“Que legado fenomenal para celebrar”, diz o integrante da banda, que em 2012 fará shows com a presença de Brian Wilson
Apesar de Mike Love nunca ter parado de fazer turnês valendo-se do nome Beach Boys, os fãs finalmente terão a chance de ver os integrantes originais remanescentes tocarem juntos novamente. A reunião marca o aniversário de 50 anos do grupo, e tem turnê marcada para começar abril no Jazz and Heritage Festival, em Nova Orleans. A Rolling Stone EUA falou com Love sobre o marco na história da banda, o disco com faixas inéditas a caminho e como os integrantes têm se relacionado. “Que legado fenomenal para celebrar”, diz Love. “Música tem sido o elemento de harmonia em nossa família desde a infância. É ótimo fechar o ciclo e celebrar. Somos sortudos por podermos fazer isso novamente.”
Essa notícia foi bastante empolgante para os fãs de vocês.
Bom, se você pensar, são 50 anos de "Fun, Fun, Fun".
Foi tudo divertido?
Claro que não. Mas acho que a história do Beach Boys é contada a partir das músicas e do legado para o mundo, não por meio da imprensa marrom. Acho que a história satisfatória é o impacto, o legado da música. É muito legal podermos nos juntar agora e celebrar com quem quer fazer isso conosco.
Como a banda resolveu a questão da realização da turnê?
Pensamos que faria mais sentido que ela fosse realizada no verão. Nosso álbum Sounds of Summer [coletânea de 2003] vendeu três milhões de cópias. Recebeu três discos de platina, o que, como você sabe, é muito bom. E quando à celebração dos 50 anos for finalizada, o álbum provavelmente terá superado essa marca.
Quem foi o primeiro a ter a ideia de realizar a turnê de aniversário? Quem foi atrás de quem?
Todos foram atrás disso. Estou empolgado em me juntar a Brian, compor novamente. Sua natureza musical é fenomenal. Até fazendo vocal de fundo como fizemos em estúdio recentemente... Ele estava apenas sentado no piano, esticando os acordes como ele faz espontaneamente. É incrível. É emocionante porque aquilo era o que costumávamos ouvir dele na época em que éramos mais produtivos, lançando álbuns com frequência. Ele não foi embora. É apenas a natureza. E a minha é do jeito que é, conceitualmente e nas letras. Tem pessoas que são habitantes de estúdios. Eu sou mais habitante de palco e apresentações ao vivo. Eu adoro a coisa ao vivo. Eu gosto da espontaneidade e da recriação daquelas músicas.
A reunião será apenas para a turnê? Ou os Beach Boys estão de volta para valer?
Estamos indo um dia de cada vez, uma turnê de cada vez. Faremos algumas coisas pela Europa, pelo que parece. Até o momento, tratam-se apenas de propostas. Tirando três datas no Japão que já estão confirmadas. O resto é tudo questão de negociação.
Vocês tocarão no Jazz Fest, que é o primeiro show. Vocês cairão na estrada depois disso?
A ideia é fazer quatro ou cinco shows por semana, nas semanas que antecederão a nossa possível ida para a Europa. Gostaria de poder dizer mais sobre o que faremos exatamente.
Imagino que vocês se apresentarão em locais abertos nos Estados Unidos.
Espero que toquemos em locais associados ao verão. Estamos abertos para tocar para quem quiser nos ver.
Como será a banda de apoio?
Brian Wilson tem uma banda incrível. Estamos usando a maior parte da banda dele. E temos na bateria John Cowsill e nosso guitarrista Scott Totten. Estamos meio que misturando tudo. Acho que, musicalmente falando, será incrível.
Como essas apresentações serão diferentes das realizadas nos seus shows com o nome Beach Boys? Como você acha que será o set list?
Pelo que entendo, de alguns promotores e donos de casas de shows que nos querem, querem ouvir muitos hits. Acho que coisas do Pet Sounds e do Smile certamente estarão presentes. Tentaremos incluir no set list todas as fases que integram nosso catálogo porque sei que tem gente que gosta mais de uma fase, outros de outra. Então, tentaremos incluir o pedido de todos. Mas isso seria difícil, a não ser que fizéssemos uma temporada de uma semana no Carnegie Hall. Temos centenas de músicas.
Como está sendo a elaboração do disco?
Ainda não trabalhamos muito nisso. Temos algumas canções compostas e gravamos algumas coisas. Nos próximos dois meses nos dedicaremos mais a isso. Há muita criatividade vindo de mim, vindo do Brian. David Marks tem uma música que eu gosto muito, então trabalharei com ele nisso.
É incrível que David Marks fará parte disso.
Sim! O David é demais. Um guitarrista fenomenal. Quando ele faz aqueles solos em "Surfin'", "Surfin' Safari" e "Fun, Fun, Fun" é tão autêntico. Ele é um músico fantástico e um cara ótimo para estar junto. Ele teve seus problemas com álcool, mas está longe da bebida há pelo menos 10 anos. Será ótimo tê-lo conosco.
Como está o relacionamento entre vocês?
Acho que ótimo. Muitos dos altos e baixos foram resultado da interferência de outras pessoas. Todos estão se dando bem.
O Brian está empolgado?
Não sei, você falou com ele?
Não recentemente. Talvez tenha sido um dia ruim, mas há uns meses eu conversei com ele e ele não parecia tão feliz com a ideia da turnê.
Eu fiquei sabendo disso. Brian vai dizer um dia que sente saudades do Mike e no outro falar: “Não quero nada com esses caras”. Ele tem suas alternâncias de humor, não tenha dúvidas. Mas eu acho que ele está feliz por voltar ao estúdio com as vozes que ele escuta em sua cabeça quando ele elabora a harmonia no teclado.
Tem ideia de quando o álbum deverá ser lançado?
Ainda não. Teremos que trabalhar nele primeiro.
Em algum momento do próximo ano?
Ah, com certeza.