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Está tudo bem em mulheres quebrarem suas guitarras, como mostra Phoebe Bridgers no Saturday Night Live

Quando Bridgers destrói sua guitarra, incorpora uma das metáforas favoritas do rock enquanto a subverte - um clássico Phoebe Bridgers

Angie Martoccio | Rolling Stone EUA. Tradução: Vitória Campos | @camposvitoria (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 10/02/2021, às 17h38

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Phoebe Bridgers no Saturday Night Live (Foto: Reprodução / YouTube)
Phoebe Bridgers no Saturday Night Live (Foto: Reprodução / YouTube)

Phoebe Bridgers concluiu sua performance no Saturday Night Live, 6 de fevereiro, tentando quebrar sua guitarra no palco - final adequado para uma canção folk-rock apocalíptica intensa, “I Know the End”. 

Enquanto Bridgers fazia seu próprio London Calling (The Clash) ao tentar quebrar sua guitarra Danelectro Dano '56 em pedaços, a névoa cercava seus pés e as pérolas em seu vestido balançavam caóticamente para frente e para trás. Como observado, destruir uma guitarra é muito mais difícil do que parece, pois ela continuamente batia com o instrumento em um amplificador antes de jogá-lo no chão praticamente intacto. Foi dramático, inesperado e incrível. Então, naturalmente, a internet ficou brava.

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"Qual a razão desta mulher, Phoebe Bridgers, destruir sua guitarra no SNL?" este tweet gerou uma discussão acalorada no final de semana. “Quer dizer, também não me importava muito com a música, mas parecia demais.” 

Muitas pessoas rapidamente vieram em defesa de Bridgers, incluindo Jason Isbell, ao apontar o valor relativamente barato do modelo da guitarra, cerca de US$ 85. (“Disse à Danelectro sobre minhas pretensões”, respondeu a cantora a Isbell. “Desejaram-me boa sorte e disseram: são difíceis de quebrar.”

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A polêmica foi obviamente exagerada - especialmente considerando a razão de ser desencadeada: uma musicista seguindo o exemplo de muitos homens que quebraram seus instrumentos antes dela. 

Pete Townshend fez isso por acidente no início dos anos 1960 e depois isto se tornou sua marca registrada, dando à Rolling Stone EUA um tutorial sobre como destruir uma guitarra. Jimi Hendrix ficou famoso por ter posto fogo em sua Stratocaster no Monterey Pop em 1967, enquanto Kurt Cobain quebrou guitarras quase com a mesma frequência na qual comia seu macarrão com queijo. É possível esses caras terem recebido alguma reação negativa na época, mas é difícil imaginar alguém perguntando: "Qual o motivo deste homem, Eddie Van Halen, destruir sua guitarra?" com exatamente o mesmo tom condescendente.

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Bridgers apenas pegou uma metáfora do rock clássico e tornou-a sua - algo feito frequentemente ao longo de sua carreira. O traje de esqueleto usado em sua apresentação anterior de "Kyoto" fez sua assinatura no ano passado, foi popularizado pela primeira vez pelo baixista do TheWho, John Entwistle. Quando Bridgers formou o supergrupo indie Boygenius com Julien Baker e Lucy Dacus em 2018, a capa do EP do trio reproduziu a estréia de Crosby, Stills e Nash em 1969, com os três músicos ​​juntos em um sofá. 

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Bridgers tem uma relação complicada com o gênero fora das referências de sua iconografia. Não segurou nenhum soco em seu último álbum, Punisher, no qual derrotou Eric Clapton em “Moon Song” (“nós odiamos 'Tears in Heaven' / mas é triste seu bebê ter morrido”) enquanto cita o nome de seu Beatle favorito (“nós brigamos por John Lennon / até eu chorar”) - e escreve o tipo de canto fúnebre apaixonado responsável por torná-la uma das compositoras mais afiadas de sua geração. Há sentimentos genuinamente mistos por trás dessas falas: “Na maior parte do tempo, odeio rock clássico”, admitiu em 2020. “Mas onde os 'Neil Youngs' do mundo entram, eu adoro isso.”

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Para os fãs de Bridgers, ver seu desempenho no SNL foi como uma nova versão do Super Bowl. Foi seu momento, onde poderia trazer suas preciosidades indie sombrias, além da personalidade inteligente e irreverente para um público maior. Seu ataque à guitarra de US$ 85 fez todo o sentido nesse contexto: foi um ato descarado e engraçado incorporando algumas das tradições mais antigas do rock, embora tenha as subvertido em estilo. Em um episódio monótono (um apresentador incrível como Dan Levy merecia esboços melhores), aquele momento era algo a ser celebrado, não zombado de uma forma abertamente sexista.

+++ PAI EM DOBRO | ENTREVISTA | ROLLING STONE BRASIL