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Exclusivo: coletânea de quadrinhos nacionais explora a diversidade da produção brasileira; veja a capa

O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015 reúne trabalhos de 35 artistas publicados no intervalo de um ano

Ramon Vitral Publicado em 15/10/2015, às 13h37 - Atualizado às 13h55

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Capa da coletânea batizada <i>O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015</i>, que tem ilustração de Luciano Drehmer - Divulgação
Capa da coletânea batizada <i>O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015</i>, que tem ilustração de Luciano Drehmer - Divulgação

O ano de 2015 pode ser lembrado de forma especial dentro da produção de história em quadrinhos no Brasil graças ao trabalho de nomes como Rafael Coutinho, Clarice Reichstul e Érico Assis. Há uma efervescência inédita no mundo das HQs nacionais e a variedade de técnicas, estilos e temas abordados nunca foi tão grande. Para registrar essa agitação o trio concebeu uma coletânea batizada de O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015 (Narval Comix, R$100). Reunindo os trabalhos de 35 artistas ao longo de 298 páginas, o tomo será lançado no Festival Internacional de Quadrinhos, realizado entre os dias 11 e 15 de novembro em Belo Horizonte.

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“Na apresentação desse material de forma conjunta notamos com clareza que é um cenário realmente histórico. Nunca se produziu tanto e em uma qualidade tão alta. Mesmo não tendo dinheiro e mesmo existindo uma clara dificuldade de ser chegar ao público em um país tão grande quanto o Brasil. É um cenário muito impressionante e quando a gente recebeu os arquivos ficou muito claro, foi emocionante de ver. A gente não deve mais nada pra nenhum país. Nossa produção é muito incrível”, analisa um dos editores do projeto, o quadrinista Rafael Coutinho, em entrevista à Rolling Stone Brasil.

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Ao lado de Clarice, Coutinho convidou o tradutor, pesquisador e crítico de HQs Érico Assis para selecionar quais obras deveriam compor a coletânea. Os 33 artistas escolhidos por ele e os trabalhos reproduzidos ao longo de 298 páginas refletem toda a variedade e qualidade ressaltadas pelos idealizadores de O Fabuloso Quadrinho Brasileiro de 2015.

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“Online, impressa, tiras, HQs de uma página, HQs de 300 páginas, de jornal, de livro, de revista. Valia qualquer tipo de HQ produzida e publicada por brasileiros, entre junho de 2014 e junho de 2015”, explica o editor-convidado. Segundo Assis, o resultado final é uma mescla de registro histórico com gosto pessoal: “Por um lado, entendo que o livro precisa representar um ano do quadrinho brasileiro. Por outro, sou um editor convidado para fazer isto por causa do meu gosto particular. Tive que achar um equilíbrio entre o lado ‘gosto pessoal’ e o lado ‘documento de época’. A linha é essa. Se há uma identidade nisso, deixo para os leitores e para os críticos avaliarem”.

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Uma das inspirações do trio foi o projeto The Best American Comics, anuário lançado desde 2006 pela editora norte-americana Houghton Mifflin com a nata do que foi produzido nos Estados Unidos ao longo dos 12 meses anteriores. No entanto, Assis conta também ter buscado outras referências: “Todo mundo meio que conhece o The Best American Comics. Mas sabia que existe, por exemplo, uma coletânea anual do tipo feita na Finlândia? Os espanhóis, que andam em uma fase boa, também fazem umas antologias ‘melhor da época’ de vez em quando. O quadrinho brasileiro está bem no momento de ter um projeto parecido. Uns 15 anos atrás, talvez menos, acho que não encheríamos uma antologia de peso e de qualidade”.

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Na avaliação de Clarice Reichstul, a realidade brasileira quase impôs a existência do álbum: “Se a gente não começa a compilar agora, quando? Vai que explode todos os servidores da Amazon e do Google. E se o Tumblr morrer de um dia para o outro? Se eu fui na feira de quadrinhos independentes lá da esquina e uma fulaninha fez um zine com 15 exemplares e sei lá, vai que a mina é uma gênia. Eu fui até lá, mas você não foi. Poderia acontecer o contrário. Tem tanta coisa acontecendo, tanta gente produzindo de maneira tão fragmentada, que é bom ter algum tipo de registro. Mesmo que seja incompleto, mesmo que seja um recorte. Daqui a vinte anos a gente vai poder olhar para esse trabalho como um instantâneo de um ano”.