A construção da bruxa como antagonista marca presença no imaginário, especialmente no cinema de horror. Para além das telas, é preciso compreender como esta figura se ressignifica hoje e, no Brasil, como a caça às bruxas está vinculada ao racismo religioso
O filme A Bruxa (2015), dirigido por Robert Eggers, passa-se na região da Nova Inglaterra do século XVII, antes dos notórios julgamentos de Salém nos Estados Unidos. Na trama, uma família radicalmente protestante, da qual a jovem Thomasin faz parte, é expulsa do vilarejo onde reside na América do Norte. Isolada próximo a uma floresta, a família começa a lidar com infortúnios e tragédias, como o sumiço do bebê recém-nascido, Samuel, que estava aos cuidados de Thomasin. Não demorou para que as desventuras fossem rotuladas como obras de bruxaria e para que a filha mais velha fosse vista como bruxa.
Para a pesquisadora Gabriela Larocca, em termos de pré-produção e produção, o filme contou com uma pesquisa profunda acerca de vestuário, linguajar e tratados da época. Segundo Larocca, o filme lida com diversas representações da figura da bruxa: "Temos a bruxa da floresta, uma mulher bonita, que lembra uma personagem de um conto de fadas, assemelhando-se a Chapeuzinho Vermelho ou Branca de Neve. Não é aleatório. Ela está dentro de um padrão de beleza e é sedutora".
Depois, vemos outra figura, "que entra no celeiro à noite e chupa o sangue dos animais. Ela é mais envelhecida e animalesca", continua a pesquisadora. Por último, comenta sobre a própria figura de Thomasin que, no desfecho, torna-se uma bruxa ao realizar um pacto com o diabo sob a forma de um bode. "Elas têm uma só essência, a do feminino maligno, ou fraco, que cai em tentação", analisa a pesquisadora, "Há pessoas que veem Thomasin como alguém que toma controle da narrativa, mas vejo que ela toma este controle quando não tem mais alternativa. Ela está sozinha, os irmãos morreram, a família morreu. O filme é muito rico, com muitos subtextos, mas a essência é a da bruxa maligna".
Quando imaginamos uma bruxa, não acessamos uma mulher muito diferente das análises feitas por Larocca. Tais construções da mulher maligna chegam até nós por documentos históricos, contos, pinturas, peças teatrais, literatura, animações e filmes, em especial, o cinema de horror. Entretanto, para além das tramas cinematográficas, houve e há perseguições contra mulheres.
No Brasil, território que foi colonizado, as perseguições de bruxaria estão associadas ao racismo religioso, já que a cultura e espiritualidades de matriz africana são criminalizadas, assim como o sujeito que as praticam, como nos contará a historiadora e socióloga Carolina Rocha ao longo da reportagem.
Rocha nos lembra que o cinema é construção de imaginário social: "A bruxa é retratada no cinema a partir de um fenômeno que é uma lenda, uma brincadeira, como se fosse fictício. Não há uma contextualização histórica do que significou esta violência aos corpos das mulheres, aos corpos dos africanos e aos corpos dos indígenas. Não há uma significação disso".
Para refletir sobre estas complexidades, a Rolling Stone Brasil conversou com as pesquisadoras Carolina Rocha e Gabriela Larocca. Carolina é educadora, historiadora e socióloga e pesquisa sobre o racismo religioso. Dentre outros títulos, é autora do livro O Sabá do Sertão: feiticeiras, demônios e jesuítas no Piauí colonial (Paco Editorial, 2015). Além disso, idealizou o projeto Ataré Palavra Terapia, que trabalha com escrita criativa, literatura e autocuidado.
Gabriela é historiadora e pesquisadora de cinema de horror. Atualmente, é doutoranda em história na Universidade Federal do Paraná (UFPR) com a pesquisa "O Mal feminino, história das mulheres e filmes de horror de bruxaria da década de 1960". A pesquisadora também integra a equipe do podcast República do Medo.
Em 1486, dois frades germânicos dominicanos, Heinrich Kraemer e James Sprenger, publicaram a obra Martelo das Feiticeiras - ou Malleus Maleficarum em latim - cumprindo uma bula papal. Naquele momento, a bruxaria estava sendo considerada uma grave ameaça à Igreja Católica, especialmente associada ao gênero feminino, "mais propenso ao pacto com o diabo", de acordo com os escritos dos frades. Logo, Colombo faria viagens pelo mar. Na Inglaterra, o processo de cercamentos extremava-se: terras de uso coletivo passaram a ser propriedade privada. O feudalismo dava lugar ao capitalismo mercantil em processos violentos, como os cercamentos, as fogueiras, o tráfico e a escravização de povos africanos e povos indígenas nas Américas.
Silvia Federici, autora de Calibã e a Bruxa (Elefante, 2017) e Mulheres e a Caça às Bruxas (Boitempo, 2019), argumenta que a perseguição é determinante para compreender os processos que levaram à concretização do sistema econômico capitalista, fazendo isto a partir de debates sobre gênero, raça e classe. De acordo com Federici, a caça às bruxas despedaçou laços comunais entre mulheres, especialmente camponesas, dando fim às atividades coletivas que realizavam e que as empoderavam, já que muitas lideravam revoltas, eram parteiras e curandeiras das comunidades.
"Temos a tendência a pensar que a caça às bruxas ocorreu no medievo por conta desta imagem negativa daquele período, construída na Modernidade. Isto é muito debatido" esclarece Larocca. "Diversos conceitos e bases foram estruturados no medievo, mas a perseguição ocorreu entre os séculos XVI e o XVII, sendo seu auge entre 1550 e 1630, na modernidade", completou.
A heterogenia também é uma característica relevante para compreender a caça às bruxas. "A Inquisição atuou em alguns lugares, mas, na grande maioria, tribunais seculares e cortes locais menores trabalharam para julgamentos de caça às bruxas acontecerem", explica Larocca sobre as regiões de maior concentração das perseguições, atual Alemanha e França.
A historiadora Carolina Rocha nos atenta para uma importante diferenciação em relação à Península Ibérica, em especial, a Inquisição de Lisboa, que agiu no Brasil: "O que tivemos aqui foi uma malha inquisitorial no território, visitas dos inquisidores ao longo do período colonial, além de toda a rede de incentivo às denúncias, delações e auto-apresentação das pessoas às igrejas".
Segundo Rocha, a Inquisição funcionava como um mediador de tensões sociais tanto no sistema escravocrata, em contexto brasileiro, quanto para questões financeiras, disputas territoriais e políticas: "Todo mundo fazia algo que, para a Inquisição, era crime". A pesquisadora afirma que a Inquisição portuguesa estava focada no judaísmo enquanto crime de fé, não na caça às bruxas, apesar de ter tido seus casos.
Então, por que mencionar esta diferenciação? Porque, no Brasil, assim como em territórios colonizados pela Europa, a diversidade cultural foi condenada a crime e vinculada ao diabo, figura criada pela cultura cristã e tida como ameaça à Igreja e Estado. "Todas as espiritualidades, práticas e rituais ligados às culturas tanto dos povos originários das Américas, quanto das diversas etnias dos povos africanos escravizadas no tráfico transatlântico, foram julgadas e criminalizadas pelo Tribunal da Inquisição", conclui Rocha. Hoje, no Brasil, a bruxaria está associada à macumba, termo utilizado acerca das religiosidades africanas de modo genérico e superficial.
O período da caça às bruxas foi determinante para redefinir as posições sociais das mulheres, criminalizando as práticas por elas realizadas, assim como as espiritualidades de outros povos, em especial, africanos e ameríndios. Percebemos a complexidade das perseguições a partir de diversas perspectivas -- culturais, sociais, econômicas, raciais -- que se interligam em um contexto mais amplo.
Carolina Rocha nos conta que a figura do mago e feiticeira está presente em todas as sociedades, pois cumpre um papel social, o da manipulação e condução da magia. A diferença para a cultura europeia passa a ser a criminalização desta prática, associando-a à figura do diabo "a partir da tentativa do cristianismo de se expandir pela Europa e fora da Europa". "O diabo não era conhecido por estas outras culturas e povos no século XVI, ele não fazia parte do sistema simbólico, linguístico, cultural dos povos ameríndios e africanos", conta a pesquisadora. Entretanto, ao longo de três séculos de Inquisição, "o diabo passa a estar dentro da mentalidade das pessoas, implantado, como se fosse um chip, sistematicamente ensinado", conclui.
No século XVIII, pessoas tentaram convocar o diabo para saber quem ele era e para que ele possa ajudá-las, gerando testemunhos curiosos: "São processos interessantes, nos quais pessoas estão sendo processadas por bruxaria por duvidarem da existência do diabo", conta Rocha. Ela explica que duvidar da existência do diabo também era crime de fé, porque o diabo é complementar à existência de Deus no sistema operacional cristão". "A Inquisição cria o crime para que ela funcione", completou.
Em Branca de Neve e os Sete Anões (1937), há uma cena da Rainha Má descendo às profundezas do palácio, onde encontra uma sala repleta de livros, um caldeirão, recipientes e poções. Pouco tempo depois, em 1939, Dorothy aterriza em Oz, onde trava uma batalha contra a Bruxa Malvada do Oeste, uma mulher verde, de nariz e chapéu pontudos que também fazia poções mágicas e voava gargalhando em uma vassoura. "A cozinha era poder, não à toa, a bruxa usa um caldeirão, porque significa é autonomia. Lá, nós salvamos, matamos e curamos doenças. Isto foi tirado de nós para entrarmos em uma era de fast food, que nos envenena", analisa Rocha, "É uma perda de autonomia, do cuidado dos nossos corpos".
Historiadora e podcaster, Larocca destaca duas expressões da figura da bruxa, uma analisada a partir dos tratados demonológicos, outra perceptível no cotidiano dos antigos vilarejos. A primeira é objeto da mente de homens letrados, como eclesiásticos, juízes, e padres -- pessoas que tinham acesso a uma educação, escrita e leitura à época: "A bruxa construída por estes homens tem relações sexuais com os demônios, realiza o pacto com o diabo, vai para o sabá, onde ocorreriam orgias e renega a fé cristã, a Deus, e isto é muito relevante", explica Larocca.
Por outro lado, segundo a pesquisadora, há a construção da figura da bruxa “cotidiana”, que estaria presente no discurso de moradores de vilas, cidadelas, associada à ideia do malefício, ou seja, o mal feito a alguém. "É o gado que morre, o leite estragado, uma criança nascida morta, um aborto não pensado, é o olhar da bruxa. São coisas concretas", explica. Em julgamentos, há a fusão destes dois esteriótipos, "potencializando a construção da bruxa, que chega até a gente nos dias de hoje", explica Larocca.
Nos anos 60 e 70, o mundo foi palco de movimentos sociais que desafiaram o status quo. Em 1966, foi fundado o Partido dos Panteras Negras nos EUA, organização urbana combatente da brutalidade policial e da segregação racial, além de promover programas comunitários em busca de justiça. Logo, o movimento feminista entraria na 2ª onda, com força nos EUA e na França. "Há uma disputa cultural acerca das questões de gênero, sexualidade e representação feminina. Isto alcança o plano político na década de 60, com movimento pelos direitos civis, feminista, o movimento gay, que se transformará em movimento LGBTQ+, e o movimento negro", conta Larocca.
Naquele momento, na cinematografia do horror, houve uma maior representação da mulher enquanto bruxa maligna e vítimas de possessão demoníaca em paralelo ao fortalecimento feminista, argumenta Larocca. De acordo com a historiadora, estes filmes tratam a bruxa como antagonista: "São mulheres extremamente poderosas, sedutoras, mas malignas, que têm pacto com o diabo e que fazem de tudo para ter poder, conseguir vingança, juventude. São uma representação do feminismo vista pelos seus detratores e críticos".
Este retrato não é exclusivo do cinema de horror, mas de outros gêneros também: "Há uma disputa de vários grupos para dizer o que é ser mulher, mãe, uma mulher livre e o que é sexualidade", conta Larocca. Estudiosa dos filmes dos anos 60 e 70, a historiadora percebe este fenômeno no cinema de diversos países: "Em A Maldição do Demônio (1960), italiano, e Bruxa: face do demônio (1966), inglês, vemos personagens femininas marcantes. Elas buscam a magia para um bem próprio, são extremamente arrogantes, perversas, machucam inocentes e subjugam homens, transformam-nos em servos, ou amantes".
Apesar de poderosas, ao final, elas são vencidas. Larocca explica que elas são derrotadas por um personagem masculino que subverte a ordem maligna, ou pela contrapartida da mulher boa, a personagem angelical, outro esteriótipo de gênero.
Para Larocca, é importante sublinhar que a linguagem cinematográfica e a dos antigos tratados não é a mesma -- e pensar que ambas são iguais configura anacronismo. Entretanto, ela explica que a bruxa criada ao fim da Idade Média e início da modernidade deixou rastros: "É uma faceta da mácula do mal-feminino ao longo da história. Quando a caça às bruxas declina, outros esteriótipos são encontrados, como o da mulher histérica, frágil", conclui.
Ao observarmos os filmes, tanto das décadas de 60 e 70, percebemos que há ali um recorte nítido de raça, seja a protagonista, ou antagonista, ambas as atrizes que interpretam os papéis são sempre brancas. A indústria cinematográfica de mainstream tem muito evidente para si quais os estereótipos nos quais apostarão seus investimentos visando lucro, o que leva a uma baixa diversidade de narrativas e intérpretes, fazendo prevalecer um discurso misógino e racista na maioria dos filmes.
Como nos lembra Larocca, "o cinema é uma coisa viva e está em constante mudança. Há coisas surgindo que são interessantes". Ao checarmos produções recentes, percebemos que o gênero do horror também pode pautar debates relevantes, como é o caso de Corra!, de Jordan Peele, e Midsommar, de Ari Aster. "São pouquíssimos os filmes que abordam a caça às bruxas. O Caçador de Bruxas (1968), com o Vincent Price, é um dos longas no qual a ótica da perseguição é construída como algo negativo, então, as mulheres perseguidas não são bruxas de verdade. Elas são vítimas na Inglaterra, mas esta ainda não é a regra do jogo", explica Larocca.
O movimento feminista também luta pela apropriação da história das mulheres e da figura da bruxa desde a 2ª onda. Silvia Federici argumenta que a figura da bruxa está em "um campo de batalha" e, para lidar com este embate, é preciso compreender a história das mulheres e, como menciona Larocca, entender que as mulheres são "seres extremamente diversos entre si".
Em O Sabá do Sertão (2015), Carolina Rocha estudou o depoimento de duas mulheres escravizadas, no Piauí colonial, que teriam assumido a participação em um sabá, fato não muito comum em outros documentos brasileiros à época. "O sabá, o encontro coletivo de bruxas, estava diretamente ligado ao conflito de terras. As mulheres acusadas de bruxaria foram usadas como meio para solucionar uma contenda política entre o senhor de engenho delas e os jesuítas, que disputavam terras do sertão do Brasil", explicou Rocha.
De acordo com a historiadora e socióloga, o estudo mostra como "corpos negros, indígenas e femininos foram usados em disputas políticas territoriais de homens brancos no Brasil colonial", danificando assim, os laços sociais entre estas pessoas, especialmente, "desestruturando a magia preta, uma prática de resistência ao sistema escravista no Brasil". Essa é uma das conclusões de Rocha: "Pessoas pretas escravizadas usaram a magia como proteção ao sistema escravista de várias formas: para ajudar na fuga aos quilombos, para matar senhores de engenho, para encontrar o paradeiro dos seus filhos, vendidos separadamente das mães".
Em 2020, a GloboNews apurou os registros de episódios de intolerância religiosa cresceram 21,75% entre 2018 e 2019, só no estado de São Paulo. "Ainda matamos bruxas", afirma Rocha, "Hoje, a religiosidade e espiritualidade de matriz africana continua sendo demonizada. Temos vários processos de intolerância religiosa que, na verdade, é racismo religioso, porque, no Brasil, a intolerância religiosa com as espiritualidades de matriz africana é racismo. As Mães de Santo são chamadas de bruxa".
"O racismo não desaparece quando a genética diz que ele não faz sentido do ponto de vista biológico. Socialmente, ele continua sendo difundido, capilarizado no tecido social e isto tem a ver com dinheiro, mais uma vez", analisa a historiadora. Segundo Rocha, é preciso compreender que a continuidade da criminalização de mulheres e pessoas negras, tem a ver, mais uma vez, com o projeto capitalista que é racista e sexista.
"É isto o que Achille Mbembe chama de necropolítica: uma política de morte que dá lucro ao sistema" e tudo isto configura um ataque à memória destes corpos, já que "magia é memória, é ritualística. Logo, atacou nossa memória, ancestralidade, não temos esta memória da inquisição", explica a historiadora.
Rocha também dialoga com Muniz Sodré para argumentar que, quando um dogma nos é imposto, torna-se germe de violência: "A verdade única não existe, porque as pessoas são diferentes, são múltiplas. Quando tentamos impor uma verdade e há um caráter expansionista, ou seja, de converter outros povos, isto será calcado em violência".
"Nós, pretas e pretos de religião de matriz africana, ou não, somos chamados de bruxas e bruxos", analisa Rocha, "se você sair na rua com sua cultura negra, por exemplo, evidenciada por um turbante, será chamada de bruxa. Para nós, a bruxaria está ligada à macumba, este instrumento, mas que se tornou sinônimo de espiritualidade de matriz africana".
Para a pesquisadora, o que foi considerado bruxaria era, na verdade, "trazer uma criança ao mundo, fazer um emplastro para curar uma ferida, um ritual para haver uma boa lavoura, é poder usar peneira e tesoura para poder saber onde pessoas desaparecidas estão, mascar uma raiz e cuspir no chão para poder aliviar uma dor de dente".
Em 2018, houve um processo a respeito de uma médica que fazia parto humanizado em São Paulo e que foi chamada de bruxa. Quatro anos antes, no Guarujá, Fabiane Maria de Jesus foi tida como bruxa e linchada em praça pública por cerca de cem pessoas, acusada de sequestro de crianças para fazer magia.
Como disse Silvia Federici em uma palestra, "não existiram bruxas, vamos deixar isto bem claro", este nome sequer foi escolhido pelas próprias mulheres. Entretanto, as palavras são vivas e constantemente ressignificadas e apropriadas dentro de movimentos de resistência e culturas.
De acordo com a autora italiana, no continente africano, nos últimos 30 anos, quarenta mil mulheres morreram acusadas de bruxaria, onde as perseguições estão vinculadas ao racismo religioso e rompimento de laços com a terra e conflitos territoriais. Concomitantemente, nestes países, as mulheres se organizam politicamente e questionam relações de poder patriarcais e racistas. Na América Latina, durante os protestos Ni Una Menos [Nenhuma a Menos], contra o feminicídio, as manifestantes gritavam: "Somos as netas das bruxas que vocês não conseguiram queimar".
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