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Especial 10 anos One Direction: Como a boy band reergueu formato 'morto' depois da geração do Backstreet Boys, N'Sync e mais?

O sucesso do grupo foi sempre tão grande que, muitas vezes, foi comparado com a febre dos Beatles na década de 1960

Isabela Guiduci Publicado em 23/07/2020, às 07h00

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One Direction em 2010 (Foto: Ian Gavan/Getty Images)
One Direction em 2010 (Foto: Ian Gavan/Getty Images)

O One Direction foi formado no dia 23 de julho de 2010 no programa The X-FactorUK, na Inglaterra, pelos cantores Harry Styles, Louis Tomlinson, Liam Payne, Niall HoranZayn Malik. Após serem eliminados como artistas solo, o jurado do programa, Simon Cowell, uniu os cinco para continuarem na competição na categoria de grupos.

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Logo ao ser formada, a banda já era extremamente querida pelos espectadores, principalmente adolescentes. O fenômeno One Direction começou antes mesmo do início da etapa das apresentações ao vivo - fase na qual a responsabilidade de decidir quem continua na competição é do público. 

Simon Cowell presumiu o potencial do grupo já no período do programa, tanto que embora eles não tenham ganhado o X-FactorUKe, na verdade, tenham ocupado a terceira posição, conseguiram um contrato com a gravadora do jurado, a Syco Entertainment, logo ao final da edição de 2010. 

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O formato de cinco jovens-adolescentes no vocal, à frente de uma banda, combinados ao estilo de roupa, com coreografias enquanto cantam música pop com temáticas românticas, não era inédito. Pelo contrário, foi a fórmula do sucesso na geração dos Backstreet Boys, entre a década de 1990 e virada dos anos 2000, em que se viam muitas boy bands. Além deles, existia N'Sync, Take That, New Kids on The Block e muitos outros. 

Todas as bandas, principalmente osBackstreet Boys, foram grandiosas em números de vendas de discos e singles, posições em charts e em fãs. Este formato de grupo musical apresentava um comportamento passional do público, ainda mais em garotas na fase da adolescência, porque a fórmula era quase como um produto vendido diretamente para elas. 

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De qual pop estamos falando?

Para entender melhor o formato da boy band, é preciso analisar o estilo em que os grupos se encaixam: o gênero pop. A sonoridade foi criada com o objetivo de comercialização e venda em larga escala, para que fosse capaz de alcançar o máximo número de ouvintes possível, de todas as classes sociais. 

Nos primórdios das teorias musicais e composições, o acesso era exclusivo aos artistas que se inseriam no estilo erudito e clássico - consumido por um público também muito concentrado na elite. 

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Em geral, inicialmente, a música era consumida por aqueles que já estudavam essa área ou tinham um certo conhecimento - tido apenas pela elite e grupos sociais em altas posições na pirâmide socio-econômica de uma determinada comunidade. 

O pop vem como um estilo comercial que pretende alcançar o máximo de público, indo na contramão do erudito. Para isso, são utilizadas fórmulas melódicas simples combinadas com refrões de fácil reprodução e memorização, muitas vezes repetidos em diversos momentos de uma canção. Assim, as faixas são vendidas mais rapidamente e se tornam populares em uma velocidade surpreendente. 

As boy bands estão neste estilo musical, e inseridos na cultura de massa. O One Direction, por exemplo, ficou conhecido mundialmente devido ao sucesso do primeiro hit, “What Makes You Beautiful”. A faixa é tão popular que conta com um videoclipe com mais de 1 bilhão de visualizações no YouTube. 

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O pop não é mais um gênero, porém. Este estilo cresceu tanto a ponto de se tornar um fenômeno sócio-cultural muito além da música. Agora, abrange consumo, moda, imagem e arte, como explica Felipe Simões, jornalista e pesquisador de comunicação e música pop, no livro Aspectos Gerais da Cultura Pop.

Desse modo, o gênero musical "consubstanciou em caráter definitivo e incontestável, a entrada do público jovem no circuito de consumo [musical] por volta da década de 1950", esclarece o comunicador no mesmo livro. 

A experiência cultural advinda por meio do pop está muito ligada com a beatlemania, precursora em tornar um estilo musical em um fenômeno. Na década de 1960, o estilo de roupas e cabelo seguidos pelos integrantes do Fab Four, por exemplo, era rapidamente adotado como padrão popular. Além de diversos produtos do grupo de Liverpool, que inclusive, são vendidos até hoje.

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Fenômeno das boy bands 

Nos anos 1990, o formato viveu o auge com o sucesso dos Backstreet Boys, grupo que também foi comparado à beatlemania

A banda surgiu em meados da década de 1990, no mesmo período de grandes nomes que contemplam o formato, como o N'Sync, Take That, pouco antes o New Kids on the Block (1984), entre outros. Todos são frequentemente lembrados pela temática romântica das músicas, as coreografias nos shows e pelos integrantes bem-afeiçoados.

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As boy bands só tomam a proporção mundial e se tornam fenômenos pela dedicação dos fãs, e os integrantes, em geral, reconhecem isso. Para o início das bandas, inclusive, o principal catalisador é o público adolescente. 

Henry Jenkins, comunicador norte-americano, em uma pesquisa de 2010, afirma: “Fandoms se referem a estruturas sociais e práticas culturais criadas pelos mais apaixonados e engajados consumidores da mídia de massa”. O autor não poderia estar mais correto - e essa paixão é a responsável por potencializar o consumo desse formato.

Vale ressaltar que os fandoms estão diretamente ligados ao fenômeno socio-cultural da pop music e não são exclusivos às boy bands, e são o principal motor do sucesso de quaisquer artistas ou bandas inseridos no gênero musical. 

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Após a dissociação das boy bands de sucesso da década de 1990 e início dos anos 2000, o formato parece ter desaparecido da pop music. Existiram sim outros grupos, no entanto, não conseguiram a repercussão vista anteriormente com Backstreet Boys, N’Sync e outras.

Até o One Direction. O sucesso do grupo britânico-irlandês (Niall é o integrante nativo da Irlanda) foi inexplicável desde o momento em que foram colocados como grupo na competição do X-Factor. A banda recebia visitas nos estúdios de fãs, presentes, além de terem dominado as redes sociais e o YouTube. 

Como o grupo surgiu em um período em que a vida digital tomava mais força, os compartilhamentos, os vídeos no YouTube, os fã-clubes no Orkut, no Twitter, e mais tarde, no Instagram, ajudaram na divulgação deles. Todas essas ferramentas foram necessárias, e muito bem utilizadas pelos fãs, para o reconhecimento mundial do One Direction.

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No início dos anos 2010, o formato voltou a ganhar destaque logo após ser completamente reerguido e recriado pelo grupo britânico-irlandês. São exemplos desse período: The Wanted, Big Time Rush, Union J, The Vamps e outras. 

O sucesso e o fenômeno socio-cultural do One Direction é comprovado com os números, como o 1 bilhão de visualizações em “What Makes You Beautiful” no videoclipe do YouTube. “Drag Me Down” alcança quase 900 mil views e “Story Of My Life” soma 816 mil. 

Take Me Home(2012), segundo disco da carreira, estreou em primeiro lugar nas paradas de mais de 10 países, incluindo o Reino Unido e Estados Unidos. Os quatro primeiros álbuns da banda (Up All Night, 2011; Take Me Home, 2012; Midnight Memories, 2013; Four, 2014) estrearam em primeiro lugar nos Estados Unidos, de acordo com os dados da Nielsen SoundScan.

Além disso, ao longo dos cinco anos de carreira, foram 580 indicações em premiações e 412 vitórias. O grupo vendeu uma quantidade enorme de discos, teve lojas oficiais espalhadas por diversos países, produtos exclusivos com a marca da banda, e mais. 

Por conta da era digital, o fandom deles, chamado directioner, não apenas lotou estádios ao redor do mundo, mas levou os integrantes ao estrelato mundial a partir das redes sociais. 

Com tamanha repercussão, a fama dos cinco jovens era constantemente comparada ao sucesso dos Beatles e das boy bands da década de 1990. Isso porque, em três anos de carreira, o One Direction lotou o Madison Square Garde, um complexo de quatro arenas localizado na cidade em Nova York, Estados Unidos. 

O One Direction ficou em ativa apenas por 5 anos e entrou em hiato a partir de 2016. No entanto, continuam com a fama mundial, e são reconhecidos como uma das principais boy bands da história da pop music. 


Futuro do formato

Atualmente, a pop music tem sido recriada pelos países da Ásia, principalmente a Coreia do Sul com grupos como BTS, Monsta X e muitos outros. 

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Para os shows, além de trazerem coreografias mais complexas, os integrantes dos grupos de K-pop investem em um espetáculo musical - com elementos cenográficos, visuais, roupas específicas, e tudo combinado com o setlist e a ordem de canções. 

De fato, o BTS é um dos principais grupos de K-Pop, ou pop coreano, fenômeno musical que dominou a internet nos últimos anos. Com o disco MAP OF THE SOUL: PERSONA, lançado em 2019, fez parcerias com nomes importantes como a cantora Halsey, na canção "Boy With Luv"  - o videoclipe da parceria soma 858 milhões de visualizações no YouTube. 

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O BTSjá quebrou barreiras e conseguiu diversas conquistas importantes no mundo da música ocidental. Ao longo da carreira, quebrou o recorde de mais discos em 1° lugar nas paradas da Billboard em menos tempo: três discos em 11 meses. Alcançaram os Beatles, e bateram o quarteto britânico por uma semana.

Em 2019, de acordo com o Guinness World Records, o grupo teve o maior engajamento (retweets e visualizações) no Twitter, em média. O número médio, calculado até abril de 2018, era 330 mil. Antes, o recorde era de Harry Styles, ex-One Direction, com 147 mil.

Outro grupo de k-pop que está crescendo no ocidente é o Monsta X que mostrou uma importante visibilidade nos Estados Unidos. A turnê no país em 2019 contou com um show esgotado no Staples Center. Além disso, o grupo se apresentou no Teen Choice Awards no ano passado e foi o primeiro show de K-pop a fazer parte do programa.


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