. Para a nova etapa do estúdio, podemos esperar que aconteçam mudanças em relação a isso.

Sem Natasha Romanoff, quem deve assumir a identidade de Viúva Negra é Yelena Belova - interpretada por Florence Pugh. Conhecida por Midsommar e Adoráveis Mulheres, a artista aparecerá no filme solo da heroína e não deve se despedir tão cedo. Outra adição - que, na verdade, é um retorno - é Natalie Portman. Ela foi a escolhida para ser Lady Thor em Thor: Amor e Trovão

Com o lançamento de Os Eternos, novas atrizes entram para o MCU, como Angelina Jolie , que interpretará a heroína Thena. Ao lado dela estrearão Gemma Chan como a admiradora da humanidade Sersi, Lauren Ridloff como a veloz Makkari, Salma Hayek como a sábia líder espiritual Ajak e  Lia McHugh como a velha eternamente jovem Sprite. A produção, inclusive, será dirigida por Chloé Zhao.

Angelina Jolie (Foto: Invision/AP),  Gemma Chan (Foto: Reprodução),  Lauren Ridloff (Foto: Reprodução), Salma Hayek (Foto: Vianney Le Caer/Invision/AP) e Lia McHugh (Foto: Reprodução) 

O mundo da DC

Apesar de não ter feito muito sucesso com os filmes do Batman e do Superman, o Universo Estendido da DC Comics acertou nas bilheterias com as produções focadas nas mulheres dos quadrinhos, sendo as principais Mulher-Maravilha e Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa.

Gal Gadot interpreta a icônica amazona Diana no longa de 2017. Com o título de uma das melhores lutadoras da história, a Mulher-Maravilha se modernizou e tornou Gadot uma das novas queridinhas de Hollywood. Ao ganhar o coração do público e da crítica, engatou uma sequência sem problemas: Mulher-Maravilha 1984.

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Na CCXP de 2019, a artista comentou sobre o novo produção: "Vi essa garota fazendo coisas incríveis. E eu não esperava isso. Nós fizemos esse filme com a esperança de que ele impactasse as pessoas, porque ele já teve um grande impacto para nós". Devido à pandemia, teremos que esperar mais um pouco para ver o retorno de Gadot nas telas. No entanto, podemos nos animar: um terceiro longa é quase certo.

Enquanto isso, em Aves de Rapina acompanhamos a história de como Arlequinase juntou a Canário Negro, Caçadora e Renee Montoya para formar o lendário quarteto feminino das HQs. Sem exceções, todas as atrizes se revelaram perfeitas para estrelar um filme de ação. Cheio de acrobacias e combate mão a mão, o filme não poupou nos socos e na adrenalina.

Margot Robbieinterpretou Arlequina; Jurnee Smollet-Bell foi Canário Negro; Marie Elizabeth Winstead deu vida a Caçadora; e Rosie Perez foi Renee Montoya. Em coletiva de imprensa de 2019, Robbie já tinha anunciado: "Não é a Gotham de Bruce Wayne".

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Ainda não há confirmação oficial de uma continuação de Aves de Rapina - que estreou nos cinemas em fevereiro de 2020.

Ainda no mundo da DC, outra artista que estreará nos filmes de ação do estúdio é Zoe Kravitz. Ela ficará responsável por interpretar ninguém menos que Mulher-Gato em The Batman. Sem muitos detalhes revelados pela produção, em entrevista ao Happy Sad Confused, a atriz comentou sobre o uniforme da personagem: "Amo demais o traje. O tom deste filme é muito surpreendente. Nunca tinha pensado em como é difícil fazer algo surpreendente com o traje da Mulher-Gato".

Zoe também revelou que o visual da Mulher-Gato "tem referências ao ano em que a história em quadrinhos com a qual estamos trabalhando foi publicada".


Por trás das câmeras

Ao sair das lentes da câmera e ir para os bastidores, três diretoras estão se consagrando em Hollywood: Cathy Yan, Patty Jenkins e Nia DaCosta. O trio já dirigiu ou ainda dirigirá filmes dos dois grandes estúdios, Marvel e DC.

Yan ficou responsável por criar o mundo de Aves de Rapina. Antes disso, tinha apenas dirigido o longa-metragem Dead Pigs(2018). Na produção da DC, ela conseguiu traduzir para as telonas toda a complexidade do grupo de Arlequina e produziu um dos melhores longas baseados em quadrinhos. Em fevereiro, o filme estreou surpreendentemente com 89% de aprovação no Rotten Tomatoes. Caso haja uma continuação, a escolha certeira é trazer Cathy de volta.

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Companheira de estúdio de Yan, Patty Jenkins também se consagrou com Mulher-Maravilha (2017). Antes, tinha dirigido apenas dois longas, mas diversos episódios de TV. Para construir o mundo da amazonas, usou o mínimo possível de efeitos especiais para criar sequências de ação - e o resultado deu muito certo.

Nia DaCosta é a estreante, que chega na Marvel para dirigir a sequência de Capitã Marvel. (via Omelete). Depois do trabalho no terror com Candyman, ela deve brilhar ainda mais ao criar uma trama para a heroína. Nia faz parte dessa nova geração de longas de ação comandados por mulheres que revolucionam narrativas e subvertem os estereótipos do gênero.

A espera viciante e o sucesso desses filmes revelam como investir em produções sobre mulheres, que também devem ser dirigidas e roteirizadas por mulheres, é essencial; e evidencia como Hollywood deveria dar - muito - mais espaço para essas criadoras.

Cathy Yan (Foto: Matt Crossick/PA Wire), Patty Jenkins (Foto: Richard Shotwell/Invision/AP) e  Nia DaCosta (Foto: Mark Von Holden /Invision/AP)


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