"Não gosto muito de filmes de terror, mas este possui uma bela mensagem", afirma o cantor
Na música “King Without a Crown”, o cantor norte-americano Matisyahu não hesita em exaltar sua força capaz de expulsar os mais diversos demônios. Em A Possessão, filme que estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, 2, ele tem a chance de literalmente fazer isso, já que foi escalado pelo diretor Ole Bornedal para interpretar um jovem rabino responsável por um conturbado exorcismo.
“Na realidade, não gosto muito de filmes de terror. Mas acho que A Possessão não apenas é um bom exemplar do gênero como também possui um competente roteiro e uma bela mensagem”, afirma o artista em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil. “O processo todo foi bem simples. Os produtores foram atrás de mim, cheguei lá, fiz um teste com um grupo de especialistas em exorcismo e, no final, eles devem ter gostado”, brinca.
No longa, produzido pelo mestre do horror Sam Raimi (The Evil Dead – A Morte do Demônio), uma estranha caixa que supostamente possui um antigo demônio judaico é colocada à venda por seus proprietários. Sem saber de seu sombrio segredo, uma família compra o objeto e acaba amaldiçoada pela entidade maligna conhecida como Dybbuk. Cabe então ao personagem de Matisyahu desafiar os rabinos mais velhos, que se recusam a enfrentar a situação, para tentar salvar a pequena Em.
“Existe muito de mim no personagem”, conta o cantor. “Misturei muito minha experiência de vida com algumas pessoas que conheci ao longo de todos estes anos.” A pesquisa para o filme também ajudou. “Quis tentar parecer o mais autêntico possível. Pude perceber que a forma como muitos rabinos se portam é muito enérgica, falando alto, quase como se gritassem. Resolvi incorporar estes elementos, imaginando que um exorcista agiria dessa maneira”, diz.
A voz do norte-americano, inclusive, tem destaque no filme. No primeiro momento em que o ator aparece em cena, apenas o ouvimos entoando “Rastaman Chant”, hino rastafári imortalizado por Bob Marley. “Inicialmente eu aparecia apenas ouvindo música, depois dizendo algumas falas que não me agradaram muito. Perguntei se poderia mudar, eles aceitaram e achei que seria uma boa ideia cantar esta música, já que ela também lida com ideias parecidas, uma espécie de reino místico”, revela.
A aventura de Matisyahu pelas telonas é apenas uma pequena demonstração da vontade que o artista tem de se reinventar. Abandonando o tradicional visual ortodoxo que se tornou sua marca registrada, ele entra em uma nova fase também musicalmente, após o lançamento de Spark Seeker. “Agora, com o disco lançado, consigo perceber muitas mudanças. Mudei fisicamente, minhas letras estão com filosofias diferentes, me sinto em uma nova fase”, conta o cantor.
Os fãs brasileiros, que puderam acompanhar dois shows dele, em 2007 e 2010, não devem demorar a conhecer o novo Matisyahu. “Espero ir ao Brasil em breve. Vamos esperar para ver o que vai acontecer.”